d r a c o
Draco havia aprendido a gostar do verão.
Ele havia sido educado em casa quando criança, por um tutor magro com óculos de arame e um medo palpável dos pais de Draco. Ele se sentava com o tutor por seis horas por dia, cinco dias por semana – repassando repetidamente todas as diferentes lições que as crianças bruxas tinham que aprender. Apesar de aprender sozinho, Draco ainda tinha a mesma estrutura acadêmica que outras crianças, e no verão eram férias de dois meses. Dois meses do ano passados sozinhos, vagando pela mansão por si só.
Não é que ele não gostava do calor, ou dos dias longos e secos. Era o ciclo inegável de não ter nada para fazer e ninguém com quem conversar. Seus pais o haviam mimado, ele sabia disso. Mas eles o haviam mimado com presentes, e lisonja, e um senso falso de auto-importância. Eles não o haviam mimado com seu tempo. Ou com companhia, ou afeição.
Ficar sozinho era algo que ele aprendeu a gostar. Ele aprendeu, com o tempo, como aproveitar os dias de verão, já que eram passados em sua própria companhia. Ele se acostumou a passar horas sentado no topo da fonte no jardim, ou ao lado de sua janela em seu quarto, encarando os campos além.
Ele era bom em ficar sozinho, porque seus pais o ensinaram a ser. E era isso porque ele achava irônico que até agora, depois de se mudar, eles ainda achavam maneiras de controlar seu tempo. Que eles estavam bem com ele estar sozinho, mas só nos termos deles. Que eles ainda podiam forçá-lo a ir tomar chá, visitar a família, e agora, a ir num encontro com uma garota que ele nem conhecia.
Ele pensava que a relação estranha que ele tinha com os pais passaria com o final da dependência da infância: que assim que ele parasse de viver debaixo do teto deles, ele finalmente estaria livre do controle e dos valores deles.
Claramente não.
Ele havia recebido instruções claras de se vestir bem para o encontro. Ele vestiu uma calça elegante e uma camisa cinza, que ele enrolou até seus antebraços por uma questão de praticidade. Ele estava agarrando uma xícara de chá de camomila, seus enrolados dedos em volta da cerâmica quente. Coração batendo rápido, ele estava encarando para fora de sua janela para o céu além. Ainda.
Porque ele tinha cinco minutos antes que sua mãe aparecesse, e uma carta de Gina Weasley estava por chegar.
Uma semana atrás, sua mãe havia marcado um encontro para ele conhecer Astoria, ele havia escrito para Gina para pedir por uma foto de Isobel. Ele só havia tido duas ou três fotos ele mesmo, e elas haviam desaparecido com o resto das coisas de Belly no dia do julgamento dele – quando sua mãe havia “limpado”. Mas ele tinha certeza que a garota Weasley teria uma, e se não tivesse, algum dos outros amigos da Grifinória de Belly teriam. Tinha algo a ver com seu ego que ele não havia pedido mais cedo.
Ele precisou de cinco rascunhos para reduzir a carta a algo adequadamente educado - por exemplo, forçando-se a usar os primeiros nomes de Gina e de seu irmão, em vez de um dos apelidos mais criativos que ele os adornou na escola. Ele esperava que sua civilidade funcionasse ao seu favor, mas Gina estava demorando para respondê-lo, então ele não sabia. Era possível que ela sentisse raiva dele, ele pensou; que culpasse ele pela morte de Belly. Talvez todos os outros amigos dela também o odiassem, agora mais do que nunca.
E aí – ele jogou sua caneca na pia e abriu a janela. Como se estivesse sob comando, uma coruja estava voando em direção ao seu apartamento. Ele esticou um braço para pegar o envelope do pé do pássaro – e claro, seu nome estava escrito num rabisco maluco que ele não reconhecia.
Ele rasgou o envelope e folheou a carta.
Oi Malfoy,
Eu só consegui encontrar algumas cartas de Isobel, mas achei que você gostaria mais dessa. Foi tirada em Outubro do sétimo ano. Ela parece feliz, e estava feliz por um momento, mesmo que fosse uma época miserável. O que eu mais me lembro da Isobel do sétimo ano foi a insistência dela em ter “superado” você. E ainda assim, ela te encarava bastante o tempo todo.
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Querido Draco pt. 2 (Dear Draco pt. 2)
FanfictionMeu mais querido amor, > Esta história não é minha, ela pertence a @malfoyuh. • Estou apenas traduzindo. • Versão original em inglês: "Dear Draco pt. 2". (A versão original está na lista em meu perfil).