Park Seonghwa, point of view.
Sangue.
Era a única coisa que o rapaz avistava quando se permitia parar para respirar, seu braço pingava o líquido denso por conta do ferimento recente, e ele nem ao menos se lembrava onde conseguiu tal feito. Seus olhos se embaçavam como névoa, não sabia mais quanto tempo conseguiria seguir sem comida, a escassa quantia de mantimentos que conseguira arranjar no que restara de um mercado não havia durado mais de uma semana. E agora no quarto dia consecutivo se alimentando basicamente do que sobrou de uma barrinha de cereais ele se via prestes a perder a consciência.
Os sons guturais¹ das bestas famintas se aproximavam, o que indicava que o bando já havia encontrado a localização do rosado que permanecia agachado ao lado de uma caixa de correio desgastada, tentando normalizar a respiração e lutando mentalmente para não desmaiar ali, à mercê da sorte.
Mesmo que com pouquíssimos mantimentos, o peso de sua mochila parecia dez vezes pior, fazendo o rapaz ofegar baixinho por sentir-se sobrecarregado. Com os últimos resquícios de sua vontade por viver ele se levantou, vendo os mortos vivos dobrando a esquina perto de si e em questão de segundos avistando o corpo pequeno do rapaz que logo se pôs a correr.
Implorou pra que se Deus o estivesse ouvindo, dar uma segunda chance e que ao menos ele conseguisse chegar na loja de conveniência avistada a uma quadra de distância. Apertou o ferimento com a mão livre, mordendo os lábios no instante em que um gemido de dor se formou em sua garganta.
Aquilo era ruim, bem ruim.
Tentando fazer com que seus pés o obedecessem pelo menos uma vez ele tentou correr mais rápido, o que aos olhos de quem o visse não aparentava ser mais do que um arrastar de pernas desengonçado e lento. Implorando a todos os deuses que se lembrava o nome e ignorando a dor que começara a se formar em sua panturrilha sem motivo aparente ele correu mais, sentia o suor lhe escorrendo pela testa e seu cérebro parecia prestes a desligar até que finalmente seus dedos encontraram a superfície lisa da porta.
Em uma última tentativa de salvação e torcendo para que a porta não estivesse trancada ele empurrou o próprio corpo para dentro do estabelecimento, caindo logo em seguida por toda a fraqueza tomando conta de suas pernas e não notando os três pares de olhos virados para si.
— Merda, mais essa agora? — Um rapaz ali resmungou entredentes, apontando para a porta com a cabeça e se levantando junto de outro garoto mais baixo para arrastar o corpo agora inconsciente até o canto das prateleiras.
— Kim, não aí fique parado, não está vendo que ele tá sangrando? — O ruivo levantou o olhar para o líder do grupo, até então parado no mesmo lugar ao que observava a figura até então desconhecida.
Apenas bufou, pegando um pouco de água e procurando por algum pano limpo enquanto resmungava sobre ter falta de sorte.
— Coitadinho... Ele está péssimo, posso até mesmo ver as costelas dele, a quanto tempo você não come, hein? — Perguntou mais pro rapaz inconsciente do que pros dois mais velhos o encarando. Precisamos levá-lo pro Yunho logo ou ele…
— Sei que ama bancar o defensor dos inocentes e necessitados, mas saímos em busca de suprimentos Wooyoung e não para voltar com mais uma despesa. Você limpa os ferimentos com o que temos, deixamos uma garrafa de água, alguma comida e depois vamos embora.
— Não pode estar falando sério. — O ruivo se levantou exasperado olhando na direção de seu namorado esperando que ele o ajudasse a convencer o outro. — Hongjoong ele nem ao menos consegue andar!
— Calma Woo… — O outro rapaz pede, tentando se aproximar do garoto que apenas o encara jurando silenciosamente que se ousasse chegar mais perto seria o próximo desfalecido² no piso de mármore.
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𝗦𝗔𝗟𝗩𝗘𝗭𝗭𝗔 - ꜱᴇᴏɴɢᴊᴏᴏɴɢ ᴠᴇʀ.
FanfictionFicção, criação da imaginação, algo que se pauta em elementos ou personagens irreais. Fantasia. Mas e se por conta de um erro de laboratório a maior destruição do mundo, antes considerada apenas uma ficção, fosse criada? Até porque a imagem de zumbi...