Alexandre temeu esse momento durante toda a viagem até a cidade natal. A placa de Morretes estava exatamente como estava quando ele saiu, empoeirada na beira da estrada desejando boas vindas a todos. O homem fez uma careta no segundo em que viu a maldita coisa e sua língua acaricia a ponta afiada de seus dentes. Ele apoiou o braço esquerdo na janela e manteve a cabeça nele, usando o direito para manter o carro em movimento constante
Não fala com Giovanna fazia várias horas, e ela também não disse uma palavra, exceto quando precisava parar para poder trocar Pietro em algum posto ou durante a breve parada do almoço para escolher a comida
Voltar para casa não estava em seus planos de Natal. Ele ficaria igualmente contente em seu apartamento, bebendo e assistindo filmes de Natal até às três da manhã. Mesmo amuado e se lamentando, era como ele teria preferido passar essa semana
Em vez disso, ele estava prestes a ser bombardeado com seu passado, memórias que ele preferiria esquecer, atacando-o a cada momento. A cidade era pequena, o que significa que eventualmente sua irmã Ana saberia que ele estava aqui, isso se ela já não estivesse na lanchonete onde Rodrigo disse que os encontraria para jantar
Alexandre soltou um suspiro reprimido ao avistar as primeiras casas. Não deveria se sentir tão pressionado assim, porque ele tinha um plano. Ele tinha Giovanna e Pietro aqui com ele, e eles têm uma história muito boa para contar e era só durante a semana. Eles só vão mentir durante uma semana e ele nunca mais terá que voltar
Alexandre olha para Giovanna, que dobra as pernas enquanto se senta no banco do passageiro. Ela se inclina contra a janela, mexendo nervosa na aliança de casamento em seu dedo
- Vai ser divertido, eu acho - Alexandre olhando para frente - Muitas tradições locais e coisas do gênero. Normalmente a Prefeitura tem uma enorme árvore de Natal na frente e, na véspera de Natal, as crianças da paróquia se reúnem e cantam canções
- Quantas pessoas vão querer seu autógrafo? - Giovanna pergunta com um pequeno sorriso nos lábios
Ela estava claramente brincando com ele, seu sorriso criando linhas de riso em seus olhos, e Alexandre ri. Ela se junta a ele, com uma risada suave e uma surpresa agradável, depois de todo o tempo que passaram sentados em completo silêncio
- É difícil dizer - Ele diz honestamente - Eu não sou algum tipo de... celebridade da cidade, se é isso que você está pensando. Eu estive fora por um tempo. A maioria das pessoas que vivem nesta cidade ficam aqui a vida toda ou no máximo vão para Curitiba
- Acho que isso faz sentido
Alexandre consegue respirar sem engasgar enquanto olha para os lugares que frequentou quando o carro passeia pelas ruas da cidade
Ele sorri enquanto passam pela escola - Foi aqui que eu estudei, a única escola da cidade - Alexandre nem percebe que tem aquele tom de voz monótono de guia turístico
- - E à sua direita podemos observar uma árvore de mais de 75 anos - Giovanna sorri zombando do homem a seu lado - Vamos, finalmente estamos aqui, agora fala sobre algo que a sua esposa deveria saber sobre essa escola. Você tinha amigos ali além do Rodrigo e da Alessandra? Quem foi que te jogou na lata de lixo para você ter essa cara eterna de cachorro que caiu da mudança? Você já colocou suco de uva na caixa d'água e ficaram sem aulas por um mês?
- Que tipo de escola você frequentava? Aqui era normal... De qualquer forma todo mundo era meio que obrigado a conviver e ser amigos, e éramos civilizados então nunca fizemos isso - Alexandre balança a cabeça imaginando como estariam seus amigos de infância - Tinha o Rômulo que ficou bem próximo de mim e do Rodrigo nos últimos anos, eles ainda devem ser sócios... A Vanessa ainda deve morar aqui na cidade, capaz de ainda estar ali trabalhando, sempre sonhou em ser professora, tinha o Serrado também, nessa época ele era bem legal...
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Aluga-se uma família
عاطفيةQuando Giovanna aceitou a ajuda de seu vizinho irritante a última coisa que imaginou é que acabaria fingindo ser sua esposa