Assombrado

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Naquela noite, Regulus foi dormir sem nenhum peso na consciência. Seu sono era tranquilo. Até que foi acordado pelo som de alguns livros sendo derrubados.

"Tem alguém aí?" Ele perguntou ao se sentar na cama, ainda sonolento.

Foi então que ele pôde ver. Claramente era a figura de sua mãe, que o deixou boquiaberto. Ela era semitransparente e flutuava, apesar de estar carregando muitas correntes.

"Regulus?" O fantasma de Walburga chamou.

"Mãe?!"

"Sim, meu querido. Sou eu." Walburga riu, mas logo em seguida uma de suas inúmeras correntes se enroscou no cabideiro e a fez cair. Regulus estava tão perplexo que ficou apenas olhando. "Não fique aí olhando, menino! Eu não lhe ensinei boas maneiras?!"

"O que..?" O filho gaguejou, ainda em estado de choque.

"Quando o espírito da sua mãe vem lhe visitar e fica preso nas correntes, você ajuda!"

"Ah, claro! Que indelicadeza a minha!" Foi então que Regulus se levantou e foi ajudar sua mãe a se levantar.

"Ah sim. Bem melhor." O fantasma disse e começou a puxar seu filho para o outro canto do quarto. "Agora, venha comigo."

"Eu acho que ficaria mais fácil se tirasse um pouco dessas joias." Regulus disse no momento em que sua mãe parou, ja levando a mão até uma das correntes dela.

"Não, Regulus, essas correntes não saem jamais. São correntes que eu fiz em vida. Essas são correntes de egoísmo."

"Mas a senhora sempre disse que egoísmo é bom. 'Em um mundo egoísta, os egoístas se dão bem'"

"Você ainda diz isso, depois de todo esse tempo..." Walburga pareceu tocada pela marca que deixou no filho. "Eu devia ficar orgulhosa, você realmente aprendeu."

"É claro, mãe! Você me criou para ser uma estrela."

"Meu filho de verdade." A mãe disse antes de abraçar Regulus. "Você se tornou tudo que eu sempre sonhei." Ela riu.

"Hum, obrigado!" Regulus agradeceu cheio de orgulho de si mesmo.

"O que é terrível!" Foi o que a mãe soltou, deixando o filho confuso. "Esta noite eu quero que você mude."

"A senhora quer que eu o que?!"

"Mude. E não estou falando do seu pijama, que, com o que você ganha, poderia ser muito melhor. Eu quero que mude sua vida, Regulus. Esqueça tudo aquilo que eu disse a você." Walburga suplicou, arrependida do estrago que fez em sua prole. "O mundo não é egoísta, essa era minha desculpa para não ter conseguido me tornar uma estrela. Mas quando eu vejo o que fiz com você... Quando vejo como eu estava errada."

Regulus apenas a encarava, incrédulo de que ela poderia mesmo ser sua mãe, principalmente porque ela começou a chorar. "Você não é a minha mãe! Você nem mesmo é um espírito."

"Eu não sou um espírito?! Eu estou flutuando no espaço, como você quer que eu seja mais fantasmagórica?"

Foi então que o mais jovem agarrou um guarda-chuva e passou por cima da cabeça do espírito de sua mãe, mesmo com os protestos da mulher. "O que está segurando você?! Cabos? Seja o que for, é um bom truque."

"Oh!" Walburga suspirou incrédula. "Essa é a última vez que venho te visitar do além, menino, pode acreditar!"

"Minha mãe nunca diria que estava errada! Ela me criou perfeitamente para ser uma estrela!"

"Eu criei você para ser um egoísta mimado!" A mais velha exclamou, apontando para Regulus. "Mas agora eu tenho a chance de consertar. Esta noite eu mandarei três espíritos para você. Preste atenção ao que te dirão. Se tiver sorte, vão te ajudar a mudar sua vida. Antes que você acabe como eu."

Regulus ainda não acreditava. No momento em que sua mãe se virava para ir embora, ele gritou: "Agora!". E assim seu gato pulou no fantasma, o derrubando no chão. O garoto então jogou um cobertor em cima da figura. "Aha! Pode dizer a todos os ajudantes que te enviaram aqui que estão todos despedidos!". Mas quando Regulus retirou o cobertor, para ver a figura de sua suposta mãe, ela havia desaparecido. "Ué, Navi... Mas o que houve com...?" Ele não chegou a finalizar sua pergunta. "Que coisa estranha..."

Os Fantasmas de RegulusOnde histórias criam vida. Descubra agora