Capítulo 13

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- "Cara o Pete está estranho."

Foi o que Rain disse assim que se sentou ao lado de Chay que mexia no celular com um sorriso bobo no rosto.

- " E por que?"

- "Chay ... Eu não vejo meu irmão pessoalmente desde o dia que ele sumiu, do nada, do hospital."

- "Ué, como assim? Você não foi pra casa essa semana? Não viu ele?"

- "Não Chay!! No dia que passei em casa ele estava trancado no quarto dizendo que estava doente e que não queria que eu pegasse."

- " Ownt!! Que amor de irmão ..."

- " Não Chay ...meu irmão é bitolado ... Me quer em casa o tempo todo. Já foi estranho ele pedir que eu ficasse com Bank e no dia que passei pra pegar minhas coisas, ele nem quis ver como eu estava, e eu tinha acabado de sair do hospital."

- "Tá dizendo que seu irmão não quiz te ver no dia que você saiu do hospital?? Isso realmente é estranho."

- "Viu?? E quando falo com ele por vídeo ele sempre está com uma cara cansada, olhos fundos, com um semblante cansado. É estranho Chay."

- "Quando você volta pra casa?"

- "Amanhã. Pete falou que posso voltar amanhã que ele já vai estar melhor ... Mas eu tô preocupado."

- "Amanhã você fala com ele então, vê se consegue arrancar alguma coisa com seus olhos de cachorro pidão que seu irmão não resiste."

'Como se fosse assim mesmo', Rain pensou.

Pete cuidava dele com todo amor e carinho do mundo, mas não era como se ele abrisse e contasse seus problemas.

Algo tinha acontecido.

No dia que ele foi no apartamento não pode identificar o que estava acontecendo pelo cheiro. O médico havia trocado seus supressores e inibidores por uns mais fortes, então quando ele abriu a porta de casa, nem o cheiro do irmão conseguia sentir, quanto mais identificar se havia algo de errado com o mais velho.

Bank não falava nada, dizia que não sabia o que estava acontecendo e que Pete havia apenas pedido para que ele o pegasse no hospital e o deixasse ficar por uns dias, mas Rain conhecia o irmão e sabia que ele não estava normal.

Um toque no celular o obrigou a sair dos seus pensamentos e quando olhou a mensagem viu que se tratava da festa beneficente que vai acontecer na ONG o lembrando de repente que ele tinha que passar no clube de música para ver se o presidente concordaria em ajudar no evento.

Crianças gostavam de música!!

'Espero que Pete possa ir no final se semana, ele estava não empolgado.'

O evento consistia em brincadeiras para as crianças, dança e música. Tinham pessoas que cuidavam dos pequenos para que os pais pudessem desfrutar, além de ter assistência de várias áreas diversas, desse consultas gratuitas a clínico geral, dentista e até consultoria legal.

Tudo isso era disponibilizado no dia a dia da ONG mas tinha muita gente que tinha vergonha ou medo de ir diretamente, então aproveitava esse momento para nos conhecer e depois voltavam sempre.

Rain já havia conversado com o clube de culinária e o pessoal ficou mais do que feliz em participar, o pessoal da odonto e medicina iam disponibilizar alguns residentes e estagiários. Claro que um professor estaria junto.

A faculdade sempre se propunha a participar, desde que os alunos quisessem eles poderiam usar o nome da universidade.

Pete via muita coisa que acontecia naquelas "paredes" e nunca deixava ninguém sofrendo sozinho, sempre estava ali para dar conforto.

Muitos intervalos ele passava consolando ou ajudando ômegas a procurar ajuda e apoio. Ele sempre fazia o que podia para ajudar, e quando menos se esperava, a rodinha de pessoas que sentavam na grama do campus foi aumentando.

Era como um grupo de apoio onde as pessoas dividiam as suas experiências, riam, brincavam, faziam piquenique e Pete era o elo que ligava toda aquela corrente, mas ele queria fazer mais por aquelas pessoas, então começou a ir atrás dos professores, coordenadores e reitores pedindo consultoria.

Claro que, como um aluno universitário, ele não conseguia muita coisa, mas ele corria atrás de meios para ajudar os ômegas que participavam do grupo e assim a ONG foi tomando forma e hoje tem muita gente envolvida.

- "Chay, tô indo no clube de música. Vai junto ou vai ficar olhando para o celular com cara de besta?"

- "Vai se foder Rain." - Chay falou pegando a mochila já contornando a mesa indo em direção ao amigo.

Não demorou pra começar a ouvir sons de guitarra e bateria, era uma cacofonia sem ritmo nenhum, provavelmente estavam afinando os instrumentos.

- " Olá!! Com licença."

Rain deu uma leve batida na porta da sala levemente aberta trazendo olhares curiosos sobre si.

- " Oh pode entrar."

- " O presidente do clube está?"

- " Ah .. ele deu uma saída, mas pode esperar se quiser, ele deve voltar logo."

Um dos meninos que estava segurando um baixo falou apontando um amplificador, já que não havia cadeiras disponíveis.

- " Obrigado."

Depois de um tempo ouvindo os meninos do clube tocando, Rain percebeu uma presença nova na sala que o fez desviar o olhar para o recém chegado que não era ninguém menos do que o rapaz que havia trombado com ele alguma dias atrás.

- " Ei Payu! Onde você estava?? Eles estão esperando por você já faz um tempo." - ele acenou na direção de Rain que mexia com os dedos.

Payu arregalou os olhos quando viu o garoto que esperava por ele com as orelhas já vermelhas.

- "O ... Ola!" - Rain levantou limpando as mãos molhadas de suor nas calças enquanto se levantava. - " Você é o presidente do clube de música?"

- "Sim ..." - Payu fingia uma calma enquanto o coração batia feito um louco se perdendo nos olhos do outro.

- "Eu ... eu preciso conversar com você sobre um projeto, não sei se o professor já falou com você?"

- " Ah ... Sim ... É sobre o projeto da ONG neh?? Estava falando com o professor agora sobre isso. Vem, vamos conversar."

Payu levou Rain até uma pequena sala no fundo da sala que tinha alguns instrumentos pendurados na parede e uma pequena mesa com duas cadeiras, uma de cada lado da mesa.

- "Pode sentar."

Havia uma tensão na sala enquanto os dois se olhavam nos olhos em silêncio.

Ambos ficaram assim até que finalmente Rain conseguiu sair do transe que se encontravam finalmente falando sobre o assunto que o levará ate ali.

- " Então... Sobre o evento, a ideia seria fazer uma oficina de música para ensinar as crianças violão, bateria .. essas coisas. Coisas simples, pois dura apenas um final de semana."

- " Você sabe mais ou menos a faixa etária das crianças?"

- " Temos crianças se várias idades que são assistidas pela nossa instituição."

- " Legal!! Da pra fazer bastante coisa."

Eles ficaram ali conversando sobre o que poderiam fazer, como seria o final de semana e tudo que envolveria.

Nenhum deles viu a hora passar só se dando conta de quanto tempo havia passado quando Chay chamou Rain na porta informando que a próxima aula estava para iniciar.

Quando Rain passou pela porta da sala, deixando Payu com seu número de telefone e uma promessa de contato posterior, uma sensação estranha surgiu o que fez o ômega olhar sobre os ombros visualizando o alfa olhando fixamente para ele com um brilho púrpura nos olhos.

Aqueles olhos despertaram uma insegurança e medo fazendo Rain apertar o passo saindo da sala so clube de música quase correndo com o coração batendo na boca e o estômago embrulhando.

Soulmates - An omegaverse storyOnde histórias criam vida. Descubra agora