Capítulo 10

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NAMJOON

Faz um pouco mais de um mês que venho trazendo Seokjin em casa, mas não o deixo na porta, ele insiste que eu o deixe na esquina de casa porque, segundo ele, a vizinhança costuma falar dele e inventar coisas que pode comprometer a integridade do meu ômega. Também faz pouco mais de um mês que não vejo o meu pequeno Taemim. Talvez seja um grande atrevimento chamar o filhote de meu, mas sinto em cada parte do meu ser que ele é meu, assim como é do meu ômega, e nada mudaria isso.

Certa vez, em uma das caronas, ele me revelou sobre seu passado, foi mais acidental do que outra coisa.

- Eu tinha uns dezesseis anos quando conheci o Hyungsik, ele era amigo do meu pai.

Lembro de segurar firme no volante para manter minha sanidade com cada palavra e a dor por trás delas.

- Meu pai perdeu uma aposta, então... bem, eu estou aqui.

Quando se gosta de alguém, só queremos o melhor para esta pessoa. Quando temos nossos filhos, somos os responsáveis por eles, para mantê-los em segurança e nunca tratá-los como um objeto de pouco valor. Seokjin não me disse muito sobre sua vida, talvez prefira não falar sobre o que parece ser doloroso demais para si, mas quero fazer parte dela, quero cuidar de cada parte machucada e quebrada de seu coração.

Recentemente, pedi para que um dos meus homens ficasse de olho em Hyungsik e me mandasse um relatório completo de sua vida, desde quando usava fraldas até agora, e o que eu li foi muito desagradável. O miserável vive em jogatinas, bebe como um porco, além de viver em meio a prostitutas imundas e ter outros filhos mais velhos com pessoas diferentes o mais
velho é um alfa também: o rapaz deve ter quinze anos, no máximo; e duas betas gêmeas mais novas, de oito anos. Claro que ele não dá o mínimo de assistência a nenhum deles e talvez seja até melhor o manter longe.

Vi também sobre suas dívidas por conta de apostas e bebidas, além da ficha criminal com passagem apenas brigas enquanto embriagado. Infelizmente, nada que o mandasse para longe de vez. Pelo menos, não por enquanto.

SEOKJIN

Esses últimos dias recebendo
venho carona de Namjoon.
Ele sempre é atencioso e muito gentil, pergunta pelo meu filhote e às vezes parece sentir saudade dele. Conversar com ele parece
natural, como se nos conhecêssemos a tempos, além de seu cheiro tão marcante e viril me trazer conforto e segurança. Certa
vez, o alfa até mesmo se ofereceu para ficar com Taemin novamente, só que não quero abusar da sua boa
vontade e apenas dei meu jeito de o deixar em casa.

Hoje eu havia recebido meu
salário, por isso o alfinha e eu fomos dar um passeio neste fim de tarde. A pracinha do quarteirão é feia e mal cuidada, porém é o único lugar onde se pode ver crianças brincando de maneira livre. Não deixei de pensar que em breve seria meu Taemin a correr por aí, fazendo aviquinhos e se

- Papa! - ouvi ele dizer Qué! apontou para o algodão doce.

Ponderei se lhe daria ou não tanto açúcar, mas sei que não faria mal apenas uma vez e também acho que ele merece um pouco de divertimento fora das paredes daquela casa.

- Tudo bem, vamos lá!

Fomos até o beta que vendia o doce: ele era um senhor na casa dos cinquenta que volta e meia aparecia por aqui vendendo doce para as crianças. Apesar de trabalhar com essa faixa etária, ele não era um homem de feições simpáticas na verdade, era bem carrancudo e, tenho certeza, de que assustava crianças menores.

Comprei o algodão doce e voltei para o banco com meu filhote, lhe dei o espetinho e o vi se lambuzar todo de açúcar.

Meu lobo gosta de me sabotar, gosta de criar ilusões baseadas em seus desejos, por isso não deixei de imaginar como seria se Namjoon estivesse aqui. Será que ele iria gostar? Ele poderia brincar com o Taemin...

Tantas coisas...

