01 ascensão entre ruínas

63 14 49
                                    

    Em 1498, deu-se início a um evento que ficaria marcado na história como a Inquisição, ou a caça às bruxas. Na calada da noite, em Grã-Bretanha, num pequeno vilarejo em Camelot, um exército de cem cavaleiros templários invadiu as casas dos aldeões que estavam apenas dormindo. Era meia-noite quando Amélia Moonflower acordou com o barulho dos cavalos galopando e os gritos de desespero dos aldeões que tentavam correr por suas vidas, enquanto eram covardemente trucidados pelos cavaleiros. Assim que percebeu a invasão, Amélia correu para o quarto de sua filha.
— Adelly! Adelly! Acorde! Adelly, uma garotinha de pele pálida, cabelos pretos com tranças e franja, e olhos roxos, acordou desorientada.
— Mãe? O que houve? — questionou a menina.
— Vista seu sobretudo e venha comigo!

   Disse Amélia, jogando o sobretudo preto sobre a cama. Amélia tinha olhos verdes e cabelos longos castanhos, que balançavam enquanto ela se movia apressadamente. Adelly vestiu o sobretudo rapidamente e seguiu sua mãe até a sala.
— Filha, escute, fique parada. Vou te tornar invisível. Precisamos correr pelo vilarejo e você deve ficar calada.
— Mãe, o que está acontecendo?Amélia desviou o olhar, respondendo com silêncio. Uma luz branca com detalhes em azul emanou de sua mão, tornando-as invisíveis.
— Venha comigo!

   A magia não duraria muito, e Amélia sabia disso. Enquanto corriam pelo vilarejo, avistaram os cavaleiros cortando a cabeça de uma conhecida. Mais adiante, viram crianças sendo mortas sem piedade enquanto choravam pelos corpos de seus pais.
   "Por quê? Por que essa matança desnecessária?" era o que passava pela cabeça de Amélia. Segurando firmemente a mão de Adelly, que já estava completamente traumatizada, assistindo a tudo aquilo, enquanto ambas corriam, puderam ver o povo do vilarejo serem massacrados pelos cavaleiros templários. Ao olhar para trás, Amélia percebeu que algumas casas, plantações e feno estavam pegando fogo, pois os cavaleiros estavam queimando tudo o que viam pela frente, com suas tochas em mãos.

   "Que horror! Eu preciso salvar a minha filha, nem que eu morra!"
   Enquanto corria ao lado de sua filha, Amélia não pôde evitar derramar lágrimas ao ver todo esse pesadelo em sua frente. Assistir seu lar queimar e seus amigos e vizinhos serem destruídos certamente a abalou.
— Adelly, não olhe! — era tarde demais, Adelly já tinha visto o suficiente para ficar traumatizada, e ela sabia disso. Entretanto, ela fechou os olhos com dificuldade, as lágrimas escorrendo dos seus olhos roxos. Naquela noite, ela perdeu sua infância, testemunhando a morte horrível de amigos e conhecidos. Minutos depois, elas atravessaram o vilarejo e correram por uma pequena floresta lotada de árvores de carvalho, com uma neblina bem intensa. A invisibilidade se dissipou, mas felizmente estavam longe dos cavaleiros. Após um breve descanso, seguiram em frente.

Enquanto isso, no vilarejo, os cavaleiros templários continuavam a matança. Em uma pequena casa de madeira, um homem estava ajoelhado, com sua esposa e filha encostadas na parede atrás dele. Diante dele, um cavaleiro templário segurava uma espada. Esse cavaleiro era Barnaby, um homem de 1,89m de altura, com cabelo castanho escuro, olhos azuis e uma barba longa.
— Faça o que quiser comigo, mas por favor, deixe minha esposa e filha vivas! Eu imploro! — disse o homem ajoelhado. Barnaby franziu a sobrancelha e deu um sorriso cínico.
— Que lindo, me emocionei. Não me venha com esse teatro! Vocês são hereges! Inimigos! Adoradores de Satanás que desviaram do caminho correto!
— Por favor, não nos machuque! Não somos bruxas, somos pessoas! — suplicou a mulher, abraçando a filha. Ambas tremiam de medo, lágrimas de desespero escorrendo por seus rostos.

— Está querendo dizer que o rei Hunter está errado?! Ele é guiado pelo padre Magnos, o homem que fala com Deus! Renuncie ao demônio e sejam perdoados por Deus! Ainda há chance para vocês! — disse Barnaby, estendendo a mão ao homem ajoelhado. O homem escondia uma adaga nas costas, pensando em atacar Barnaby quando ele abaixasse a guarda.
   "Por favor, não faça isso!" — pensou a esposa ao perceber a intenção do marido.O homem estendeu a mão para Barnaby e se levantou, indicando que atenderia às expectativas. Barnaby sorriu aliviado, mas, num movimento rápido, o homem atacou. Barnaby, no entanto, abaixou a cabeça instintivamente, impedindo o golpe com seu capacete de ferro. Em seguida, deu um passo à frente, atravessando a barriga do homem com sua espada.

The Revengods: Genesis Onde histórias criam vida. Descubra agora