Os minutos se escoavam silenciosamente, mergulhando os dois protagonistas da situação na incerteza temporal que os envolvia. Em meio à tensão palpável, um esforçava-se para manter o outro sob controle, enquanto o segundo buscava freneticamente uma rota de fuga. Era evidente que aquele impasse necessitava de uma conclusão iminente.
O predador, ávido por uma resolução, concebeu uma estratégia. Com destreza, arremessou sua presa contra os robustos armários da sala, deixando-a prostrada e vulnerável por um intervalo indeterminado. Aproveitando a pausa, despojou-se do equipamento que adornava suas asas, revelando a imponência de suas penas douradas.
"Que tal um duelo de asas?" indagou o ser alado, exibindo com elegância o esplendor de suas asas douradas, como se fossem lâminas afiadas prontas para o embate.
A resposta do oponente foi dada com ares de resignação e coragem: "Não deveríamos atrair tanta atenção, mas não vejo razão para recusar o desafio". Ele, então, preparou suas próprias asas, desvelando a majestade das penas brancas que contrastavam com a penumbra circundante.
Assim, os dois seres alados, imersos na dança sutil do confronto, estavam prestes a engajar-se em uma batalha que transcendia as fronteiras físicas, uma disputa que ecoaria não apenas nos sons da luta, mas também nas escolhas que moldariam o desfecho daquele intrigante embate.
Os dois alçaram voo em direção ao vasto jardim da majestosa mansão, erguendo suas asas para se perderem na abóbada estrelada daquela noite inebriante.
"O primeiro a derrubar o outro será o vencedor!" proclamou as asas brancas, ecoando o desafio entre eles.
Sem demora, deram início aos seus movimentos aéreos. Enquanto pairavam pelos céus, suas asas desencadeavam uma dança de acrobacias deslumbrantes e desvios magníficos, transformando o confronto em um espetáculo hipnotizante. Cada movimento parecia coreografado, cada manobra uma sincronia entre adversários que transcendia a mera competição.
O céu testemunhava não apenas um duelo de habilidades, mas uma exibição de destreza e graciosidade. As asas, como pincéis em um quadro celeste, desenhavam figuras etéreas no ar noturno, transformando a luta em uma obra de arte em movimento.
"Você voa bem!" gritou as penas douradas, entrelaçando o elogio na corrente de movimentos aéreos. "Até que é divertido voar com você!"
"Não fale besteiras, você também é habilidoso," respondeu, esboçando um sorriso em meio ao embate.
Por um breve momento, parecia que haviam se esquecido do propósito que os levou ali. A leveza da interação rompeu a tensão do confronto, criando uma pausa serena na batalha. O efêmero instante de camaradagem dissipou a rigidez do embate, como se as diferenças desvanecessem diante da harmonia encontrada naquele duelo.
Entretanto, a efemeridade do momento se desfez abruptamente quando uma saraivada de tiros irrompeu na atmosfera. Patrulheiros, portando metralhadoras, haviam finalmente os avistado. Em meio à emoção do confronto, haviam negligenciado a presença dos vigias que permaneciam alertas naquele território.
A brusca interrupção do confronto os levou a despencar do céu como se fossem duas bigornas desgovernadas. O ar, outrora palco de uma dança graciosa, testemunhou agora o desespero de duas criaturas aladas em queda livre.
Suas asas, outrora símbolos de majestade e habilidade, agora eram fontes de agonia. Dor lancinante percorria cada fibra de suas asas dilaceradas, enquanto sangue e penas eram arrancados pelo vento impiedoso da queda.
O impacto foi inevitável. Eles se espatifaram no chão com um estrondo surdo, seus corpos inertes testemunhando o doloroso desfecho da batalha aérea. A exaustão extrema os mergulhou em um estado de inconsciência imediata, como se o choque do impacto os tivesse roubado de qualquer sensação ou pensamento, afundando-os em um torpor profundo e sem sonhos.
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O Passado (livro 1)
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