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O terceiro e último dia na biblioteca com Draco Malfoy começou com uma atmosfera tensa. Cheguei mais cedo, e folheei as páginas de um livro que eu havia pego mais cedo enquanto esperava a chegada de Draco. O sutil farfalhar das folhas competia com meus pensamentos tumultuados. Draco entrou tão sorrateiramente quanto uma cobra, o que me fez tomar um leve susto por estar tão imersa em minha própria mente.

— Olha só quem aprendeu a ser pontual. — Draco disse com sarcasmo.

Ele escolheu se sentar ao meu lado, o que era uma mudança em relação aos dias anteriores. Aquela proximidade trouxe uma sensação diferente, como se estivéssemos à beira de algo desconhecido. Seus olhos gélidos encontraram os meus, desafiadores e, ao mesmo tempo, carregados de uma intensidade incomum.

À medida que finalizavamos nosso trabalho nossos olhares se encontravam frequentemente. Durante um momento de silêncio, nossas pernas se encontraram sob a mesa, o que não teria nenhuma importância, isso se algum de nós tivesse se afastado.
O insignificante toque casual nos permeou com eletricidade.

Ao terminarmos o trabalho, a sensação de encruzilhada pairava no ar.

— A trégua não precisa terminar só porque concluímos o trabalho, Hastings. — Sua voz, mais suave do que o habitual, trazia uma sugestão que ecoava em minha mente e na silenciosa biblioteca.

Olhei para ele, perdida em um mar de pensamentos conflitantes. As paredes que havíamos construído ao longo dos anos tremiam diante da possibilidade de algo mais.

— Malfoy, isso seria-... complicado. Não acho que daria certo.

Enquanto a tensão crescia, nossas palavras tornavam-se mais carregadas de significado. Cada frase trocada era como um jogo, uma dança de palavras que flutuavam entre o desafio e uma estranha atração. O ambiente ao nosso redor parecia ceder à energia entre nós, como se a biblioteca fosse um palco para nosso drama pessoal.

— Complicado nem sempre é ruim. É como as coisas mais interessantes acontecem. — Ele se aproximou e intercalou seu olhar entre meus olhos. — Não estou dizendo para sermos amigos, apenas conviver como pessoas normais.

Estendi minha mão. — ...À ser pessoas normais.

Ele aceitou e pegou minha mão. — À ser pessoas normais.

E então, ali estava eu mais uma vez, deitada em minha cama pensando em Draco Malfoy. O toque de sua mão gelada na minha me levou devolta para o baile de inverno, provocando arrepios em meu corpo.

Quando já era de manhã, meu trio de amigos me bombardearam com perguntas sobre como foi passar tanto tempo com meu "maior inimigo", e eu dei as respostas mais breves que pude.

A primeira aula do dia era poções e logo quando ela acabou, eu e Draco entregamos o trabalho para Snape. O trabalho que fez com que eu questionasse tudo o que eu achei que sabia sobre aquele garoto.

Quando sai da sala, me encontrei com George Weasley, que estava ansioso para o jogo de quadribol de amanhã e me contando todos os detalhes sobre o mesmo.

— Ok, já falamos demais sobre mim. Agora me conta, como foi ter que ficar com o Malfoy esses dias?

— Como você ficou sabendo disso?

— Ron me contou. Fiquei profundamente triste por você. Claro que o Snape iria achar algum jeito de torturar alunos sem ser levado para Askaban.

— Bom, foi... Caótico. Mas surpreendentemente, melhor do que eu imaginei que seria.

— O que? Não vai me dizer que está amiguinha dele agora. — George provocou. Mal sabendo que estava mais próximo da verdade do que imaginava, me causou um riso nervoso.

— O que? Você sabe que eu e Malfoy somos como água e óleo, certo?

— Certo. — Ele sorriu — Posso contar com você nas arquibancadas?

— Com certeza! Estarei torcendo por vocês. — Retribui o sorriso.

— E mais uma coisa, Aurora. Eu... Estava pensando se depois você não gostaria de comemorar ou afogar as mágoas comigo. Eu entendo se não quiser, eu só-

Ver seu nervosismo me fez rir. — Relaxa, George. Quero.

— Mesmo? Ah bom, isso é ótimo. — Ele disse ainda mais sorridente.

George era fácil de se estar por perto. Era engraçado, doce, divertido e gentil. O melhor amigo que alguém poderia querer e a alma de qualquer festa que estivesse. Sua amizade era algo reconfortante que fazia eu me questionar se o confortável e simples não poderia se transformar em algo extraordinário.

𝐖𝐡𝐢𝐬𝐩𝐞𝐫𝐬 𝐈𝐧 𝐓𝐡𝐞 𝐃𝐚𝐫𝐤 | 𝐷𝑟𝑎𝑐𝑜 𝑀𝑎𝑙𝑓𝑜𝑦.Where stories live. Discover now