threatening her;

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Pov da Eva;

Eu não queria alarmar freira nenhuma quando sai de fininho do meu quarto, depois da hora de recolher. 

Como se fosse pecado mortal, nenhuma freira admitia a saída posterior ao horário de sono do convento. Se você fosse pega burlando essa lei, seria muito punida depois. Eu quero dizer muito mesmo. Já tive uma amiga no começo da minha chegada, que após ser flagrada nos corredores noturnos foi literalmente transferida daqui! Tudo bem que ela estava com bebida nas vestes e provavelmente não iria usar aquilo pra nenhum bem. Mas eu, diferente dela, não tinha intenção nenhuma como aquela – o meu tempo disso já passou.

Como eu disse, prometi a Deus que não mais pensaria daquele jeito, como uma vadia que eu era. E não, não me ofendo com isso, porque eu realmente sabia que eu era. E até gostava disso. Mas não gosto mais! Não importa mais! Estou aqui, para mudar – mesmo que eu esteja nesse exato momento quebrando a regra do toque de recolher parar poder aliviar minha garganta. Ora, mas qual minha culpa nisso? Hoje havia tanto, mas tanto pano para lavar que mal pude parar para beber uma água. Me trancafiaram naquele lavatório, apenas pela própria conveniência deles. 

Quando chego na copa, me sinto mais aliviada. Havia um litrão de água, numa caçamba daquelas que parece bebedouro. Eu pego um copo e vou até lá, em busca da sensação molhada, do final da minha sede. 

Solto um gemido de satisfação, depois que o líquido desce na minha goela. E então, ouço outro gemido. Um que não fui eu que emiti. E, com certeza, tão satisfeito quanto o meu. Eu sei reconhecer um barulho de prazer quando o ouço. Como eu disse, meu passado é polêmico. Mas não pensava que eu me reconectaria com ele logo em um convento. Porque um convento não é lugar para transar! Bom, pelo menos era isso que Mary dizia. Mas já tinha visto e ouvido casos. E esse era mais um. Mais uma freirinha que se desprendia do rebanho, tão atolada nos próprios desejos que esquece os princípios. Eu a entendo. Dito isso, vou para cama sem dedurar.

Só que então, ouço um gemido masculino deliciado e alto. Um daqueles que soava como se estivesse perto de gozar. Eu me contorço secretamente, querendo um pouco daquilo pra mim. Mas não! Deus não permite! Eu não esperava que fosse uma freira com um homem. Na realidade, o mais comum eram elas fazendo entre si, sabe, uma tesourinha. Mas um homem?! Nem existia bons homens para isso aqui... bom, até dois dias atrás, quando o abençoado por Deus chegou. Merda, não acredito que ele estava desperdiçando a segunda chance dele. Foi isso que Mary disse, que ele era um caso de perdão, que já tinha feito besteira antes... e eu... eu acho que... 

Eu acho que vou atrás do som. Não dá. Essa moralidade toda de Mary não funciona em mim de madrugada, estou desgastada do dia. É preciso ver se é ele mesmo com uma freira, né? Caso eu tenha que delatar... eu tenho que ter visto primeiro, essa é a regra, maior do que todas as outras e até mesmo a do toque de recolher. 

Minha pele arrepia em expectativa, porque se fosse mesmo ele... se fosse... eu não sou do tipo ciumenta. Na verdade, um pouco de exibicionismo me encanta ás vezes. Ou encantava, quando eu era desse mundo! Droga! Eu não posso ir até esse som. Paro no meio do corredor escuro imediatamente, um pouco guinada pelo bom senso cristão. Mary não iria gostar. E outra, eu sei de mim mesma, sei que indo lá estarei me descontrolando, me concedendo um dos prazeres da carne. Então, fazendo a meia volta para meu aposento, eu...

Ouço outro gemido dele. Mais alto, mais urgente, como se me chamasse. Ah, foda-se! Eu corro de volta em passinhos surdos, apenas ouvindo o baque mínimo dos meus pés descalços no chão. Depois, ouço mais um gemido dela, um que pareceu impossível de ela conter em si. Eu sei que um convento deve ser muito mais silencioso, que deve se colocar uma mão na boca ou morder o ombro para calar seu próprio prazer. Mas eles... eles pareciam irremediáveis. Me guio quase cega, apenas usando a audição. Cada vez mais perto, mais alto.

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