Erros Fatais

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Jeon Jungkook tinha um segredo...

E esse segredo o acompanhava para onde quer que fosse. Às vezes era pálido e distante contra o céu de sua consciência, e Jungkook quase conseguia esquecê-lo, eram os dias em que era mais produtivo. Ele participava das reuniões de sua empresa com entusiasmo, avaliava propostas e apresentava metas de crescimento com o vigor que tinha o colocado na lista de CEOs mais bem-sucedidos do mundo com apenas 28 anos.

Mas o segredo sempre estava lá e, inevitavelmente acabava crescendo até inflar-se, prateado e luminoso, um farol aceso que colocava todas as ações de Jungkook sob outra luz. Nesses dias, ele ficava distraído e se sentia como um ladrão, roubando a verdade de todos e esperando que seu segredo minguasse e tomasse menos espaço de sua mente e coração.

Depois de uma vida guardando o segredo, ele conhecia o ciclo. Ainda assim, não deixava de apavorá-lo. Talvez por isso gostasse tanto de ser CEO, havia algo tranquilizante em saber que ao menos naquele âmbito ele podia controlar o destino.

Do alto do oitavo andar do prédio da Magic Shop, no coração de Seul, Jungkook estava acima do seu segredo mesmo que todas as noites, ele o observasse com um olho brilhante.

Não que a vida de CEO fosse fácil, e nunca isso era tão claro quanto nos momentos em que ele tinha que avaliar o rendimento trimestral da cadeia de lojas. Os números eram frios e objetivos em sua planilha, soldados esperando por ordens de seu general, mas a maior qualidade e, em alguns casos, defeito do jovem CEO era que para ele nunca seriam só números.

O número que estava pintado de vermelho, representando um rendimento abaixo das metas de vendas para a filial de Busan, também representava o rosto confiante de Lee Taemin, gerente que tinha assumido controle da loja após Jungkook demitir o ex-dono que gritava com os funcionários. Ele respirou fundo, deixando o cursor pairar por cima do número por alguns segundos. Enquanto em sua mente, soava a voz de seu pai inflexível e fria como um pedaço de ferro.

'Você tem o coração mole. Homens de negócio são animais, e você tem que ser um predador.'

Ele sabia bem o que o pai teria feito com Lee Taemin e a loja de Busan. Tinha sido aquele tipo de atitude que fez Jungkook, assim como sua mãe, abandonar o pai e passar a ser dono de sua vida. Também era aquele o motivo de seu segredo, mas não gostava de pensar naquilo, naquele momento, ele tinha que pensar em Lee Taemin.

Jungkook mordia os lábios com tanta força em sua preocupação que com uma fisgada de dor uma gota de sangue surgiu em seus lábios. Ele os lambeu num reflexo, sentindo o gosto metálico em sua língua, e apanhou um lenço de papel.

Ele estava limpando o sangue quando a porta do seu escritório se abriu, fazendo com que o burburinho do restante do andar penetrasse pela abertura de vidro e mostrasse a figura esbelta de Park Jimin.

_Ahá! Sabia que você estava aqui. -ele cobriu o rosto com uma mão, fazendo uma careta- Como é que você consegue trabalhar com esse espetáculo da natureza que está acontecendo bem atrás de você?

Jungkook estava de costas para o pôr do sol, tão absorto na narrativa que os números de sua planilha contavam que mal havia percebido o reflexo da luz, mas assim que Jimin falou ele notou sua postura curvada sobre a escrivaninha, o nariz quase tocando a tela. Jimin tinha jeito para apontar todos os maus hábitos que Jungkook mal percebia. E essa era a graça de uma parceria que já se estendia por cinco anos.

_Jiminie o que eu faria sem você?

_Provavelmente venderia artesanato na praia. -Jimin pegou os óculos, que Jungkook quase nunca usava, de cima da escrivaninha e colocou sugestivamente ao lado do computador.

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