Madeira

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"Um dos maiores nomes da música clássica brasileira esgota teatro em apresentação depois de uma turnê fora do país.

O pianista Pac Tazer Wagner uma das revelações da última década, se apresentara essa semana no Theatro Municipal de São Paulo. Com apenas 27 anos ele já se apresentou nos mais importantes palcos do mundo inteiro, e após volta ao país abre concerto em um dos mais importantes eventos da música brasileira."

Fit largou o jornal no balcão, voltando a trabalhar na peça de madeira na sua frente depois de ajustar seu aparelho auditivo. Podiam o chamar de antiguado, mas não existia nada melhor do que o papel físico em suas mãos. Além de tentar fazer aquelas palavras-cruzadas complicadas que não faziam sentido logico.

E outra, depois de terminar de ler, podia sempre estender o papel e sua bancada para não manchar de verniz que passava na antiga viola de um se seus clientes.

Se um luthier não era nada fácil, além dos conhecidos técnico que precisava ter, era muito importante o carinho que tinha com os instrumentos. Não eram só pedaços de madeira, era historia de alguém. As marcas e lascas eram especiais de alguma forma.

Tal como toca música era uma arte, consertar instrumentos também era.

Era meio irônico como Fit usou suas mãos uma vez para ceifar a vida de pessoas quando estava alistado no exército estadunidense e agora consertavam a alma de músicos. Ele estava a tempo o suficiente para saber que os instrumentos eram uma extensão ao corpo deles.

"Eu não quero um violão novo! Eu quero o meu violão" lembrava de uma criança gritar, e olha que a mãe iria comprar o mesmo violão, mas só que novo.

Ainda terminando de pintar a viola caipira que chegou em suas mãos, Fit ouve a campainha de seu ateliê tocar

— Tubbo abre o interne fone!- essas era uma das vantagens de ter um aprendiz pensou.

Fit terminou a peça e foi auxiliar Tubbo, apesar de ele esta dominando muito bem na parte técnica, ainda estava aprendendo a lidar com os clientes. Tubbo era um talento sem dúvidas, em poucos meses ele fazia o que Fit demorou um ano para aprender.

Tubbo era seu vizinho a um ano atrás. Um garoto de nem vinte anos com uma filha pequena que tinha assumido a guarda quando seu irmão morreu que parecia completamente perdido, como não parecia como era. Fit praticamente adotou quela garoto, com a desculpas que seu filho, um pouco mais velho, queria uma amiguinha pra brincar.

Ainda se lembrava as batidas desesperadas de Tubbo em sua porta no meio da noite. Ele tinha Sunny nos braços, ela tossia repetidamente e tentava puxar s ar pelos pulmões.

"Ela ta assim a 10 minutos, parece que não ta respirando direito. Eu não sei o que fazer", Fit pegou a carteira e a chave antes de acordar Ramon para irem no hospital.

Quando chegaram na emergência, Fit pegou ela nos braços e correu para os médicos que levaram Sunny para dentro do interior do hospital. No saguão, Fit segurava a mão de Tubbo apreensivo nas primeiras horas. Era agoniante não ter reposta. E quando a médica veio contar que a pequena provavelmente uma crise de asma, Tubbo quase desmaiou.

Por sorte eles tinha chegado na emergência a tempo e só passaria a noite no hospital em observação por garantia. E no dia seguinte iria consultar uma especialista para ter certeza.

E agora Tubbo tinha virado seu aprendiz na carpintaria.

— Deixa que eu assumo, pode terminar o que tinha te pedido- disse para Tubbo antes da porta abrir.

Melodias-HideduoOnde histórias criam vida. Descubra agora