capítulo vinte e sete

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CECÍLIA SAVOIS

O dia estava um pouco aterrorizante do lado de fora da minha janela, o céu estava todo escuro e nublado, mostrando que a qualquer momento poderia chover. E só de pensar nisso um frio correu pela minha espinha.

Mas o céu lá fora também mostrava que o dia poderia ser divertido, sem interrupções, sem compromissos, apenas a minha televisão grande e um mundo de filmes à minha disposição.

Acordei cedo e sai do quarto ainda com o meu pijama favorito, indo em direção à cozinha, estava pronta e animada para preparar um verdadeiro banquete de guloseimas. Pipoca, brigadeiro, sorvete, salgadinhos, tudo estava pronto para satisfazer minhas vontades durante esse dia de perfeito.

— Olha quem saiu do quarto! — Caio fala vindo até mim e deixando um beijo molhado no meu rosto. — Vou ir ao treino do São Paulo, vamos? — Ele pergunta pegando uma colher do brigadeiro que eu havia acabado de terminar.

Sempre que você quiser!

Ele me falou isso na primeira vez que fui lá e logo me deu um beijo, lembro do momento e sorrio para o nada.

Idiota! Idiota! Idiota! Para de lembrar dele.

— Não! Vou ficar em casa mesmo. — Respondo pegando as coisas que escolhi.

— Qualquer coisa me liga que volto correndo. — Meu irmão fala deixando um beijo demorado na minha têmpora e eu concordo depois de beijar sua bochecha.

Peguei um grande pote de pipoca, cuidadosamente temperada com manteiga derretida, e uma taça de sorvete de flocos com muita calda de chocolate.

Vou para a sala de estar e dou play na minha maratona de filmes. Meu primeiro escolhido foi um clássico, um filme que me faria esquecer do mundo lá fora. Enquanto as cenas se desenrolavam na tela, mergulhei na trama, envolvida pelas atuações e pela trilha sonora nostálgica.

O segundo filme foi uma comédia romântica, esse era o meu gênero preferido na adolescência, então tentei voltar a ser aquela Cecília e me deixei envolver pelo humor e pelas cenas românticas que me faziam suspirar de vez em quando. Os momentos de risos e lágrimas se entrelaçavam, proporcionando uma experiência emocional única.

O terceiro foi mais demorado para achar, com dúvida ficava mexendo no streaming procurando os gêneros, documentários criminais, filmes de ação, dramas profundos e provavelmente o meu preferido, animação.

Depois de colocar finalmente o terceiro filme percebo que, minha segunda taça de sorvete estava fazia e o pote de pipoca ia só tinha o fundo, deixo os dois de lado e decido terminar minha panela de brigadeiro.

Estava totalmente confortável no sofá, me preparando para um final emocionante do filme que havia escolhido. A última cena me deixou com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos. Era um filme que me fez refletir sobre a vida, sobre o amor e sobre minhas próprias experiências e principalmente me fez sentir saudades.

Enquanto os créditos do filme subiam na televisão, uma claridade forte surgiu do lado de fora da janela e logo depois um barulho muito alto, fazendo com que eu soltasse um grito assustado e as luzes da minha casa apagasse.

Eu não sei por quanto tempo, mas fiquei paralisada no sofá enquanto lágrimas escorriam pelos meus olhos e meu coração disparava e eu sentia como se ele pudesse sair da minha garganta a qualquer momento.

Quando consigo sair do meu transe, procuro meu celular no meu das cobertas e quando finalmente acho ele percebo que estou tremendo demais.

Procuro o número do meu irmão nos contatos e os raios e trovões caem muito mais fortes do lado de fora. Os bips das chamadas parecem durar cem anos e o telefone cai na caixa postal.

Ligo pela segunda, terceira e quarta vez, mas ele não atende, isso me deixa mais ansiosa e desesperada.

É só uma chuva! É só uma chuva! É só uma chuva!

Tento respirar enquanto penso, mas logo outro trovão atinge os meus ouvidos e eu não consigo me concentrar em mais nada.

Consigo ligar a lanterna do meu celular e procuro a chave do meu carro, assim que acho saio de casa e vou em direção ao elevador, aperto o botão do subsolo e espero chegar no local, no automático entro no carro e ligo o mesmo, eu não sabia o que estava fazendo parecia ter outra pessoa me controlando.

No meio do caminho a chuva havia diminuído, já não tinha mais raios e trovões, só restava muita água caindo do céu.

Paro o carro na frente da casa dele.

O que você fazendo aqui?

Eu precisava dele, eu precisava dos seus abraços e beijos molhados, eu precisava ver ele com aquele sorriso lindo e precisava ouvir ele dizer que eu era o motivo e o quanto ele me amava. Eu também precisava dizer tudo isso para ele.

Saio do carro com uma rapidez absurda, quando chego na porta da casa estou completamente molhada, isso com certeza ia resultar em uma gripe.

Espero que ficar doente valha a pena.

Toca a campainha três vezes seguidas, eu estava ansiosa e desesperada.

A porta abre e quando meu olhar se encontra com o dele, me sinto aliviada, meus olhos enchem de lagrimas novamente e nada sai da minha boca.

Mi amor! — Estremeço ao ouvir sua voz e o apelido que eu tanto amo. — Entra você vai ficar doente. — Ele completa claramente preocupado e me envolve em seus braços me puxando para dentro. — O que aconteceu? Você precisa de um banho e se agasalhar. — Galoppo fala parando no meio da sala e me olhando nos olhos.

Como amo esses olhos, como eu senti falta dele.

— Eu te amo! — Finalmente algo sai da minha boca e eu solto um suspiro de alívio. — Eu te amo muito! Nunca foi uma boa ideia deixar você, eu sinto sua falta todos os dias, e... — Travo perdida nas milhões de coisas que eu gostaria de falar para ele.

Os olhos azuis dele veio parar nos meus e lentamente as palavras foram organizando.

Eu amo esses olhos. Eu amo ele.

FIM



































brincadeirinha até semana que vem ou daqui a pouco
sei lá 🤪

curtem e comentem 😏

Obstáculos da vida ━━ Giuliano GaloppoOnde histórias criam vida. Descubra agora