𝐄𝐍𝐃 𝐆𝐀𝐌𝐄 - Lucerys Velaryon

𝗦𝗲𝗮𝗵𝗼𝗿𝘀𝗲

Após a conversa com Laenor a garota vai atrás de seu irmão, Naerys queria conversar e dar apoio a Aemond por ele ainda não ter seu dragão. Ela odiava ver entes queridos tristes, não só os parentes, mas também todos do castelo, e sempre queria animá-los de alguma forma. Naerys era a alegria do local, desde muito nova pensava mais na felicidade dos outros do que na sua, e era a princesa mais amada de todo o reino.

— Aemond!! – Naerys grita a procura de seu irmão quando finalmente chega na área de treinamento, mas só encontra seus sobrinhos, Jace e Luke.

— Seu irmão não está aqui, Erys. – Luke desvia o olhar para responder o grito de sua tia.

— Talvez esteja voando em seu grande porco. – Jace se aproxima pegando no ombro de seu irmão rindo logo em seguida, fazendo a garota revirar os olhos.

— Aquilo não teve graça, Jacaerys.

— Admita, você pelo menos segurou a risada. – Jace pega a espada e pisca para Naerys antes de virar de costas e voltar para seu treino.

A garota estava prestes a ir embora do pátio quando sentiu um toque em suas costas, se virando então rapidamente para ver do que se tratava.

— Naerys, podemos ir ler na biblioteca hoje após o jantar? – Luke pergunta e a garota dá um leve sorriso.

— Claro, mesmo horário de sempre?

— Sim. Te espero lá. – O garoto sorri e volta para seu treino, então Naerys vira e adentra para o castelo ainda à procura de seu irmão.

A garota Targaryen já havia procurado em todo o castelo e não havia encontrado seu irmão, as criadas não tinham avistado ele em nenhum momento, os guardas só sabiam dizer que haviam o visto todo sujo sendo levado aos aposentos de sua irmã, mas Naerys já havia procurado em tal local.

Com o pensamento de desistir já em mente, teve então a ideia de ir nos aposentos de Aegon, talvez seus irmãos estejam juntos planejando alguma coisa ou até mesmo conversando, algo que não era comum, mas dada as circunstâncias, não seria uma má ideia procurá-lo lá.

Chegando então perto da porta, Naerys percebeu que ela estava entreaberta, então ouviu a voz de sua mãe vinda do outro lado, o que atiçou a curiosidade da garota que mesmo não tendo o costume de espiar, resolveu se esconder e ouvir o que estava acontecendo no quarto de Aegon.

— De quem foi a ideia? – A voz de Alicent era ouvida. — O porco, você planejou?

— Não, foi o Jace. – Aegon responde à pergunta de sua mãe. — E, eu acho que foram os dois, não tenho certeza.

— O Aemond é seu irmão.

— Ele é um idiota. – Retruca o garoto.

— Somos uma família. Você pode se estapear com ele em casa o quanto quiser, mas lá fora, temos que nos proteger. – Alicent argumenta.

— Foi engraçado.

— Acha que os filhos de Rhaenyra serão seus amiguinhos para sempre? Sua irmã acha isso? Andando para lá e para cá pelo castelo com Lucerys. – Naerys então ouve sendo mencionada na discussão. — Como as coisas estão, a Rhaenyra ascenderá ao trono. E Jacaerys Targaryen será o herdeiro.

— E então? – Aegon pergunta confuso.

— Você é quase um adulto. Como pode ser tão obtuso? – Alicent resmunga e se senta na cama se aproximando do garoto. — Se a Rhaenyra chegar ao poder, a sua vida estará em risco. Assim como a de Aemond, Helaena e Naerys. Ela pode acabar com qualquer objeção à sua sucessão.

— Então não vou contestar. – Aegon responde e então Alicent leva sua mão ao rosto do garoto, o fazendo se assustar.

— Você é a objeção! Você é a objeção, Aegon. Apenas por existir e respirar! – Um pequeno silêncio torna o cômodo enquanto Aegon olha assustado para sua mãe. — Você é o primeiro filho homem do rei. O que eles sabem, o que todos do Reino sabem, no sangue e nos ossos, é que um dia você será o Rei.

