A Chegada

22 0 0
                                    

   De bruços em minha cama e de pernas bobas, conversamos no laptop.
    "Eu moro com a minha mãe. E vc?"
    ''Eu tenho um apartamento "
    "Legal. Me chamo Ethan. Muito prazer"
     E então, ele respondeu....

                               ......

Capítulo 1: A chegada

    O cheiro do verão entrava pelas janelas do carro, uma brisa morna e verde. Pelo bairro, crianças alegravam-se com pistolas de água ou mangueiras nos jardins de suas casas. Wade e eu estamos novamente em Atlanta.
    — Você não quer entrar? Talvez beber um suco — aventurei.
    Wade deixou minha mala ao meu lado e respondeu:
    — A noite eu venho.
    Ele sorriu e me olhou por dez segundos. Logo, o seu corpo do verão se uniu brevemente ao meu. Axilas molhadas, peito abafado e grudado à regata branca.
    — Até mais tarde — falou.
    — Até.
    E esperei o jipe cor abelha entrar na viela, então, entrei em casa.
    Aroma de lavanda, brilho no piso de madeira, janelas abertas e um jarro com flores no meio da mesinha na sala.
    — Jane, eu cheguei!
    Da cozinha, aquela mulher de cabelo milho e olhos de menta, veio me abraçar com aquele corpo saudável e vegetariano.
    — Como foi a viagem? Fiquei sabendo que você e Wade estão se entendendo.
    Ela se sentou comigo no sofá.
    — É. A gente está se dando bem melhor agora.
    — Mas como assim? O que vocês fizeram para se entenderem?
    — Ah...
    — O Wade deve ter feito um milagre — ela riu. — Vai me conta, não fica calado assim.
    — Eu percebi que o Wade é um cara legal.
    — O que vocês fizeram lá?
    Dei uma facada nele, e ele quase arrancou o meu pescoço. Depois, fodemos pra caralho.
    — Ethan?
    Engoli em seco e respondi:
    — Estou um pouco cansado da viagem, Jane, eu te conto depois.

