devil in desguise;

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Pov da Eva;


Eu estava incrédula. Eu sei que é no mínimo incomum que uma freira fique incrédula, até porque até em coisas sem explicação temos que acreditar, mas Lorenzo... Lorenzo não era só uma coisa sem explicação, ele era tão inexplicável quanto um milagre. Mas um milagre enviado pelo diabo, existe isso? Porque, senão, ele acabara de inventar. Eu pensava que sua devassidão se limitaria a ontem, pensava que ele estaria morrendo de medo de eu contar, dedura-lo, mas não... ele vai e faz de novo e faz pior porque agora ele propositalmente me procurou e me achou para depois encher meus olhos de visões... pecaminosas!

E eu mal consigo me manter em pé nesses corredores santos, porque realmente me sinto apavorada de encontrá-lo rondando. Só que é tipo... um pavor bom, caloroso, que realmente inebria os sentidos... pare! Pare com isso! Não deseje esbarrar no pecado. Minha barriga esfria mais e mais mesmo tentando me controlar.

E ela vira uma pedra de gelo quando eu olho a cabeleira loira logo à frente conversando com uma freira, provavelmente mais um rabo de saia pra ele se enfiar dentro. Eu fico observando por alguns instantes, até que a freira se vira em um ângulo que é possível ver parcialmente o seu rosto, e é quando minha barriga realmente vira o ártico.

Era Lilith. Aquele safado sem noção do perigo estava falando com Lilith, no meio do corredor. E como eu conheço bem a sua reputação com corredores, eu fico alarmada na mesma hora. Eu o fuzilo com meu olhar, mesmo que ele não perceba minha presença distante. Penso que poderia me aproximar deles, para impedir o que quer que fosse acontecer ali, mas Lilith não poderia me ver fazendo um caso por algo tão aleatório, isso despertaria dúvidas. Então faço como antes, me escondo no canto de um corredor e espero que ele pare o bate papo e venha naquela direção. Se eu ouvisse "podemos ir a algum lugar mais reservado?" Então eu sairia dali e o espancaria. Mas ele não diz essa pouca vergonha, ao invés disso realmente segue para o lado que eu estou e então me faço presente e o enfrento:

— Você não pode estar mesmo cogitando isso.

Ele se vira surpreso, mas quando me olha sua expressão se transforma radicalmente  e eu vejo o seu sorriso lascivo aumentar e distorcer seu olhar perigoso. Ele parece tão confortável com a situação como se não tivesse estado pelado em minha frente faziam algumas horas.

— Eu não sei do que está falando, mas também é muito bom te rever, Eva. – ele diz, sugestivo.

Eu suspiro fundo, tenho que fechar os olhos para me acalmar. Mas o pior é que essa estratégia fracassa, pois ao fechá-los, eu tenho os flashes de memória ainda frescos na minha mente de Lorenzo com a mão no seu próprio pau.

— Você sabe do que estou falando! — digo, sem paciência — Não pode simplesmente continuar esse seu rastro de pecados. Não com a Li...

Ele me interrompe:

— Ah, então você acha que o pecado é meu? Eva, ninguém mandou você encarar quando acontecia, você fez porque quis. Você é a pecadora.

Eu fico perplexa com seu argumento, e é claro que rebato:

— E mesmo assim, foi você quem estava cometendo o ato. Você me tentou!

— Eu nem sequer a toquei.

Eu estremeço secretamente com a possibilidade. Apenas essa ideia do seu toque me dá arrepios e é isso que me preocupa. Esse homem não deveria ser tão estonteante, tão tentador. Eu fico pensando: se já estou completamente afogada no pecado, imagine se ele me tocasse?

— Ainda bem que não. — minto — Essa é a minha tábua de salvação.

Ainda bem que não? — ele repete, com tom de ofendido — Se eu só triscasse em você, estaria em meus braços. Eu não precisaria de muito.

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