A rainha então se levanta e arruma seu vestido enquanto olha para o filho que a observava assustada. Naerys ouvia atrás da porta e ainda estava tentando entender o diálogo que acabara de ouvir. Mesmo tendo pouca idade, a garota sabe que isto seria de uma informação importante, talvez num futuro próximo, Naerys sabia da sucessão de seu pai que passará a coroa para sua meia irmã Rhaenyra, e pensava que todos concordavam com aquilo, já que era a vontade do rei, e ninguém teria coragem de questionar suas escolhas.

Naerys então ouve passos se aproximando da porta e se agacha no escuro para que não pudesse ser descoberta por sua mãe. Alicent então sai do quarto e desaparece pelos grandes corredores, e após alguns minutos, Naerys também some entre as paredes que dividiam o castelo.

A pequena garota passou o resto do dia pensativa sobre o que havia ouvido, não sabia se devia contar a alguém. Luke talvez? Mas lembrava das palavras de sua mãe, "os filhos de Rhaenyra não serão seus amiguinhos para sempre." Não havia motivos para que eles se afastassem, no fim eram todos a mesma família, todos do mesmo sangue, todos Targaryens.

— Não vai comer, querida. – Alicent pergunta passando a mão nos cabelos da filha.

O jantar estava tranquilo e silencioso como sempre. Alicent exigia para que comêssemos separados de Rhaenyra, dizia que era um momento familiar e que bastava só a presença dos filhos e do marido. E o rei atendeu seu pedido.

— Não estou com muita fome, mamãe.

— Besouros escolhem o lado do grupo a quem eles serão leais. – Helaena murmurava enquanto comia sua sopa.

— Estou cansada, já posso ir para a cama? – A pequena pergunta para seu pai.

— Claro, meu amor. – Viserys responde e então Naerys se levanta dando um beijo em sua bochecha e logo após dando um na de sua mãe também.

No caminho para o quarto, entre os corredores, a garota troca de destino, indo para a biblioteca, onde havia combinado de se encontrar com Luke.

— Achei que não ia chegar nunca. – Ela o avista sentado no chão encostado em uma das grandes prateleiras que haviam no enorme salão.

— Tive que esperar algumas criadas passarem pelo corredor antes de chegar aqui. Já começou a ler sem mim? – Naerys se aproxima e senta ao seu lado.

— Eu estava curioso para saber mais sobre a casa Velaryon. São os meus antepassados.

Luke e Naerys combinaram de ler todos os livros que contavam sobre os antepassados das casas dos sete reinos de Westeros. Baratheon, Arryn, Stark... Queriam saber suas origens, histórias e lendas por trás de tudo. E não havia lugar melhor para procurar do que a grande biblioteca do castelo.

Após horas lendo o enorme livro, a garota encosta a cabeça no ombro de seu sobrinho. Já com sono, Luke fecha o livro e o coloca de lado.

— Luke. Você acha que vamos ter que nos separar algum dia? – A garota pergunta pausadamente num tom melancólico.

— Não acho que será necessário, quando minha mãe for a Rainha, iremos vir morar na Fortaleza Vermelha permanentemente. – Lucerys responde calmamente.

— Mas e se acontecer? – Naerys lembra de sua mãe, e das palavras que ouvira.

Então Lucerys vira em sua direção colocando a mão nos bolsos e tirando um colar com um pequeno pingente de cavalo-marinho.

— Se algum dia viermos a nos separar, tome isto, mandei fazer especialmente para você. Para sempre lembrar de mim. – O garoto então pega a mão de Naerys e deixa o colar cair sobre ela. — Queria lhe entregar em alguma data especial, mas acho que o momento condiz com a entrega.

Naerys estava encantada, o pingente era lindo e contia pequenas pedras vermelhas cravejadas. Lucerys sabia que essa era sua cor favorita.

— Luke. Isso é lindo, muito obrigada! – Ela se levanta e o abraça. — Se isso acontecer, prometo nunca te esquecer.

— Prometo também, minha Naerys.