Breve História 3 | Depois dos 16, adeus...

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  - Parabéns pra você, nessa data querida...

1... 2... 3...

Quando eu chegar à 10, ele vai aparecer.

7... 8... 9...

- Dez! - exclamei baixo, sorrindo para as pessoas em minha frente, esperando.

- Apague as velas, Mariana.

Olhei para minha mãe, atordoada. Haviam parado de cantar e me olhavam com o sorriso morrendo nos lábios, sem entender meu estado de paralisia nostálgica.

- As velas, Mariana... - ela insistiu lançando um olhar para as pessoas e depois para mim, que tentei não deixar meu sorriso sumir.

- Claro... - apaguei todas as velas num só sopro, vendo as pessoas batendo palmas e voltando a rir e a gritar. Olhei para elas entre a fumaça que o fogo produziu, tentando, em vão, vê-lo entre os convidados. Ele havia ido embora, como me disse há mais de 10 anos.

Comprimi os lábios e saí de trás da mesa com pessoas querendo me abraçar e me parabenizar.

- Obrigada - eu sussurrava, querendo chegar à porta. Escapar de minha própria festa.

- Não vai cortar o bolo, Mari? - olhei para Luciana e apontei para minha mãe que já fazia isso por mim.

- Já volto.

O fim de tarde anunciava um céu estrelado e uma lua cheia. Nada mais romântico. Suspirei, olhando para o jardim vazio. Ele não viria. Nunca mais. Fechei os olhos, segurando o desejo de xingar o céu e culpá-lo pela minha irritação e profunda tristeza.

Mesmo sabendo que isso iria acontecer, não dava para segurar essa profusão de raiva e saudade.

Me sentei na balança do jardim e me balancei durante alguns instantes, tentando atingir o céu logo acima de mim. Se fosse possível... Se fosse possível, eu não pensaria duas vezes.

A balança ao meu lado se movimentou com o vento, que atingiu meus cabelos e meu rosto quente.

- Mariana...

Sua voz era como o vento: revigorante e suave. Não parei de me balançar para olhá-lo. Dei mais impulso.

- Mariana... me ouça.

- Já estou ouvindo. Se veio me dizer adeus, diga logo.

Ele ficou em silencio, sentado na balança ao lado da minha, olhando para o céu, como eu. Parei de balançar, sentido meus pés se arrastarem pela areia. Tirei o cabelo do rosto e me virei para ele.

- Vai embora, não vai?

- Sabe que sim. Vim porque me chamou. Esta será a ultima vez que nos vemos.

Engoli em seco e balancei a cabeça lentamente.

- Então pode ir embora, porque não te chamei - me levantei e tentei correr novamente para minha casa, onde todos me esperavam.

- Mariana... - sua voz soou ao meu ouvido e eu parei, me voltando para ele, que continuava sentado na balança de cabeça baixa.

- Não me chame mais, por favor... – pedi amargurada.

Ele ergueu o rosto em minha direção. Aquele rosto que era habitado por nenhuma expressão e que nunca mudou ao longo dos anos, mas que eu aprendi a adorar e que, finalmente, me vi perdidamente apaixonada.

- Eu não quero dizer adeus - ele disse baixo.

- Porque isso? Porque tem que me deixar? - me agachei na grama e tapei o rosto com as mãos. Apertei os olhos, sem chorar.

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