Aluga-se uma família

II

Giovanna esperou apenas três segundos depois que Rodrigo e Alessandra sairam para se virar contra Alexandre - Que merda foi essa? - Ela perguntou com raiva - Nós casados? Em que planeta você acha que está tudo bem ficar falando isso para seus amigos?

Nero respirou fundo e desviou o olhar - Ué era a melhor saída no momento, foi só uma mentirinha... Não pensei que acabaríamos fazendo planos para o jantar

Giovanna revirou os olhos e voltou a empurrar o carrinho para frente, querendo evitar ter que ficar olhando para ele por mais tempo do que o necessário no meio do corredor. Pegou o leite quase o arremessando no carrinho - Sim, aparentemente temos planos para o jantar agora, espertinho. Como você acha que isso vai funcionar?

- Eu só... - Alexandre suspirou - Rodrigo foi meu amigo quase toda a minha vida e você não sabe como é ter que lidar com aquele olhar me julgando depois de todos esses anos de novo. Isso só me fez querer provar que ele está errado

- Também odeio ver meus antigos amigos vivendo melhor do que eu - Giovanna revira os olhos e abre um leve sorriso - Mas da próxima vez você que convide a ruiva água de salsicha para jantar e fingir ser sua esposa

- Giovanna você sabe que aquela ruivinha é só aventura, mulher para casar é só você - Alexandre zombou imaginando se Giovanna ficava com ciúmes do desfile de mulheres que ele proporcionava

- Você é um péssimo mentiroso. Talvez devêssemos ir hoje à noite para que eu possa ver você se enrolar e perder esse joguinho que inventou na sua cabeça - Giovanna falava enquanto andando para o corredor seguinte para pegar um macarrão

Só havia uma razão pela qual ela permitiu que ele a usasse naquele momento, e foi porque ela viu o medo puro nos olhos dele quando ele disse que realmente não queria ver aquelas pessoas. Um sentimento que ela entendia muito bem, ou não teria mudado de cidade, ou não lutasse todos os dias para se estabelecer sozinha depois de ser julgada por todos ao ser abandonada pelo pai de Pietro

Afinal Alexandre se ofereceu para ajudá-la com o filho, então uma mentira em um corredor de supermercado seria uma boa retribuição. Claro, agora as coisas estão ficando fora de controle

- Por que você acha que eles te julgam? Eles parecem pessoas legais. Eles provavelmente não se importariam se você contasse que está dormindo com o Rio de Janeiro inteiro e que está tentando me colocar na lista

Alexandre arqueou uma sobrancelha enquanto ela parava para pegar uma caixa de fraldas na prateleira - Estou conseguindo te colocar na lista?

- Você está me seguindo pelo supermercado segurando meu bebê. Meia hora atrás você estava dando seu número para uma mulher na calçada. Isso te leva para qualquer lugar, menos para a minha cama - Giovanna revirou os olhos com desgosto

- A esperança é a última que morre - Alexandre suspira e volta sua atenção para Pietro quando o menino faz barulho e Giovanna olha para o filho também. Ver o sorriso gentil de Alexandre com seu filho é quase o suficiente para perdoá-lo por tudo que ele já fez e está fazendo atualmente

De alguma forma, ele é incrivelmente bom com o filho dela, e isso quer dizer alguma coisa, porque Pietro normalmente não gosta das pessoas até que as conheça há algum tempo. Mas Alexandre ele se apaixonou no primeiro instante

- Acho que fiquei um pouco envergonhado pelo fato de ele ter arranjado uma família e estar obviamente bem de vida, enquanto atualmente estou me afogando em dívidas, dormindo por aí e bebendo até dormir na maioria das noites

Giovanna levanta as sobrancelhas e acena com a cabeça - Entendo

Ela se virou para o carrinho e desceu o corredor para pegar alguns lenços umedecidos. A honestidade dele era real e ela ficou um pouco abalada com isso, porque normalmente ele era muito diferente. Um mentiroso patológico, ela diria