Pov da Eva;Depois do fiasco que meu plano foi, eu tive que me conformar. Irmã Mary agora estava com tudo, seu ego completamente inflado pela suposta "vontade de Deus", se sentindo a escolhida, a especial. Mal ela sabia que era a maior mentira do século. E agora, ela pregava na cidade como uma besta, como se as pessoas fossem ouvir seus sermões chatos sobre como serem castos. Eu já fui da cidade, sei que lá ninguém quer ouvir coisa nenhuma sobre pureza, que na verdade o quanto mais profano for, melhor.
E foda-se, eu queria ser igual a isso de novo. Sinto falta daquela rotina, das noites de bebedeira e mãos bobas. O problema é que eu fui descoberta e então jogada pra esse convento estúpido e ainda ter que passar vontade enquanto vejo um arrogante mentiroso se aproveitar das outras irmãs idiotinhas. Lorenzo era tão... tão...
Gostoso. Tarado. Infiel aos mandamentos de Deus. Tudo o que eu queria. Mas mesmo assim, tinha que me segurar.
O dia todo, tive que me isolar do resto daquele convento pra poder não ver a cara lavada daquele homem. Lorenzo estava quase em todos os lugares, ao mesmo tempo – agora que todo mundo achava que ele era mensageiro de Deus. Calafrios me atingem só de pensar que todas aquelas freiras estão em volta dele só por isso, e que sei que ele sendo como é, vai saber se aproveitar disso. Maldito.
Fiquei nos jardins mais longínquos da propriedade. Peguei um dos livros proibidos do Índex, um daqueles que consegui salvar antes de destruírem e levei para ler sozinha. A culpa não é minha se só os livros que eu não podia ler eram bons. Se isso fosse pecado, então, estaria pecando e pronto. Um dia peço perdão.
E quando eu levantei, foi o inferno na terra. Lorenzo e Toby estavam conversando ao lado de uma carroça. Eu xinguei, baixinho. Até ali, aquele homem insistia em me perseguir. Toby o entregou as carroças e ele começou a andar para a minha direção, e nesse momento tive que me abaixar para não ser vista. Ao menos as árvores faziam mais sombra ali, e os arbustos me protegiam. A casinha de serviço era bem ali e foi onde Lorenzo parou com a carroça, antes de dizer:
— Eu sei que você está aí.
Eu xinguei outra vez. Mais outro pra confissão.
Mas nem dei bola, me mantive abaixada. E Lorenzo, insistente quanto é, andou pelos matos até estar do meu lado, me olhando de forma desdenhosa. Mas não me levantei, na verdade, estava escondendo o livro nas minhas vestes.
— O que quer? — eu indago.
— Eu? Nada. Você é quem está nos matos, suspeitosamente sozinha — ele aponta, de modo sugestivo.
— Não sou uma bruxa — rebato — Mas suponho que se você dissesse que sou, ninguém o contrariaria.
— Olha, foi você quem me botou nessa posição — ele diz na defensiva.
Fico calada. Realmente tinha sido, e se arrependimento matasse eu já estaria sete palmos abaixo do chão. De qualquer jeito, ele manda:
— Levante-se.
— Não.
— Eva. Levanta.
Eu o olho com selvageria.
— Você acha que só porque é o tal "mensageiro de Deus" que pode mandar em mim?! Não, não pode.
Lorenzo permanece estático por alguns segundos. De repente, ele se apressa em mover-se até mim e consegue, de alguma forma mecânica e surpreendente, me erguer no ombro ate eu ficar atravessada e batendo suas costas e gritando para ele me abaixar.
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virgin territory
Short Story𝐒𝐌𝐔𝐓 𝐇𝐚𝐲𝐝𝐞𝐧 𝐂𝐫𝐢𝐬𝐭𝐡𝐞𝐧𝐬𝐞𝐧 • Inspirado no filme Virgin Territory. E se Lorenzo estivesse realmente arrependido de ter comido aquelas freiras? Ele voltaria para o convento e se redimiria dos seus pecados. Ou não.