                              ★

    À tarde, os meus amigos vieram me ver. Trent, Emily, Lacey e David.
    — Como foi a viagem? — perguntou-me Emily. Ela foi a primeira a me abraçar.
    — Foi ótima. Uau! E esse cabelo — falei isso para o Trent.
    — E aí, gostou?
    Ele descoloriu o cabelo.
    — Ficou show — comentei.
    O Trent usa uma argolinha na narina esquerda, assim como a Lacey. Esta, indagou:
    — Você e o Wade estão de boa?
    — Sim.
    — O seu padrasto gostoso te deu um jeito, Ethan? — disse Trent, rindo.
    Deu sim, e como deu.
    — Ah, cala boca — Eu ri também.
    Antes de ir embora, Jane fez pipoca para eu e meus amigos assistirmos a um filme.
    — E a pipoca acabou — disse David. — E eu nem enchi a pança.
    — Eu vou fazer mais — dei uma risadinha e saí com a bacia da pipoca.
    Na cozinha, peguei uma panela e acendi o fogão. Foi quando Emily apareceu. Ele é baixinha, magra e tem o cabelo curtinho.
    — Você está bem? O Wade te fez alguma coisa? — perguntou. Ela vestia calças folgadas e uma camisa preta.
    — Como assim? — indaguei.
    — Você dizia que ele sempre foi bonzinho só para manter uma boa aparência para sua mãe. Eu imaginei que isso mudaria sem ela por perto. Ele não te machucou?
    "Seu mimado da porra! Você tentou me matar? Em, seu merda? Seu mimado da porra!"
    — Não. Ele não me machucou.
    "Ah!".
    Limpei a garganta antes de acrescentar:    
    — Eu estava enganado. O Wade realmente é um cara legal.
    — O que te fez mudar de ideia?
    — Eu já disse. 
    — Pra mim você pode contar. Mesmo falando mal dele, você falou que gostava dele.
    — Sim, eu sei o que eu disse.
    — Você é bonito, Ethan. E olha que eu nem gosto de garotos. Mas...
   — Está dizendo que eu sou irresistível, que nenhum homem se renderia aos meus encantos? Hahaha!
   Ela riu também. Depois, falou:
    — Ethan, qual é? Você só estava tentando afastar o Wade para tentar não gostar mais dele. E agora fala dele como se tivesse feito o contrário, ficado com ele.
    Eu não poderia contar tudo o que aconteceu entre mim e o Wade na fazenda. Os comentários do Trent, sobre o meu padrasto gostoso, eram puramente sarcásticos. Eu e o resto da galera levava isso numa boa, porém, eles não sabiam da verdade. Exceto a Emily, a única realmente à par dos meus reais sentimentos pelo Wade.
    — E então? — ela insistiu.
   Fiquei quieto e sem olhá-la.
    — Vocês ficaram, não foi?
    Abaixei a voz ao dizer:
    — Ninguém pode saber disso, Emily. Sim, você sabe que eu gosto dele. E sim, a gente transou. E eu não me arrependo.
   Emily abaixou as sobrancelhas e disse:
    — Por que se arrependeria? Você estava caidinho por ele.
    — É, eu sei. Mas agora que aconteceu eu... Eu não sei — suspirei antes de acrescentar: — Eu não queria que tivesse acabado.
    — E acabou?
    — Provavelmente, porque... Emily, isso é loucura.
    — Ah, com certeza — Ela fez uma careta. — Mesmo assim, uma boa loucura.
     — Muito boa — Eu ri também.
    Então, meu sorriso sumiu. 
    Ao som do estouro da pipoca, passou-se um minuto.
    — O que mais aconteceu, Ethan? — tinha um ar de preocupação na voz dela. — Parece que aconteceu alguma coisa, algo mais sério.
    Uma tentativa de homicídio é mais sério do que transar com o namorado da sua própria mãe? Provavelmente.
    — Não aconteceu nada — falei. — Quero dizer, aconteceu. Mas eu não vou contar porque eu só quero esquecer.
    — Foi tão ruim assim?
    Assenti com a cabeça. Desliguei o fogão e joguei a pipoca na bacia.
    — Ah, Ethan, me conta.
    — Tudo o que posso dizer é que eu machuquei o Wade e ele me machucou — joguei sal na pipoca e completei: — Depois disso, a gente se entendeu.
    — E você está bem, mesmo assim?
    Assenti.
    Não era necessário mencionar para a Emily que eu queria o total sigilo da nossa conversa, afinal, eu a conheço há tanto tempo que nossa comunicação já se tornou visual.
    — Só toma cuidado, Ethan — Seu olhar era de compreensão. — Você e o Wade, é...
    — Eu sei. Mas como eu já disse, isso provavelmente já acabou. Então — parei de repente, com os olhos lacrimejantes.
    Emily me abraçou.
    — Está tudo bem. Eu sei como é isso. Sei como é estar com alguém e não estar totalmente seguro. Ficar sentindo essa maldita incerteza.
    — É.
    — Tudo vai ficar bem — ela sorriu com um olhar gentil.
    Enxuguei os olhos e voltamos para a sala.
    Depois que os meus amigos foram embora, eu fui para o meu quarto. Olhei o laptop. Tinha uma mensagem do Dylan. O rapaz do aplicativo, de pele chocolate, olhos mel, 21 anos de idade. Ele sorria na foto, dentes muito bonitos.
    "Esse é o meu número".
    Salvei o contato e mandei uma mensagem.
    "Oi, Dylan. Tudo bem?"
    Não demorou para responder:
    "Oi, Ethan. Estou bem e vc?". Ele mandou uma figurinha sorridente.
    "Fazendo o quê?"
    "Acabei de chegar no trabalho. Sou bartender".
   "Está muito ocupado?"
    ''Um pouquinho. Haha"
    "Então nos falamos depois. Tchau".
    Após um cochilo, acordei recebendo cafuné da minha mãe.
    — Oi — ela disse, sorrindo.
    — Oi. Chegou agora? — bocejei, enquanto era puxado para um abraço.
    E senti o cheiro do cabelo dela. Amêndoas.
    — Sim. Me conta da viagem. O que fez?
    — Ah eu... nadei no lago, fui na floresta, andei a cavalo.
     — Olha só. Nunca imaginaria você em cima de um cavalo — Ela riu.
     — Eu tive medo no início, mas logo eu peguei o jeito.
     Não contei, mas o Wade no início me pôs para cavalgar junto com ele, no mesmo cavalo. Foi maravilhoso sentir aquele homem atrás de mim, com aquele cuidado todo — me ensinando e me mantendo seguro. Suas mãos tocando as minhas. O som do campo, os insetos no capim, a brisa, o cheiro de mato. O cheiro do Wade.
    — E o que mais você gostou de fazer?
    — Ah... de tudo.
    Principalmente quando o Wade fazia amor comigo.
    — Que bom. Estou muito orgulhosa de você. E olha essa pele! Você está tão bonito. Sair desse lugar te fez muito bem mesmo. Viu como eu estava certa?
    Revirei os olhos.
    — É. Você estava certa — dei uma risadinha.
    — Então, chega de escândalos, olhares raivosos e greve de fome, certo? — ela fez uma careta.
    — Chega — assenti, rindo também.
    Ele deixou um beijo em minha testa e acrescentou:
     — O Wade disse que machucou o ombro com um pedaço de madeira e você o ajudou.
     — É, eu...
    "Você tentou me matar? Seu merda, você tentou me matar?"
    "Ah!"
    — Eu ajudei — Sorri.
    — Viu só como a paranóica do kit médico tinha razão outra vez. Hehehe!
    Eu ri também, concordando com ela.
    — Foi bom ter levado a maleta.
    Minha mãe escondeu os dentes. Ainda sorrindo disse:
    — Você está bem? Está tão quieto, pensativo. É por causa do seu pai?
    Ah, o meu pai.
    Também.
    — Quando foi a última vez que falou com ele?
    — Ontem, no hospital. Disse que quer te ver amanhã. Ei, o que foi? Está pensativo de novo. Tudo bem se não estiver pronto para vê-lo tão cedo.
    — Estou bem. Mas, acha mesmo que ele mudou? Como é que ele está?
    — Disse que não quer mais saber de bebida. Já arrumou até um emprego, acredita? — ela deu uma risadinha, meio que orgulhosa do meu pai. — É como se ele fosse outra vez o Brian de antes, sabe? O bom, o gentil. O Brian de quando a gente se conheceu. 
    — E isso prova que ele mudou de verdade?
    — Não, mas é um começo. E afinal, ele sempre fará parte das nossas vidas. É o seu pai e o meu ex-marido, só isso.
    — Ele foi pra cadeia por bater na gente.
    — Eu sei, Ethan — Ela suspirou antes de completar: — O que aconteceu, aconteceu. Do Brian eu não guardo mágoa, porque isso é só um veneno para mim mesma. Eu prefiro seguir em frente. Agora eu tenho o Wade, e agora vocês já estão se entendendo. Melhor ainda. Eu estou muito feliz com isso.
    — Que bom que você está feliz, mãe. Pelo visto fazer terapia te fez muito bem.
    — Fez sim. Aliás, eu deveria era ter mandado você e o Wade para terapia. Como não pensei nisso antes?
    — Ah, mãe, para! A gente quase se matou, mas nos entendemos — eu ri.
    — Ah, não exagera. Haha. Anda, vai tomar um banho — Ela se levantou da cama. Completou antes de sair. — Vamos jantar em uma hora. O Wade vai vir.
   — Tá.
   — E, filho.
   — Sim?
   — Estou orgulhosa de você.
   Então, contente, fui tomar o meu banho. E quando desci, o Wade já tinha chegado.
   — Oi, Ethan — disse.
   — Oi — falei, sorrindo.
   Eu queria era ter pulado nos braços dele e beijá-lo, porém, a minha mãe estava lá. Por isso, só apertamos as mãos.
    — Olha vocês. Tão lindos juntos.
    Ela nem imagina o quanto.
    Wade vestia uma camisa vinho, dobrada até o meio dos braços. O peitoral estava bastante à mostra. Na sala de jantar, sentei ao lado dele. Comemos frango com ervilha e purê de batata.
    — Visei a manutenção de alguns equipamentos. Troca de alguns colchonetes…
    Wade e a minha mãe conversavam a respeito do dia deles hoje. O dele na academia, depois que me deixou em casa, e o dela, no hospital.
    — Ele some o tempo todo. E na hora de aplicar o remédio, onde o senhor Finley está? No pátio. Cortejando a dona Ofélia  — disse a minha mãe, rindo.
    Rimos.
    E, em certo momento, pousei a minha mão na coxa do Wade. De repente, uma chama alegrou a minha mente.
    Era tão ruim o Wade e eu ficarmos juntos, enquanto namorava a minha mãe? Alguém decente diria que sim, mas desde quando amar é indecência? E desde de quando eu me importaria em ser decente? Estava explorando os meus sentimentos, omitir isso, como o Wade mesmo disse, isso sim seria ruim. Hahaha.
    A minha natureza, essa de não se importar muito em pegar o homem da própria mãe. Como um espetáculo de estorninhos, belos mas destruidores de plantações. Eles estão cagando para o dono da colheita, só querem comer tudo.
    "A natureza é assim. Bela, assustadora mas... não má."
    Essa minha alma de estorninhos, a do Wade também. O caos que fizemos e faríamos juntos, se a minha mãe descobrisse.
    Um espetáculo perigoso. Ainda assim, belo, intenso e que me arrepiava por completo, como a pele gelada banhada pela luz do sol. Eu e o Wade.
    — Me conta mais sobre a viagem.
    Eu não queria perder isso.
    — Não te contamos muito sobre Greeville, não foi? — Wade olhou para mim.
    Eu assenti. Depois pousei minha mão esquerda na coxa dele, enquanto ele contava para a minha mãe sobre nossa ida à verde Greenville.
    Eu seria o amante do namorado da minha própria mãe? Sim, pensei.
    Afinal, era algo só entre mim e o Wade. Quem iria saber, quem iria nos julgar? No entanto, parecia que o Wade não estaria disposto a manter esse fogo aceso entre nós.
    Deslizei mais a minha mão e parei no volume no meio das pernas dele. Apertei.
    Wade fez uma pausa e me olhou, dizendo:
    — O Ethan conheceu meus amigos e...
    Ele limpou a garganta e afastou minha mão. Seu breve olhar me fez encolher. E nosso caso de amor se distanciou cada vez mais. Pareceu ter ficado naquela fazenda, naquele lago, naquela casa fora de Atlanta. 
    Wade não o trouxe junto, eu sim.
    Preferia nunca ter saído daquele campo, a ter que cumprir o combinado.
    "O que acontecer fica só entre a gente, está bem?"
    Eu tinha prometido.
     — Eu vou subir — falei ao me levantar da mesa.
    — O que foi? — perguntou a minha mãe.
    — Nada. Eu já quero subir — repeti.
    — Ainda está cedo — Wade aventurou.
    — Estou um pouco cansado — acrescentei.
    — Está bem — minha mãe terminou.
    — Tchau, Wade.
    — Tchau — Ele engoliu em seco e me olhou meio que esperando que eu mudasse de ideia e ficasse mais tempo à mesa.
    Não fiquei.
    Subi as escadas e, no fim do corredor, entrei no banheiro. Olhei minha face incendiada no espelho. Lágrimas foram logo acionadas, pingaram na pia. Tentei refrescá-lo com água.
    — Acabou, Ethan — falei-me. — Tudo acabou.
    Esse pensamento de perda rondava a minha cabeça. Sentado na ponta da cama, soluçando, tentei me consolar abraçando o meu corpo.
   Quietude. Sozinho no quarto, apenas ouvindo a minha respiração, até o som do meu coração.
   Então, decidi mandar um "oi" para o Dylan. Cerca de dez minutos depois, recebi minha resposta:
    "Oi, Ethan. Como vc está?"
    "Tudo bem. Onde vc está agora?"
    "Bem. Estou no meu quarto, no vídeo game'’
    "Bom. Um dia você poderia vir aqui pra gente se conhecer. Faço um drink pra vc. Hehe"
    "Eu adoraria"
    "Qual o seu preferido? Deixa eu adivinhar "
    "Tá. Haha"
    "Morango?"
    "Sério? Como assim você adivinhou?"
    "Eu tenho essa intuição para adivinhar os drinques dos clientes".
    "Não? Bom".
    "Anotado, então? Um coquetel de morango?"
    "Sim".
    Mandei uma figurinha de cara sorridente, e o Dylan uma selfie dele no bar, em seguida.
    "Bonitão" — enviei.
     Ele mandou um emoji de uma carinha sorridente e corada.
    Depois disso eu voltei a jogar vídeo game. Eu já tinha matado um monte de zumbis quando ouvi batidas na porta.
    — Entra.
    — Wade?
    — Eu vim ver como você está.
    — Estou bem — disse e voltei a atenção para a tela do computador. — Bem vindo ao meu quarto. Não repara a bagunça na cama. Haha.
    Wade chegou atrás de mim. Tocou as mãos no meu ombro.
    — Legal — disse. — É muito lindo.
    — Obrigado. 
    Borboletas monarcas voavam no azul pastel das paredes. Tinha duas vidraças do lado esquerdo e no meio a minha cama — misturada com algumas almofadas, roupas e um cobertor lavanda; e tinha uma janela logo após a cabeceira dela. Eu costumo deixar as cortinas desta janela entreaberta, assim sou iluminado pela luz da manhã. Me espreguiço sobre a luz dourada, olho para o teto e vejo cristais de estrelas, luas e enfeites de flores, pendurados por barbantes.
    — Eu gostei de verdade — Wade acrescentou.
    Pegou um puff e sentou-se ao meu lado. Limpou a garganta e falou:
   — Eu sei o que está pensando.
    — Sabe?
    Wade riu e acrescentou:
    — Nós acabamos de chegar e você já quer complicar as coisas?
    Quieto e com os olhos inundados, olhei brevemente para o Wade e novamente para o jogo.
    — Ei, Ethan.
    Ele segurou o meu queixo e passou o polegar em meus lábios. Fechou os olhos ao suspirar.
    — Eu adoraria voltar atrás com o nosso combinado, mas isso é arriscado. Agora mais do que nunca.
    — Não precisa ser aqui. Agora que a gente está se dando bem, qual o problema de sairmos juntos? Eu posso ir na sua casa, passar mais tempo juntos. Está tudo perfeito pra gente.
    — Ethan, eu...
    Congelei o vídeo game e disse:
    — Ninguém vai saber, é algo só nosso. O monte de gente deve fazer isso, escondido. Vai ser o nosso segredo.
    — Você não vai parar, não é? Vai me dar vários motivos para ficarmos juntos. Ethan, como eu posso ficar com os dois? Com a mãe e o filho? Isso é loucura.
    — Wade, por favor. Eu não quero que isso acabe.
    Ele não me olhou por quase um minuto. Então, falou:
    — Está bem. Mas vamos tomar cuidado. E quando não estivermos sozinhos, eu não quero nenhuma atitude que possa me... atiçar, sabe? Como você fez na mesa do jantar.
    Minha alegria correu como uma cascata.
    — Tá, eu não vou fazer nada que possa nos deixar em apuros. Pelo menos não agora — Sorri.
    — Como assim?
    — Você e eu estamos oficialmente em paz agora. Naturalmente ficaremos mais íntimos.
    Wade sorriu. Com as costas da mão direita alisou a minha bochecha.
    — Então, vamos deixar as coisas rolarem naturalmente. Sem pressa e com cuidado.
     Ele se levantou e me estendeu a mão. Andamos lentamente até a porta, nos olhando em sincronia.
     Wade colou as costas na porta e me agarrou. Bocas coladas, respirando o mesmo ar. Abaixei a mão e senti o pau pulsante dele.
     A voz do Wade no meu ouvido me arrepiou:
     — Se você chupar eu gozo rapidinho. Mas tem que beber tudinho.
     Eu dei um sorrisinho e me abaixei.
     Calças brancas, botão, zíper, cueca vermelha e pau duro.
    Eu respirava ofegante com a boca já aberta. Cheguei mais perto e cheirei aquele pau.
    Wade gemeu baixinho.
    — Isso...Vai.
    Pau liberado. Chupei, faminto.
    Enquanto recebia carinho em minha cabeça.
    Não demorou muito, e então, ouvi a respiração dele mais intensa e logo senti os jatos quentes em minha boca. Engoli tudo e lambi a cabeça da pica. Fiquei chupando, enquanto Wade gemia baixinho.
    Ele sorriu. Olhou para mim com malícia, lambeu os lábios e me fez levantar.
    —  Fiz como você mandou. Bebi tudinho — falei.
    — Bom garoto — Ele acariciou o meu rosto e riu. — Não achei que a gente ia voltar a fazer isso tão cedo. Se é que íamos voltar.
    — Eu também achei — assenti.
    — Fico feliz por estar com você.
    — Eu também — Abracei o Wade.
    Ele acariciou as minhas costas por um momento.
    — Agora eu tenho que ir.
    Wade fechou o zíper do short e se despediu.
    — Boa noite, Wade — Suspirei.
    Ele me deu um beijo suave, como um suspiro, e outro, como um estalar de dedos. E se foi.
    Às vezes ele dorme aqui em casa, no quarto da minha mãe, na cama dela, juntinhos e com corpos nus. Um dia atrás era eu quem estava no lugar dela, e agora...
     A brisa em meu rosto se tornou trovoadas. Isso me fez apertar os dentes e os dedos das mãos.
    Ciúmes? Esse sentimento nunca tinha me pesado tanto. Eu teria que engolir isso. Afinal, eu já tinha o que queria. Algo além disso eram só pensamentos fantasiosos, que me deixavam enciumado, por exemplo.
    A tempestade foi embora e a brisa retornou, me alegrando porque me conformei com minha atual situação. Agora eu era o amante do Wade.

                              ★

    No dia seguinte acordei tarde. Era sábado. Eu assistia TV quando ouvi batidas na porta da frente. Ao abri-lá me deparei com olhos de um oceano agitado.
    — Olá, Ethan.
    O cabelo arrumado, óculos escuros na gola da camisa florida.
    Ele parecia mais saudável desde a última vez que nos vimos, mais forte. Um rosto rosado, covinha no queixo e um bigode que se destacava em uma barba rala.
    — Oi, pai.
    Brian estava visivelmente inseguro, mas a alegria era maior. Sorriu e me apertou em um abraço demorado.

                             ......

    E então, ele respondeu:
    "Muito prazer, Ethan. Sou o Frank".

                             ......

*Se alguém se sentiu um pouco perdido na escrita, a parte entre os ( ...... ) são meio que flashbacks. E depois da ( ★) é só um intervalo, de um dia ou horas, na história no presente.

Almas de Estorninhos parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora