08 predadores da floresta da morte vazia

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   Enquanto os outros escudeiros se afastavam na neblina, Jensen e Safira avançaram com cautela. A escuridão da Floresta da Morte Vazia parecia mais densa ao redor deles, e o silêncio era quebrado apenas pelos passos hesitantes sobre o chão úmido.
— A mentora Dorothy disse que era para formarmos grupos de três ou quatro... Só estamos nós dois. — Jensen comentou, olhando ao redor na esperança de encontrar outros para se juntar.
— Está tudo bem. — respondeu Safira, sua voz calma contrastando com a tensão no ar.
— Nós somos mais do que suficientes.
— Você acha mesmo? — Jensen a seguiu, ainda incerto.
— Sim. Já lutei ao seu lado, e você é bom. Quanto a mim, já venho lutando a minha vida inteira. Vim aqui para me fortalecer ainda mais.

   Conforme continuavam avançando pela floresta, Jensen finalmente quebrou o silêncio, a hesitação em sua voz evidente.
— Por que você luta? Por que quer tanto ser forte? Não são muitas as mulheres que se tornam guerreiras... apesar de eu já conhecer algumas.

   Safira lançou um olhar para a espada em sua mão, o aço refletindo a luz fraca que penetrava a neblina.
— Faço isso por vingança. Dediquei toda a minha vida a isso.
— Vingança? De quem? — Jensen perguntou, curioso.
— Da minha mãe... e de um certo aristocrata.— Sua própria mãe?! — Jensen mal podia acreditar.

— Por que alguém faria isso?
   Safira apertou os punhos, como se a lembrança causasse uma dor física. Ela evitou o olhar de Jensen.
— Não me sinto confortável falando sobre isso. Na verdade, mal consigo me lembrar... Enterrei essas memórias bem fundo. Só sei que a odeio, e a odeio muito.

   Jensen suspirou, a expressão suavizando.
— Não faz sentido querer matá-la se você nem se lembra direito do que aconteceu. Mas, se precisar conversar, estou aqui. Somos amigos, e eu sempre ajudo meus amigos.

   Ele colocou uma mão no ombro dela, tentando oferecer conforto, mas Safira recuou imediatamente, seus olhos queimando de raiva.
— Não me toque! — gritou ela, a voz carregada de uma emoção que a assustava tanto quanto a ele.
— Desculpe... Eu não sabia que você não gostava de contato físico... — Jensen respondeu, recuando, claramente abalado. Safira deu um suspiro, afastando-se novamente.
— Só não me toque.

   Ainda tenso, Jensen continuou a segui-la em silêncio. Safira, tentando dissipar o clima pesado que se instalara entre eles, perguntou:— A propósito... Eu contei o meu objetivo. Conta o seu.
— Estou aqui por três razões. — Jensen respondeu, olhando para o chão.
— Primeiro, foi uma promessa...

   Ele se lembrou da infância, das brincadeiras com Dayse nos jardins do castelo, e da promessa que fizera de se tornar um cavaleiro para protegê-la.
— E as outras duas?
— Quero me tornar um herói. Uma lenda viva. E o último... — Jensen hesitou, e Safira percebeu a mudança em sua expressão, uma sombra de tristeza atravessando seu rosto.
— Assim como você, eu também busco vingança.

   Safira levantou uma sobrancelha, um pequeno sorriso se formando nos lábios. De certa forma, sentia-se mais próxima dele ao saber que compartilhavam o mesmo desejo.— De quem?
— Dos Orcs que mataram meus pais! — respondeu ele, a tristeza transformando-se em um ódio que distorcia suas feições. Safira não pôde deixar de admirar a intensidade daquele olhar.
— E como foi? — perguntou ela, curiosa. Jensen virou o rosto, a dor era visível.
— Horrível... Como você acha que foi?

   A ironia na voz de Jensen deixou o ambiente ainda mais carregado. Eles continuaram caminhando em silêncio, cada um imerso em seus próprios pensamentos sombrios, enquanto a neblina da floresta os envolvia completamente. Jensen não conseguia afastar as memórias daquele dia terrível, quando tinha apenas nove anos. Uma noite fria e escura, que ele nunca esqueceria. O som de gritos e o cheiro sufocante de fumaça encheram o ar, despertando-o de um sono inquieto.

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