Capítulo V

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Notas:
1) Voltei e vou fugir Kkkk (brincadeira)
2) Música do capítulo: Apolozige - Timbaland

Sarada on

Dias atuais

"I'm holding on your rope
Got me ten feet off the ground
And I'm hearing what you say
But I just can't make a sound"

Assim que Boruto deixou o apartamento sem me dar qualquer explicação, eu foquei toda a raiva juntamente da mágoa que sentia na xícara de café puro que ele havia preparado mais cedo arremessando-a com força na parede perto do fogão, como se isso fosse me trazer algum tipo de alívio ao assistir a porcelana estilhaçar e as gotas do líquido escuro escorrerem na mesma velocidade que lágrimas deixavam meus olhos insistentemente.

Mais uma vez eu havia agido covardemente e deixado Boruto escapar pelo meio dos meus dedos, com receio de demonstrar o meu verdadeiro eu e o vulcão prestes a entrar em erupção que eram os meus sentimentos pelo loiro, com receio de ser julgada por ele.

"You tell me that you need me
Then you go and cut me down, but wait
You tell me that you're sorry
Didn't think I'd turn around and say
That it's too late to apologize, it's too late
I said it's too late to apologize, it's too late
Too late, oh"

"Eu era toda errada e sabia disso"

Acostumada a ouvir de meu avô Fugaku, que eu nunca chegaria perto dos padrões de perfeição de tio Itachi ou ser minimamente uma Uchiha de nível elevado como meu pai, o respeitado delegado da cidade, eu cresci fazendo propositalmente jus ao apelido que vovô me dera quando criança, "garota corrompida", caçando sempre confusão no intuito de chamar atenção, principalmente dos meus pais, ocupados demais com seus respectivos empregos.

Embora tenha sido torturante crescer sob as rédeas do velho Uchiha, escutando diariamente o quão desajustada e incorrigível
eu era, mesmo que me esforçasse para impressioná-lo e tirasse boas notas no colégio, eu tentava compreender a ausência da minha mãe que dava tudo de si para conciliar o trabalho de enfermeira com a faculdade de medicina, sendo duramente criticada por vovô por isso.

No fundo, apesar de nunca expressar abertamente, provavelmente em respeito ao meu pai, Fugaku nunca aprovou a união do filho mais novo com a minha mãe. Proveniente de uma família inexpressiva, Sakura Haruno engravidou acidentalmente aos dezessete anos, do meu pai, logo após se formar no colégio e ser aprovada na faculdade de medicina, tendo sido obrigada a adiar seu sonho de se tornar médica para dar a luz a mim.

Em contrapartida, meu pai prosseguiu com seu curso de direito, se formando entre os primeiros da turma, como esperado de um Uchiha e tornando-se o mais jovem delegado de Konoha.

Quando eu completei doze anos, minha mãe decidiu que era hora de voltar a se dedicar aos estudos e para que isso fosse possível, sem que ela deixasse seu emprego de enfermeira no hospital municipal, eu fui largada aos cuidados do meu avô paterno, morando com ele até terminar o ensino médio no Green Leaf.

Fugaku se incumbiu da minha educação me criando de forma severa da maneira que julgou ser a adequada, deixando inclusive antes de falecer, boa parte de sua herança para mim além desse confortável apartamento, alegando que por eu ser uma garota incopetente demais para arranjar um bom marido, era melhor ele se certificar pelo menos de que eu tivesse um teto para morar e algum dinheiro para me sustentar antes de partir dessa vida.

No fim, até que o velho Uchiha havia sido generoso e parando agora para refletir, eu via que ele sempre tivera razão. Depois de tudo o que eu havia aprontado nessa vida, realmente eu não era merecedora do amor de ninguém, ainda mais de uma pessoa tão boa e livre de malícia, como Boruto Uzumaki. Jamais conseguiria fazê-lo feliz como ele merecia e por esse motivo eu deveria entender que amar também significava abrir mão e deixá-lo partir.

Odeio te Amar #BorusaraOnde histórias criam vida. Descubra agora