Um esqueleto sem cabeça

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Tempo presente

— Você sabe, Momo-senpai. Acontece.

— O que? Levar um tabefe do Miya 2 a cada 5 dias? Me poupe.

Sabe aquele emoji de palhaço? A cara de Atsumu estava exatamente assim.

Não literalmente, claro. Embora Osamu dissesse que ele não precisasse da maquiagem para ficar igual a um.

— Não sei o que é pior, Osamu sempre perder a paciência dele e te socar, ou você nem parecer revidar. — a enfermeira revirou os olhos enquanto pegava mais band-aids e uma pomada para passar nas feridas do rosto do garoto.

Enquanto ela estava de costas, Atsumu começou a olhar pela sala de tamanho médio que era a enfermaria, como quem não quer nada.

Mas ele queria muito algo. Alguém.

Como os leitores já sabem, as visitas de Atsumu à enfermaria eram constantes. Ele só não fazia dessa uma prática rotineira para não levar castigos piores, por mais que Kita estivesse aplicando a ele a Osamu punições extras, além das do diretor e do treinador.

Para Atsumu, contudo, isso era bom. Afinal, esses castigos deixavam Osamu ainda mais irritado com o irmão.

Quanto mais raiva, mais socos. Quanto mais socos, mais enfermaria. Quanto mais enfermaria, mais Sakusa Kiyoomi.

Na cabeça do Miya mais velho, era o plano perfeito.

— Sério, Atsumu, você precisa parar com isso. O que você fez hoje?

Momo começou a cuidar dos ferimentos de Atsumu, como sempre fazia. O camisa 7 do time estava sentado em uma das três macas da sala, de frente para a mulher.

— Falei que comi o oniguiri que ele tinha separado pro Suna. Ele vai ficar ainda mais puto quando descobrir que é mentira.

A enfermeira parou de passar a pomada e olhou Atsumu com os olhos arregalados. 

— Garoto... você é realmente uma peste. Não sei como não chegou desmaiado que nem da primeira vez. — ela voltou a aplicar a pomada — E olha essa boca.

Atsumu sorriu, quase orgulhoso.

— Eu estou ficando resistente, Momo-senpai!

— Espero que fique mesmo, assim não vejo mais sua cara por aqui.

— Ei!

A mulher sorriu pequeno, terminando de colocar o último band-aid.

— Pronto, quase novo em folha. Agora, preciso ir até a quadra de educação física. Nakamura-sensei me enviou uma mensagem dizendo que há um aluno passando mal.

Atsumu abriu um sorriso sugestivo.

— Acho que a Nakamura-sensei que tá passando mal e quer seus cuidados particulares, Momo-senpai.

— Só não te desço o cacete porque Osamu já faz o trabalho direitinho.

O sorriso do Miya morreu de desgosto.

— Vou indo. Quando se sentir melhor, já pode sair.

O garoto acenou e se curvou para se despedir da enfermeira, que deixou a sala em poucos segundos.

É óbvio que eu não vou sair daqui.

Atsumu continuou sentado, balançando os pés e olhando em volta. Logo seu anjinho de cabelos encaracolados estaria ali, juntinho dele, mandando-o limpar direito as mãos e ficar a 3 metros longe dele, no mínimo.

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