❁ Capítulo Nove ❁

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Sento na mesa com um certo desconforto e coloco um pouco de sopa de ervilhas no meu prato (165), começo a encará-las e fico em uma briga interna comigo mesma pois eu estou desesperada para comer algo.

Quando eu era uma garota normal consumava comer dois pratos de sopa de ervilhas enquanto Tyler me contava como seu dia era chato e eu ria dele comparando nossos dias e planejando um futuro onde ele iria morar comigo e dormiria numa banheira de hidromassagem enquanto eu estaria trabalhando igual uma doida.

"Mia, Daisy fez essa salada (26) só pra você." Jay diz colocando um prato enorme de alface na minha frente, ai já é jogo baixo.

"Aprecio o que você fez pra mim Daisy mas eu realmente comi muito no colégio e estou cheia." Menti.

"Mia você não está mais comendo nada, querida, você precisa se alimentar não pode ficar simplesmente sem comer." Jay fala sem elevar a voz.

"Eu já disse! Eu já comi! Não preciso que fiquem enfiando mais e mais comida em mim! Não sou um boneco onde as pessoas me entopem de comida!" Eu falo alto irritada.

"Mia..." Jay fala mas eu não ligo.

"Desculpe, eu perdi o resto de fome que eu tinha" Falo me retirando e vou ao meu quarto.

(...)

Sai para correr enquanto ouvia música, eu iria dar meu máximo hoje, eu não ia desistir da minha meta.

Cinco horas, seis horas, sete horas, oito horas, nove horas, dez horas.

Cheguei em casa e fui logo me empanturrando de água para meu estômago não pedir comida e fui dormir, todos já estavam dormindo então não me importei em fazer mais algumas flexões.

Entrei no banheiro e subi na balança. Quarenta e sete quilos o visor me mostrou, eu me sinto tão leve agora! Estou explodindo de felicidade, mais uma meta vencida.

(...)

Eu me distanciei de todos, eu não fazia parte daquela família.

Um mês já havia passado, eu só ia pro colégio fazer as provas e assistia às aulas raramente, ninguém se importava mesmo.

Eu tinha acabado de chegar da última prova do colégio e agora teria quinze dias de férias, estava planejando visitar Tyler. Comecei a finalizar uma anotação de literatura quando a porta da sala abre e vejo Louis. Espera, Louis?

"M-Mia?" Ele solta as malas no chão automaticamente assim que me vê... Espera, ele estava desapontado? "O que você fez?"

"Oi pra você também." Falo voltando a minha anotação.

"Mia eu vim pra casa correndo e por que você fez isso? Você não sabe o quanto eu estava preocupado com você! Eu pensei que iríamos te perder!"

"Você está exagerando!" Grito e ele vem até mim me puxando pelo braço e me colocando na frente de um espelho.

"OLHE PRA VOCÊ MIA! OLHE PRA VOCÊ! EU NÃO QUERO TE PERDER!"

"Eu estou bem." Falo quase em um sussurro.

Eu estou congelada, ninguém irá conseguir me aquecer.

"Minha mãe estava certa, ela não consegue mais olhar para você, ninguém consegue! É doloroso demais!" Ele fala chegando mais perto de mim

"Onde está aquela garota divertida que eu conheci? Eu quero, eu preciso dela de volta."

Ele implora para mim, eu sei muito bem o que ele está implorando, ele quer que eu coma, ele quer que eu fique gorda.

"Não fale assim..." Sussurro, eu me sinto humilhada, ele está me culpando por algo que eu precisava fazer, eu quero ser magra, eu quero ser magra.

Eu preciso ser magra.

"Saiu uma matéria sua hoje nas revistas de todo o mundo, está todo mundo falando sobre você e sua obsessão. Mia você tem anorexia."

"PARE DE SER LOUCO! ANOREXIA? ME POUPE!" Ele estava falando que eu tinha anorexia? Ele era louco?

Todos falam isso só para assustar as pessoas que estão procurando o peso perfeito, ele nunca vai entender pelo o que eu passo, eu dei duro pra conseguir o meu peso e pretendo perder mais.

Louis parou por um tempo, ele me analisava como se eu tivesse algum problema, seus olhos estavam marejados e vermelhos, sua voz estava muito rouca como se ele tivesse gritado por muito tempo e sua expressão era de dor, nossas conexões são distantes, ele não pode tentar sentir o que eu sinto, eu não irei congelá-lo.

"Não tente esconder, eu só quero seu bem!" Ele tenta se manter calmo. "Daisy estava certa quando mandou um áudio chorando para mim, você precisa de ajuda, nem que essa ajuda seja interpretada mal por você mas está confundindo as coisas."

"Você quer que eu fique gorda!" Admito e ele abaixa o rosto fungando, seu choro era perceptível.

"Mia por favor eu quero o seu bem, eu quero que você fique viva."

Você não pode me descongelar e eu não quero que você congele comigo.

Eu o abraço e ele chora mais enquanto aperta minha cintura.

"A culpa é minha, Mia por favor deixe-me te ajudar eu não consigo viver com isso, eu não consigo viver com o fato de que eu causei isso com você."

"Louis você não fez nada" Falo sentindo minha visão fechar e eu involuntariamente sorrio, não sei por que isso aconteceu mas era como se um peso tivesse saindo de mim, quero estar livre, preciso estar livre, estou livre.

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