Era apenas véspera da véspera de Natal, mas durante o jantar, a minha mãe não parava de falar dos preparativos da tradicional festa anual dada em nossa casa. Acho que era a sua parte preferida no ano.
Papai olhava para a minha mãe feito um bobo, enquanto ela contava as suas novidades, como se não fossem as mesmas todo ano. Mas apesar de nosso Natal não ser comemorado apenas entre nós, temos nossa própria tradição de família desde que eu tinha seis anos: um passeio de trenó pela Villa Bianchi na noite do dia vinte e três.
Meu pai começou isso quando Vittoria, Ella e eu éramos pequenos, e por mais que pudéssemos ter parado de ir aos passeios conforme crescemos, ele decidiu manter a tradição viva para Aurora.
Cada dezembro, a Villa Bianchi se transformava em um espetáculo de luzes cintilantes, como se o condomínio da minha família fosse uma pequena cidade natalina.
— E você, Leo, qual é o seu pedido para o papai Noel? — minha irmã mais nova perguntou, entusiasmada e seus olhos castanhos cheios de ansiedade.
Eu recostei na cadeira, arqueando uma sobrancelha.
— Rory, você sabe que tem doze anos, certo? — perguntei.
Ela franziu um nariz de um jeito petulante, largou seu garfo em cima do prato e cruzou os braços.
— Qual o problema nisso? — perguntou.
— E você sabe que papai Noel não existe? — retruquei.
Ela ficou em silêncio por uns segundos, me desafiando com um olhar. Meu pai pigarreou e minha mãe me olhou como se esperasse que eu voltasse atrás.
— Leo.... — Minha mãe disse meu nome de um jeito repreensivo.
Eu dei de ombros, cortando um pedaço de carne no meu prato.
— Eu não acho que Rory precise viver pra sempre no mundo da fantasia. — Eu olhei para a minha irmã — Seja pé no chão e confiante, Aurora. Você é uma princesa da máfia, precisa encarar a realidade e não ser manipulada. No nosso mundo, homens costumam se aproveitar de mulheres com mentes fracas e passar a vida toda acreditando em coisas mágicas e contos de fadas, torna você fraca.
Ela manteve um beicinho.
— Você não precisa ser tão duro. Ela tem apenas doze anos. — disse Ella.
Meu pai olhou para Aurora, tentando parecer mais suave e sorriu, ignorando o que eu disse.
— Ele não está falando sério, Rory. — Papai respondeu — Você pode acreditar no que quiser e ser quem quiser. Se você ama o Natal, continue amando o Natal e acreditando em Papai Noel.
— Claro, querida. — Minha mãe acrescentou — Seu irmão é um Grinch.
Eu apenas ri da comparação enquanto levava um pedaço de carne a boca.
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O Jogo Bianchi
Short StoryUm conto de natal narrado pelos 4 Bianchi mais velhos da próxima geração, passando alguns dias de aventura pelas ruas de Nova York