-filha....
Abro o olho lentamente e consigo sentir o peso da mão da minha mãe na minha barriga e seus olhos grudados em mim, bem inchados inclusive. Fico enjoada de saber que estava chorando por mim, o afeto da minha mãe me incomoda demais, não sei porque, eu simplesmente não gosto, sei que deve ter algum sentido pra isso, mas não quero fazer terapia pra reviver tudo oque passei, eu só quero sair do meu passado. Eu amo ela, sou grata por tudo oque aceitou passar porque me ama, todos os sacrifícios que fez pra mim, mas... não quero entender, de verdade.
-oi mãe (DIGO COMO UMA DESCULPA, MAS TÁ SE CULPANDO DEMAIS PRA PERCEBER, E ISSO ME DEIXA MAIS ENJOADA).
-Mel...(CHORA SE RENDENDO A SUA DOR EM MINHA BARRIGA).
Eu respiro fundo me detestando por sentir oque eu sinto quando sinto os seus sentimentos, e estou me segurando muito pra não revirar os olhos. Ela não tem o que me dizer mais, também sabemos que qualquer coisa que me dissesse não iria resultar em nada, já estivemos aqui antes.
-vou chamar algum médico (LEVANTA ENXUGANDO OS OLHOS).
Quando ela levanta sinto que eu devia dizer algo para confortá-la, mas não tenho o que dizer, e qualquer coisa que eu dissesse só para confortá-la, não seria honesto da minha parte e eu odeio confessar isso, mas é verdade. Observo ela fechar porta enquanto saí, respiro aliviada olho ao meu redor. E tá como da última vez, me mexo para me sentar na cama, mas, estou com duas bolsas de sangue tomando sangue na veia então me deito de volta, me pergunto quem é o doador, já que o meu sanguíneo é igual a do meu pai e não da minha mãe, e o sanguíneo do Tony não é compatível ao meu, nem o do Léo. Será que foi da Nick? Será que todo mundo sabe? não! minha mãe não faria isso, ela não fez da última vez, e o Tony? como ele deve estar? deve tá se sentindo arrasado, droga. Gosto do jeito do Tony de não ser tão intruso de respeitar meu espaço, e o fato dele ser compreensível a este nível me faz sentir na obrigação de dar alguma satisfação, mas provavelmente eu não vou.
-oii Melissa, teve sorte de novo, e conseguiu um doador de sangue (DIZ O MÉDICO TIRANDO UMA CANETA COM LANTERNA E ACENDENDO VINDO EM MINHA DIREÇÃO) abre o olho por favor? (ELE EXAMINA OS MEUS DOIS OLHOS).
-sorte? (NÃO CONSIGO SEGURAR A IRONIA).
-aceite o clínico psiquiátricos menina, é muito egoísmo da sua parte, não faz nada de esforço pela sua família, sua mãe (APONTA PARA PORTA COM A CANETA) está sempre acordada quando eu venho te examinar, nunca vai para casa, e quando o namorado dela chega aqui, não tem quem não olhe no corredor de tanto que ela chora, isso é a coisa mais humilhante que eu presencio aqui, se não quer fazer isso por você, faça por ela.
-oi (A PORTA É ABERTA) posso entrar?.
Ah não.
Edward está aqui segurando flores e com curativo na veia, no meio do braço, ele foi o doador de sangue.
-pode é claro eu já estou de saída (DIZ O MÉDICO) daqui meia hora não vai precisar mais disso (SE REFERE AO BOLSA DE SANGUE).
Legal, agora eu acho que deu uma satisfação para o Edward também, na verdade não devo não, não sei nem o que ele tá fazendo aqui, mas também não queria que ele soubesse de algo tão pessoal assim ele pode acabar ferrando tudo, principalmente entre eu e meu irmão.
Mas não tem justificativa pela forma que me tratou, ele pode ser o fudido que for, mas não tem.
-trouxe flores para mim?.
Depois de ter sido um idiota comigo?
Ele entendeu o que eu quis dizer mas não tô acreditando que ele está sem reação e não me atacando, mas ele merece.
-deixa para próxima quando for o meu funeral.
-me desculpa (ELE COLOCA A FLOR NA ESTANTE DO MEU LADO) é para você se caso querer.
-ta de brincadeira, o que você tá fazendo aqui? Faz isso pra todas?.
-Fui eu quem trouxe para cá (DIZ ELE CONFIANTE VIDRADO EM MIM).
Está me avaliando, avaliando como vou reagir. Esperto porém usa toda sua sabedoria para usar contra alguém ao seu favor.
De repente aquilo falha com minha boca, eu não querendo que ele nem me visse no quarto de um hospital, e ele me viu em uma situação pior, muito mais íntima do que eu imaginava, ninguém nunca me viu... daquele jeito, e o pior, é que eu nunca precisei de bolsa de sangue, só de soro. Não sei o quão sério isso foi. Mas não quero perguntar isso pra ele, eu não quero que ele veja e nem saiba de mais nada. Engulo em seco mas não posso demonstrar em meu rosto que penso, não na frente dele.
-não tá vendo que eu já tô bem, pode ir embora.
-não, você não está bem, você teve queda de pressão arterial, você teve uma confusão mental e ficou inconsciente, você perdeu um litro de sangue e por algum milagre temos o mesmo tipo sanguíneos (ME ATACA PORÉM PROCESSANDO O QUE DISSE E DIZENDO COM CUIDADO COMO SE FOSSE DA CONTA DELE).
Sei que deve estar sendo difícil para ele processar tudo que viu, mas ele não merece minha compreensão e preciso manter longe pessoas como ele.
-não pedi que fizesse nada por mim até preferia que não fizesse (CUSPI AS PALAVRAS EM SUA CARA).
-eu não sabia que tinha depressão (DIZ COMO SE TIVESSE SE DESCULPANDO).
-você acha que é o sabidão que sempre sabe tudo sobre tudo e todo mundo mas não sabe (MEUS OLHOS ENCHE DE LÁGRIMA) imagino que deve estar sendo chocante para você descobrir isso agora, se é que percebeu.
-me desculpa (DIZ COM MAIS PERSISTÊNCIA).
-isso funciona? Com todo mundo para você, né? Mas você não é diferente de ninguém só porque é rico e bonito, e eu pouco me importo com você não cheira e nem fede em minha vida, isso sim deve ser um choque para você, não é? Descobri que não é idolatrado por todo mundo.
-é, você é rara em muitas coisas Minaker (DIZ FIXADO EM MEUS OLHOS).
Não sei porque, mas isso soa mais intenso do que muita coisa em que já senti, talvez eu não consiga distinguir meu sentimento mais, não sei mais o que sinto, não sinto nada, literalmente. Tento mexer no pé, mas não consigo, nem minhas pernas.
-está anestesiada, teve que tomar ponto ontem (ENGOLE SECO).
Talvez tenha sido demais para ele, ele está quieto em tudo que eu digo, e sendo compreensivo, oque é mais estranho.
Não quero pensar por esse lado, ele não merece minha compreensão, mudo de assunto.
-como você sabe?
-não foi trabalhar ontem, fiquei aqui com você.
-por quê? Por que tá fazendo isso por mim?
-por ter sido minha culpa, e eu consigo arcar com minhas consequências, e não tem nada o que você diga que vai me convencer a não fazer nada por você até que eu me sinta bem.
-entendi, por você, epara que se sinta bem né? (Pulou a sobrancelha como se dissesse "grande coisa") não foi para sua causa, não é nada para mim lembra? Pode ir embora.
-olha aqui não vou deixar você ser uma mimadinha e me tratar mal, vou ficar aqui eu já disse isso e se ficar me irritando para mim ir embora vou ligar para o seu irmão e dar notícia para ele, tim-tim por tim-tim E aí você vai ter que dizer muito para ele e sei que não quer, então você quer que eu vá embora logo? Então melhore.
Ficamos nos olhando processando E analisando a reação dos dois.
-.... tá, agora me dá licença que eu vou no banheiro (APONTO PARA PORTA).
-e vai como? com as pernas?
-engraçadinho.
Apoio uma mão em cada lado do apoio da cama pra me sentar, mas sinto minhas pernas pesadas demais, Ah entendi o que ele quis dizer... Agora mesmo ele está me olhando com quem diz que tem razão, mas no fundo de seus olhos esbanja pena como o da minha mãe.
-não preciso da sua ajuda (DIGO COM GENTILEZA).
Mas ele sempre ignora tudo oque digo então não teria a menor chance de me escutar, ainda mais agora como uma aleijada. Queria tanto dizer que não dependo de nada e nem de ninguém pra nada.
Sua mão agarra meu braço por baixo do sovaco, e a outra em minha cintura.
-tem aquela cadeira que é própria pra isso mesmo (DIZ ELE CONSTRANGIDO).
Me impressiona qualquer reação dele que não seja ignorância, até parece gente e não um escroto. Olho para a cadeira de roda que tem uma tampa de vaso sanitário, eu não consigo imaginar inúmeras pessoas que já usou ele.
-não, não quero fazer xixi ali, credo.
-imaginei (QUASE NÃO SORRI).
Fica melhor assim... sorrindo ele me olha desfazendo seu jeitinho otimista, e me avalia, em cada parte do meu rosto, eu não gosto de contato visual, mas, também não consigo parar de olha-lo, não com ele me olhando, e tenho que confessar que de pertinho ele é tão lindo, muito parecido com o Lucas, será que é parecido com o irmão? Oque ele deve ter passado com a decisão de assumir a guarda do pequeno? Como deve ter sido? Acho que era novo demais pra continuar agindo como um adolescente de dezessete anos em reuniões de família. Eu dei um tapa nele, e agora estou envergonhada diante desse olhar que convence qualquer um de que ele é inocente na história. Ele olha pra minha boca.
-...porque? (PERGUNTA CONFUSO) oque te fez... chegar a esse ponto (PERGUNTA LENTO COM TODO CUIDADO, PARECE ATÉ QUE TÁ DOENDO NELE TAMBÉM).
compreensão da parte dele? Uau, ele deve se questionar muito mesmo pra ter a coragem de enfrentar seus orgulho, é claro que não importa como ele age, sempre consegue oque quer, mas comigo não, não essa resposta que tanto quer.
Eu só consigo balançar a cabeça em negação, eu sei que pra ta doendo nele é porque está incomodando mesmo, mas, vai ter que viver com isso, não vai mudar nada não contar sinto meu braço ser preso com duas mãos forte, meus calcanhar também e eu não consigo me soltar.
Edward tira a mão do meu joelho assim que eu me puxo do seu toque. Ele me olha sem reação, como se não entendesse a minha reação de seu toque, deve ser por isso que deve está me olhando e olhando pro meu joelho como se visse algo estranho. Droga.
-não põe a mão em mim, por favor (DIGO COM DIFICULDADE).
Seus olhos se mexem, não para em nenhum lugar fixo, lágrimas acumuladas fazem seus olhos brilharem de dor. Ele se senta no pé da cama, perdido em pensamentos.
-me desculpa, mas, você precisa me dizer, e eu quero está muito errado do que eu to pensando (OLHA PRA MINHA POSTURA ENCOLHIDA)....por favor, MELISSA.... (PASSA A MÃO EM SEU ROSTO E DEPOIS APERTA OS OLHOS).
Ele levanta desnorteado, com a boca entre aberta mas não está puxando ar, não tá respirando, não está aqui. Ele vira pra mim e segura meu calcanhar já que meus braços estão machucados.
-alguem.... Alguém relou em você? A-alguem te forçou a alguma coisa? (ME OLHA COM DOR).
Eles estão separando mais minhas pernas enquanto me debato, mas são muito mais forte...
Ele ta apertando demais meus calcanhar e não consigo puxar minhas pernas, eu também não consegui mais naquele dia depois...de tudo, eu estava tão dolorida, estava com tanto nojo.
Vamos te deixar mais molhadinha. O barulho do cuspi, e o cuspe escorrendo ao meio das minhas pernas.
-MELISSA (ME ACORDA DO PENSAMENTOS E ME ENCARA COMO SE TIVESSE VENDO MINHA ALMA) olha pra mim, olha pra mim, oque é que tá acontecendo? Quero muito ta errado (ESPERA UMA RESPOSTA, MAS NÃO RESPONDO).
Ele me olha como se eu fosse uma decepção de não dizer o que ele quer ouvir, junto com o coração carregado de dor, sinto medo e pena da forma que está me olhando, mas ele está me deixando com tanto medo, que lembro do seu egoísmo, ele quer me forçar a contar algo a ele que não é da sua conta e que não sou obrigada a dizer, mesmo ele ter percebido de como me lembrar do que me aconteceu, faz eu ficar e sempre parar aqui, sem nenhum pingo de consideração. Mesmo seus olhos dizendo que já sabe, só não quer ter razão do que pensa. E tenho certeza de que se eu dissesse ele iria fazer alguma coisa imprudente só porque emcomoda ele, mesmo não sendo da conta dele, ele iria ser egoísta de pensar só nele. Como agora.
-por favor, vai embora (IMPLORO).
Ele da uma risada sarcástica achando graça do que eu disse, e empurra a bochecha com a língua e seus ódio fica cada vez mais visível. Engulo em seco quando ele levanta, lembrar que meu pai era tão agressivo quando ele está sendo agora, não vai dar coisa boa.
