— Uma intrusa, era tudo que eu precisava. — Sua voz carregava uma raiva contida, os olhos fixos em mim como se tentassem desvendar algo mais profundo.
Aquelas palavras afetaram-me de forma estranha, criando um desconforto em meu estômago. Senti-me como se estivesse invadindo um espaço onde não era bem-vinda. Se bem que pelo o pouco que ouvi da conversa, eu conseguia ter um pouco de noção do motivo.
— Desculpe, não foi minha intenção... — tentei justificar-me, buscando acalma-lo. — Eu não ouvi quase nada, pode ficar tranquilo.
Suas feições se suavizaram um pouco diante da minha tentativa de esclarecimento, mas a tensão permaneceu visível. Ele pareceu ponderar por um momento, seus olhos ainda fixos nos meus como se estivesse avaliando se podia confiar em minhas palavras.
— Não importa o que você ouviu ou deixou de ouvir. — Ele finalmente falou, com um tom mais ameno, mas ainda carregado de desconfiança. — Só mantenha distância, certo?
Antes que eu pudesse responder, um grupo de campistas barulhentos se aproximou, interrompendo nossa breve conversa. Ele lançou um último olhar em minha direção antes de se afastar, mesclando-se entre os outros.
Fiquei ali, parada, sentindo um nó se formar em minha garganta. A sensação de ser uma intrusa persistia, e apesar de suas palavras, a curiosidade sobre o que havia escutado ecoava em minha mente. Decidi me afastar, misturando-me novamente à atmosfera animada da fogueira, tentando deixar para trás aquele estranho encontro e as sensações conflitantes que ele despertara.
— Allie, desculpa pelo Jake, ele é um insensível. Não ligamos para o seu passado. — Amelie veio ao me encontro. — Agora o que acha de nos divertimos um pouco?
Ela estendeu um copo para mim, peguei e decidi que deixaria a minha vida para trás e iria aproveitar essa chance que o destino estava me dando. Bebi o líquido do copo que desceu queimando pela minha garganta.
— Bora pessoal! Vamos animar um pouco as coisas. — Gritou um rapaz alto e musculoso enquanto levanta seu copo. — Jogo da garrafa!
Todos gritaram levantando seus copos. Pelas minhas contas tinham em torno de 50 alunos, pelo o que Amelie havia contado, competidores do país inteiro vinham para o acampamento, era uma forma de aprender e se divertir ao mesmo tempo. Os professores fingiam estar de olho, mas desde que ninguém faltasse as atividades, estava tudo bem com as festas. Os adultos fingiam não estar vendo e nós fingiríamos estar seguindo as regras.
As pessoas se juntaram em volta da grande fogueira, decidi que não estava pronta para brincar ainda. Amelie continuou ao meu lado com um sorriso, logo percebi que ela parecia estar flertando com um rapaz do outro lado. Dei uma olhada em volta, eu estava curiosa para entender aquele estranho. Aquela conversa me deixou extremamente intrigada.
— Alex Walter não para de olhar para você. — Minha amiga sussurrou em meu ouvido, ela tinha um sorrisinho travesso. Acompanhei o seu olhar e então o encontrei.
— Alex Walter? Ele vem sempre aqui?
— Não, ele é novo, um bolsista também. É uma gracinha né? Tentei descobrir mais sobre ele, mas a única coisa que sei é que um olheiro o encontrou no Colorado e ele nem foi o campeão da competição. — Ela me encarou. — Vocês já se viram?
— Esbarrei com ele mais cedo. — comentei sem animação, mas foi o suficiente pro sorriso bobo voltar para os lábios dela. — A gente nem conversou. — Dei de ombros.
— Ele chamou sua atenção. — A voz animada de Amelie flutuou em meu ouvido.
— Não chamou não. — Respondi, tentando manter uma postura desinteressada.
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Amor de verão / Alex Walter fanfiction
FanficAbandonada na porta de um orfanato em uma noite gelada, Allie cresceu no interior do Texas, encontrando refúgio e alegria no Casarão Campbell, um rancho que abrigava sua infância feliz junto a outros órfãos. Sua paixão pelos cavalos e pela equitação...