Confie na Gata [Yoonseok]

22: começar

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Tag: #ConfienaCamomila

Boa leitura! 🧡

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Março/2022

A vida é engraçada quando se confia no destino. Porém, muitas vezes não se percebe que o destino está em uma caneta invisível que se usa todos os dias. A cada segundo se escreve um pouco do futuro, se rabisca os erros sem poder apagá-los e cobre com soluções, mas os acertos somente podem ser escritos depois por conta dos inúmeros riscos em busca da perfeição. Quando se entende que somente se pode escrever o certo em um espaço em braco, se avança um pouco mais na pequena folha que se chama vida e assim se escreve o destino, que não passa de um tempo construído com eventos passados que ganha vida a cada segundo seguinte.

Durante a semana, Yoongi pensou em como sua vida deu voltas até deixá-lo no mesmo lugar. Ele ria consigo mesmo pensando em como era possível ele voltar para os mesmos braços de antes, mas que pareciam tão diferentes. Se perguntava isso enquanto sentia o fôlego sonolento de Hoseok bater em sua pele nua no meio da noite, na cama arrumada com lençóis limpos porque Yoongi insistiu em trocá-los após o sexo. Depois que Hoseok voltou para si, depois que se beijaram na frente da sua casa e entraram, depois de uma longa conversa onde Hoseok pode esclarecer tudo com calma e Yoongi teve o tempo necessário para assimilar todas as informações, depois que Yoongi sentiu segurança nas palavras de Hoseok e em si mesmo para confiar seu coração a ele mais uma vez, depois de vários depois e certezas, quando o sol se despediu num canto suave de luzes fracas deixando apenas seu calor para trás, Yoongi se entregou completamente de corpo e alma a Hoseok pela primeira vez.

Não só um ato físico, mas Yoongi confiou a Hoseok seu corpo e seu espírito, deixou que ele cobrisse sua pele com seus dedos e tocasse seus sentimentos com palavras dóceis e o cuidado terno. Por mais que não fosse a primeira vez de Yoongi, ele sentiu como se cada toque, cada sílaba de carinho e cada promessa dita pela emoção do momento, fossem as primeiras que ele já ouviu e sentiu. Não como um recomeço, mas um verdadeiro começo.

E mesmo depois que foram acordados pelo despertador de Yoongi, quando o dia seguinte se tornou o presente, Yoongi não deixou de olhar Hoseok com o mesmo sentimento de apego e confiança que se deixou consumir nas últimas horas. Acordou Hoseok com selares curtos por seus ombros e seu rosto, arriscou se atrasar somente para esticar os segundos e aproveitá-los no abraço de Hoseok no lençol macio. Mesmo depois que cada um foi levado por seus compromissos, Yoongi passou a ver muito mais cores durante aquele dia do que em sua vida inteira.

Yoongi queria poder contar para o seu eu de dezessete anos que o futuro era um completo mistério, mas que ele encontraria seu acento no meio de um lugar tão escuro e que estaria pronto para dar luz e cor a ele. Além disso, queria contar para o garoto que chorava na biblioteca que o amor verdadeiro existia e que, mesmo não se não pudesse ser eterno, ele o encontraria e faria de tudo para permanecer ao seu lado, pois o amor não existe sem alguém para amar.

Após doze anos, quase treze, Yoongi poderia dizer com total convicção de que o amor não tinha apenas uma cor, mas sim todas as cores, misturadas em uma única tela. O amor era um raio infinito de tons, incapaz de se transformar numa luz só mesmo que girado com uma velocidade inalcançável. O amor era complexo porque os sentimentos não eram finitos, eles se transformavam, amadureciam, se modificavam, mas continuavam ligados pela linha tênue e sensível que teve somente uma origem.

Yoongi entendeu que o tempo era importante para que o amor se tornasse inteiro, sem lacunas e que pudesse o acrescentar mais sem tirar de sua própria forma. Amor envolvia confiança, coragem, paciência e tudo o que um ser humano é capaz de ter, mas acima de tudo, amor envolvia esperança.