-ir embora? É sério isso? Depois de eu vê você como ficou dizendo coisas com coisas quando perdeu quase a metade do sangue que você tem no corpo, depois de saber que o oque te causou está aqui foi você mesma, depois de saber.... oque te aconteceu (DIZ COM DIFICULDADE).
Se cogitando ele ja está assim, imagina se eu disser, ele não ta conseguindo lidar então é melhor deixar ele na dúvida.
-vai embora.
Seu olhar fica fixado nos meus, não acreditando no que ouve, vejo a bile da sua garganta descer forçada, agora percebo que seus olhos estão fundo, levemente vermelho na olheira, seus olhos estão caidos como se tivesse doente.
-quer que eu vou embora? Eu vou, vou mesmo, sabe porque? Porque você merece ficar onde você está e por tudo o que está passando, por ser tão mimada, e egoísta, como se isso só afetasse você, é por isso que vou embora (DISSE DESISTINDO DE MIM).
Ele pega sua blusa com agressividade do criado mudo e da um soco na parece.
Meus olhos se enche de lágrimas no mesmo instante, me lembrando de como meus pais deve estar agora, de como meus pais estão depois de eu ter quase conseguido oque eu ainda tanto quero, mas não posso, não por eles, só por eles e o Leo, o Leo está vivendo de verdade, no alge de sua felicidade, e eu continuo pensando só em mim. Eu não consigo fazer a única coisa que devo fazer por eles que é suportar, uma coisa tão simples, e se eu não sou capaz de fazer só isso, tenho certeza agora de que não serei capaz de mais nada. Ninguém terá força de saber lidar com tudo o que já me ocorreu, vão desistir de mim quando souber que não tenho mais sentimentos pra ser compreensiva, pra ser mais nada, outro lado horrível de me ter na vida. Eu estou me sentindo um lixo.
Ele dá um soco na porta antes de sair, e quando abre a porta, é prensado contra a parede pelo Leo, e Nick está com medo.
-o que você fez pra ela? (LEO DIZ COM FÚRIA NOS OLHOS) fala filho da puta (SEGURA ELE PELO O GOGO DA BLUSA PRENSANDO ELE CONTRA A PAREDE DE NOVO).
como o papai...
-nada, ele não fez nada, ele quem me encontrou Leo (IMPLORO SABENDO O QUE REALMENTE ESTOU CAUSANDO COM OS QUE ME RESTAM) Leo... (COMEÇO A CHORAR DESCONTROLADA) por favor, não briguem não (TAMPO MEUS OLHOS SEGURANDO A CABEÇA) por favor.
-ei, calma, calma.
Nick de repente está do meu lado abraçando minha cabeça, e acariciando minhas costas, um pouco mais apertado do que esperava. Limpo meus olhos não me importando mais de eles me verem assim e Leo solta o Edward com um empurrão, Edward me dá uma última olhada e sai batendo a porta.
Leo está paralisado em seus pensamentos, mas consegue caminhar até mim, sentar na cama hospitalar, e deitar em meu colo. Me surpreendo com sua reação de não dizer nada.
-vou dar licença pra vocês.
Nick diz, queria dizer a ela que não teria problema se ficasse, mas, meu irmão explosivo e traumatizado está chorando pela primeira vez em meu colo. Não é algo que a assuste, talvez seja pelo fato de ela sempre ter sido o porto seguro dele. Ela se retira da porta correndo, acho que vai atrás do seu irmão.
Leo começa a chorar feito criança, se libertando de toda sua dor, demonstrando o quão tá doendo nele, o quão confia e se sente confortável comigo, e isso me quebra por dentro, ao mesmo tempo que me conforta a presença dele, me sinto culpada.
-eu sinto muito Leo, me desculpa (FAÇO CAFUNÉ EM SEU CABELO) eu sinto muito de verdade, eu não queria deixar vocês passar por isso, e-eu....
O seu choro fica mais alto que minha voz, deixando meu coração mais apertado, então eu só o deixo chorar. Eu puxo seu braço pra abraçá-lo mas ele está sem força pra fazer qualquer coisa pelo corpo, e agora meu pensamento está se perguntando em como ele ficou, sabendo de que estou no hospital, de que forma minha mãe contou, que eu tentei se matar? Como?. Ele chora, chora e eu só fico ali chorando com ele.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Oque Me Falta
RomanceMel tem 19 anos, se mudou pra cidade nova recentemente a buscar tratamento ao seu problemas psicológicos, mora com seus pais e seu irmão, o mais velho que já morava na cidade. Mel só não esperava que o melhor amigo do irmão fosse se propor uma negoc...