O primeiro encontro do Miya

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— Miya 1, eu não acredito nisso. Já é a segunda vez só essa semana!

Miya Atsumu sempre foi um bom aluno. Ele era dedicado - ou quase - aos estudos, conseguindo manter suas notas um pouco acima da média. Atsumu era legal com os colegas e os professores, muito gentil e amado. Os pais tinham orgulho do filho que, além disso, era titular do time de vôlei do colégio. Ele não poderia ser melhor.

Bem, era assim até uns dois meses atrás.

Atsumu nunca foi de se meter em brigas. Seu comportamento na escola era distraído e falante - as únicas reclamações que recebia. No máximo, entrava em encrencas para defender seus amigos e irmão - por mais que ele insistisse que Atsumu não sabia nem mesmo se defender - ou, ainda, para brigar com o próprio Osamu. Mas mesmo estes casos eram raríssimos.

Okay, talvez o último nem tanto. Mas brigas entre irmãos é algo natural, saudável. Às vezes.

Foi isso, inclusive, que fez Atsumu parar na enfermaria pela primeira vez naquele ano.

Afinal, Osamu dava um gancho de direita perfeito.

2 meses atrás

Era uma simples partida treino. Não havia algo demais. O ano letivo estava se iniciando e, por isso, o treinador, em conjunto com o capitão Kita Shinsuke, acharam uma boa ideia um jogo simples, para aliviar o estresse. Não deveria haver discussões, desentendimentos ou busca assídua do perfeccionismo.

— Seu merdinha, Samu! Esse levantamento foi muito baixo!

Poderia ter sido assim, se os gêmeos Miya não fizessem parte do time. 

— Merdinha é sua car... cabelo. — Osamu ficou mal humorado, o irmão sabia ser chato e desnecessário quando queria. — Eu não sou levantador, já falei.

Os garotos do time estavam acostumados. Naquele dia, era a terceira vez que o jogo era interrompido por uma discussão dos Miya.

Kita estava apenas observando, esperando eles se tocarem - novamente - da inconveniência. O resto do time nem ligava mais, olhavam para os dois como quem olha para uma lousa de matemática: com desinteresse.  

— E daí? Deveria dar o seu melhor. Eu conseguiria ter feito aquele ataque muito melhor se o levantamento tivesse sido perfeito.

— Quem?

— Eu, porra!

— Te perguntou?

Aran riu ao lado do capitão.

— Ele cai nisso toda vez. — virou-se para Suna — Você não vai fazer nada?

Suna mexia no celular, sentado em um dos bancos próximos.

— Eu sou o namorado, não a babá.

Kita franziu o cenho, desviando o olhar dos gêmeos e o direcionando para o garoto de cabelos pretos e olhos afiados.

— Por que você está com o celular no meio do treino?

Suna demorou alguns segundos olhando para o capitão e sorriu amarelo.

— Rintarou, a gente já falou sobre isso antes. Você não...

— Cala a boca, Atsumu.

Os três garotos que conversavam entre si foram interrompidos - de novo - pela discussão dos Miya, que ficou mais alta e espalhafatosa.

Justo quando o treinador não estava na quadra. Por que ele tinha que sair justo nesses momentos?

— Eu tô só deixando claro, Samu. Eu sou bem melhor que você no vôlei — o gêmeo mais velho sorriu, convencido.

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