Obstáculos da vida ━━ Giuliano Galoppo

capítulo trinta e oito

A vida com eles era muito mais alegre, divertida e cheia de amor. Era o que Giuliano pensava ao observar a esposa correndo pelo jardim da casa com seus filhos.

Ísis, sua caçula, com quatro anos naquele momento, nasceu um ano após o casamento de Giuliano com Cecília, que ocorreu em um verão em Verona, Itália. Ele não poderia estar mais feliz com sua garotinha preferida.

— Cansei! Pausa para água. — Cecília falou, dirigindo-se ao marido. — Pode cancelar a academia de hoje. — Ela sentou-se em seu colo, pegando uma garrafa de água próxima a ele.

— Papai, agora é a sua vez! — Ísis correu até o pai.

— Acho que também cansei um pouco. — Heitor falou, sentando-se em outra cadeira. — Que tal montarmos um quebra-cabeça?

— Eu não gosto de quebra-cabeça, não consigo montar. — Sua irmã mais nova falou com um bico nos lábios.

Sua personalidade era a mesma do Galoppo.

— E se fizéssemos um desenho bem bonito para colocar na geladeira? — Giuliano perguntou à sua filha.

Todos foram juntos até a sala de estar, onde já havia um quebra-cabeça quase montado e peças separadas para serem adicionadas.

Enquanto Cecília e Heitor trabalhavam em uma ponta da mesa, Giuliano e Ísis subiram para buscar os materiais de pintura da pequena.

— O que a minha garotinha está pintando? — Cecília perguntou à filha, que estava concentrada em uma folha A4 branca, segurando um lápis vermelho.

Agora havia folhas, lápis de cor e canetinhas espalhadas pela mesa.

— Eu e o Heitor entrando no Morumbi com o papai! — A pequena respondeu, mostrando a folha para a mãe.

Ir ao Morumbi durante a gravidez e transformar o hino do São Paulo em quase uma canção de ninar teve resultado. Assim como a mãe, a pequena era fanática por futebol e sua maior frustração era ter que dormir antes das nove e não conseguir assistir aos jogos após esse horário.

— Faz tempo que não vamos ao Morumbi! — Heitor comentou, encaixando uma peça do quebra-cabeça.

— Verdade! Podemos ir ao próximo jogo, papai? — Ísis perguntou, seus olhos brilhando.

— Claro que podem! — Giuliano respondeu enquanto pintava seu próprio desenho. — Vocês querem entrar comigo?

— Sim! — Os dois responderam juntos.

— Eu também quero! — Cecília disse, formando um biquinho nos lábios.

— Você já é adulta, mamãe! — A pequena disse, rindo de forma sapeca.

— Terminei meu desenho! — Galoppo disse, virando a folha para mostrar para os filhos e esposa.

Na folha havia um jardim e uma casa meio torta e desengonçada.

— Ficou muito feio, papai! — Heitor disse rindo.

— Ficou mesmo! — Ísis concordou com o irmão, rindo.

— É! — Cecília disse, fazendo uma careta. — Ficou bonitinho, mas acho melhor você ficar com o futebol mesmo, meu amor!

— Nossa! Como é bom ter o apoio da minha família. — O jogador disse, formando um bico dramático com a boca.

— Nós te apoiamos, mas na sua profissão, papai! — O filho mais velho respondeu.

— Chega de me humilhar, é hora de começar a guardar essa bagunça e tomar um banho. — Giuliano disse, pegando a filha no colo, que soltou um gritinho de susto.

— Banho não! — Ísis disse um pouco alto.

— É melhor você ir, já estou sentindo o cheiro daqui! — Seu irmão disse, abanando o nariz.

— Você não está muito longe, garotinho! — Cecília disse, fazendo cócegas no menino. — Vamos! Vocês dois vão tomar um banho bem gostoso, enquanto eu faço algo para comer.

— Noite do hambúrguer? — Heitor sugeriu.

— Noite do hambúrguer! — Ísis gritou animada.

— Vou contar até dez. Se ninguém estiver com o chuveiro ligado, hoje não tem hambúrguer. — A fotógrafa disse, olhando o relógio no pulso. — Um.

— Corre! — Heitor gritou e correu para o andar de cima com a irmã.

— Eu te amo tanto, sabia? — Giuliano disse, mandando um beijo no ar e correndo para o andar de cima com os filhos.

— Eu também te amo! — Cecília respondeu, transbordando de alegria.

❖

Sempre que se reuniam, aqueles quatro tinham momentos divertidos, como naquela noite do hambúrguer improvisada.

Depois de deixar dois beijinhos em cada uma das crianças e garantir que estavam dormindo, o casal foi para o quarto.

— Hoje o Heitor me disse que quer ser um veterinário como o tio Caio. — Cecília contou, aconchegando-se no esposo e buscando a posição mais confortável para dormir. — Ele adora aquela clínica e os animais.

Essa era, sem dúvida, a atividade favorita dos dois: compartilhar as coisas interessantes que as crianças falavam durante o dia.

— Não vai acreditar no que a Ísis pediu hoje. — Giuliano disse, levanta o rosto da esposa para que olhasse nos olhos dele.

— Conhecendo ela, deve ter sido um unicórnio voador ou uma casa dentro do Morumbi. — Cecília disse, lembrando dos últimos pedidos inusitados da filha.

— Ela pediu outro irmão!

— E pela sua expressão, você concorda com ela. — A mulher disse, olhando nos olhos azuis do esposo.

— Com você, eu formaria um time de futebol facilmente! — Ele disse, deixando um beijo rápido nos lábios da amada.

— Heitor e Ísis juntos fazem mais bagunça do que dois times inteiros, então vamos com calma. — Cecília riu abafado e Giuliano acompanhou.

Duas batidinhas foram ouvidas na porta do quarto e logo foi aberta, revelando duas cabeças.

— Podemos dormir aqui? — Ísis perguntou, sendo a primeira a entrar.

E sem esperar uma resposta, os dois já estavam deitados no meio do casal.

— Vocês têm o quarto de vocês para quê? — Giuliano perguntou, fazendo carinho no cabelo loiro do filho, que o abraçou mais.

— Para guardar meus brinquedos, ué! — Ísis respondeu, já com os olhos fechados, aninhada na mãe. Os dois mais velhos soltaram uma risada contida para não mostrar para a criança que acharam engraçado.

— Boa noite, mis amores!

Giuliano deixou um beijo na testa de cada um dos filhos e um selinho em sua esposa. Jogou os braços sobre os filhos até encontrar os de Cecília, e mais uma noite dormiu, sentindo-se realizado e grato por ter as três pessoas preferidas ao seu lado.

❖

FIM

agora é de verdade 😫
eu amei tanto esses dois — e todos os
outros personagens

curtem e comentem, mis amores! 💖