05 o sacrifício de um fanático

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   A segunda aula estava prestes a começar, e todos os alunos esperavam ansiosamente pelo próximo professor. Enquanto isso, Adelly estava perdida em pensamentos, ponderando se deveria ajudar Aisley ou não. Moyra, percebendo o olhar distante de sua amiga, se aproximou.
— O que foi? Por que está com essa cara? — perguntou Moyra, com um olhar sério. Adelly apenas a encarou, demorando alguns segundos antes de responder.
— A irmã do Oberon me pediu para ajudá-lo. Parece que ele ficou mal depois que perdeu para mim.
— Ah, só isso? Achei que era um problema sério... — Moyra respondeu, com um leve tom de ironia.
— É o que eu estava pensando, mas sei lá, por algum motivo eu quero ajudar ele.
— Tudo bem você ter empatia pelos nossos colegas, mas se eu fosse você, não confiaria em qualquer um não...

   Disse Moyra, lançando um olhar significativo na direção de Celine e Leena, deixando claro para Adelly que nem todos ali eram confiáveis. Antes que Adelly pudesse responder, a porta da sala se abriu e uma professora entrou. Sua presença transmitia uma combinação de segurança e entusiasmo, que imediatamente chamou a atenção dos alunos. Seu cabelo verde, com as pontas brancas, inclusive na franja, era uma visão única que capturava a imaginação.
— Mais um dia de aula! Estão felizes, pessoal?! — perguntou a jovem professora Ophelia, enquanto bocejava de forma exagerada. O entusiasmo em sua voz contrastava com a reação dos alunos, que permaneceram em silêncio, sem saber como reagir. Moyra franziu o cenho, claramente intrigada pela nova professora, enquanto Adelly observava Ophelia com curiosidade. Celine e Leena trocaram olhares desinteressados, enquanto Tatsu, sentado ao fundo, apenas ergueu uma sobrancelha, mantendo seu ar reservado. Ophelia, no entanto, não se deixou abater pela falta de resposta e abriu um largo sorriso ao notar as novatas na sala.

— Ah, olha só, carinhas novas! Olá, novatas, sejam bem-vindas! Eu vou ensiná-las a fazer poções! — afirmou Ophelia, com um brilho nos olhos. Adelly e Moyra trocaram um olhar. Adelly, tentando não parecer muito desconfortável, sorriu timidamente, enquanto Moyra apenas deu um leve aceno de cabeça, ainda avaliando a professora.

— Hoje vamos fazer uma poção de encolhimento, o que acham? — Ophelia continuou, batendo palmas animadamente. Alguns alunos murmuraram em resposta, enquanto outros simplesmente começaram a organizar seus materiais. Adelly se pegou curiosa, imaginando como seria essa aula. Moyra, por outro lado, parecia mais cautelosa, ainda processando a excitação quase infantil da professora.

   Enquanto caminhava pelos corredores da academia, Hansel ainda processava a conversa que teve com Constance. As palavras dela ecoavam em sua mente, trazendo à tona antigas memórias e medos que ele havia tentado enterrar. A revelação sobre Adelly o deixava inquieto, e a responsabilidade que Constance colocara sobre seus ombros parecia mais pesada do que nunca. Enquanto seus passos ecoavam pelo corredor vazio, flashes de um passado sombrio começaram a invadir sua mente. Ele tentou afastar as memórias, mas elas surgiam com uma intensidade esmagadora, como se estivessem esperando para emergir desde a conversa com Constance. Hansel se lembrou de um dia específico, quando ele tinha apenas 17 anos. A visão de sua amiga Amélia, uma jovem bruxa promissora, tentando usar seu poder em um treinamento, surgiu em sua mente. No início, tudo parecia normal, mas algo deu terrivelmente errado. Ele conseguia ver, com uma clareza aterrorizante, o momento em que Amélia perdeu o controle de sua magia.

   Ela se transformou diante de seus olhos, sua forma humana se distorcendo até se tornar uma criatura sombria, quase como uma sombra demoníaca. O horror da cena voltou com força total. Ele se lembrava do caos que se seguiu — o grito de seus colegas, o som dos feitiços que os professores lançavam desesperadamente para tentar conter a devastação, o cheiro de magia queimada e sangue. Hansel assistiu, paralisado, enquanto Amélia, sua amiga, agora uma criatura incontrolável, destruía a escola, eliminando sem piedade alunos e professores que tentavam pará-la. O sangue, o caos, o desespero... Ele podia ver tudo isso claramente agora. Seus amigos, aqueles com quem havia rido e treinado, caíam um a um. O pavor o congelou na época, impedindo-o de agir, e o trauma daquela experiência o seguiu desde então. A culpa por não ter conseguido ajudar, por ter ficado impotente enquanto sua amiga se tornava um monstro, corroía sua alma até hoje. Chegando à sua sala, Hansel se permitiu um momento de silêncio, tentando reorganizar seus pensamentos. As lembranças ainda o perseguiam, como fantasmas de um passado que ele nunca poderia apagar. Ele olhou para as paredes cobertas de livros antigos e artefatos mágicos, e respirou fundo. O peso do que estava por vir era inegável, mas ele sabia que não podia se permitir fraquejar.

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