Eu suspiro, frustrado e um tanto triste. O tempo não demorou a passar. Quando notei já era noite e o movimento nas ruas começava a diminuir, então peguei meu filho e voltamos para casa. O dia foi muito agradável. Chegando em casa, no entanto, Hyungsik estava lá, sentado no sofá e visivelmente bêbado.

Cena de violência

Quando passei pela porta, seu olhar feroz se dirigiu a mim. Apertei o bebê em meus braços por instinto quando ele se aproximou em passos tortos.

- Achou que eu não fosse descobrir, sua putinha? Acha
mesmo que eu sou idiota? a presença do alfa estava me subjugando, principalmente por conta da marca. Você me dá nojo, sua cadela imprestável! Esse tempo todo abrindo suas pernas pra aquele alfa!

Engoli em seco.

- N-não, Hyungsik, não é isso! - tentei me justificar, mas ele segurou firme no meu braço e aproximou nossos corpos.

Então o primeiro tapa veio. Aquilo ardeu e, por pouco, não atingiu o filhote também. O deixei no chão para que ele engatinhasse para o outro lado da sala, e assim  o fez.

- Olhe pra mim! - suas mãos nojentas puxaram meu cabelo. - Você não presta! É mesmo a vagabunda que seu pai disse que se tornaria!

Travei meu rosto, impedindo-me de derramar uma lágrima sequer.

- Eu juro... - comecei num
sussurro, numa tentativa inútil e desesperada de acabar com aquilo. Não tem
ninguém!

- Dessa vez, ele desferiu um soco no meu rosto... - com tudo no chão, e então veio os chutes. Cada um vinha acompanhado de uma palavra de ódio como ele costumava fazer, mas mesmo assim era difícil de se acostumar.

O alfa se abaixou e levantou meu rosto pelo queixo enquanto ouvia meu filhote chorar nossos lobos eram bem ligados. Naquele momento, pude ver os olhos do meu carrasco com um brilho divertido, mas ao mesmo tempo irritado.

- Eu sei das caronas, Seokjin. disse ele, baixo e assustador. Eu sei que anda se encontrando com ele, não é? Aquela velha fofoqueira que toma conta dessa sua cria me falou. Caronas recorrentes... ele anda te fodendo por caronas, Seokjin?

- N-não, não é isso! Eu não estou com ninguém!

- Oh, não está? seu tom era
zombeteiro. Odeio mentiras, Seokjin. Eu simplesmente odeio, mas sabe o que eu mais odeio? Ver a porra do meu Ômega com o cheiro de outro alfa como se fosse a porra de uma prostituta! É isso que você é? Uma prostituta barata? Se for, me avise agora porque assim eu faço dinheiro com você!

Hyungsik acertou outro tapa no meu rosto, que, à essa altura, já queimava pelas agressões. Eu sentia o gosto ferroso na boca, meu nariz latejava e meu corpo tremia. Por mais que tentasse, não consegui conter as lágrimas pela dor, pela humilhação e pela injustiça. Ele continuou a me agredir, dessa vez atingindo meu tronco a ponto de doer ao respirar. Alguns minutos depois, ele, finalmente, deu-se por satisfeito, então segurou um dos meus pulsos e me arrastou para fora de casa, me largando ali no jardim e voltou para dentro de casa: em menos de um minuto, Hyungsik estava segurando
o meu filhote, que chorava ainda mais, de qualquer jeito
em seus braços. Ele, praticamente, atirou Taemin em mim.

- Vá atrás do alfa que anda te
comendo e peça abrigo porque na minha casa puta não fica.

A porta foi fechada com brutalidade. sem direito a nada. Levantei-me, mesmo gemendo de dor, junto com Taemin, que abraçava meu pescoço como toda força que tinha em seu corpinho, e comecei a andar, mesmo sem saber para onde ir.

O tempo já estava esfriando e logo iria chover. Ali, naquela noite fria e na rua deserta, eu me vi machucado, sozinho e com uma criança pequena nos braços sem ter para onde ir.
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Tensooo.......

Espero que tenham gostado, deixa um comentário e a estrelinha, beijo no kur :⁠'⁠(

Heart of Glass (adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora