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APENAS UM dia comum. É isso que dia vinte e cinco de dezembro significa para você. Presentes e uma farta ceia nunca foi algo que você pudesse experimentar. O dinheiro que sua avó mandava para sua mãe comprar presentes para você e seus irmãos, ela e o seu padrasto usavam para comprar drogas. Isso era uma rotina recorrente, ir para as janelas da casa da vizinhança para ter um vislumbre de como é ter uma família feliz e unida nessas comemorações.
A rotina acabou quando no natal de noventa e nove, sua mãe e seu padrasto sedentos por dinheiro decidiram assaltar uma joalheira. O plano foi um sucesso e eles voltaram para casa com o bolso cheio de dinheiro, você pensou que finalmente eles lhe dariam uma ceia de natal descente. Horas depois, eles estavam jogados na cozinha chapados.
Um vizinho, que sabia o que eles haviam feito, denunciou os dois para polícia. Em menos de cinco horas sua vida foi destroçada. A polícia invadiu e prendeu os dois, o conselho tutelar pegou e separou você e seus irmãos. Por anos, você viveu com a esperança de que sua mãe voltaria para lhe buscar e de que veria seus irmãos novamente. Ela nunca veio, e você nunca mais viu seus irmãos. Assim que fez dezoito anos, a direção do orfanato lhe jogou nas ruas. Sem dinheiro ou apoio de ninguém, você teve que se virar. No final, acabou seguindo o exemplo de sua mãe e de seu padrasto.
Anos depois, seu nome carregava bastante poder nas ruas. Uma rata traiçoeira, era assim como você era conhecida. Após um roubo de sucesso, você se sentou na sacada do seu prédio e decidiu navegar nas redes sociais do seu irmão – que conseguiu achar uns dias atrás – e acabou encontrando uma decepção: todos os seus irmãos juntos, comemorando o natal alegremente em uma sala de jantar com uma mesa farta de comida e uma árvore atrás deles cheia de presentes. Contudo isso não lhe chocou mais do que encontrar no fundo da foto sua mãe, sorridente como nunca foi.
Ela foi atrás de todos eles, mas não de você.
Desistir da vida foi a única opção que você viu na sua frente depois de horas chorando. Então, arquitetou um plano.
Véspera do ano novo, um supermercado quase fechando as portas. Você entra e rende o cobrador. Uma viatura que passava ali perto nota a movimentação suspeita dentro do supermercado e decide checar. Eles entram e descobrem que você está assaltando a loja. Uma negociação se inicia, você ameaça atirar na cabeça do caixa. Então os policiais não têm outra opção além de atirar em você.
Dez dias depois, você acorda em um quarto de hospital, presa com uma algema a uma cama hospitalar. Um homem fantasiado ridiculamente de morcego entra no seu quarto e fica em total silêncio lhe encarando por muito tempo.
– porque tanto esforço para acabar com sua vida? — quebra o silêncio
– quem disse que eu estava fazendo isso?
– ninguém, apenas percebi — responde friamente – em vez de dedicar seu esforço para isso, porque não aplica em outra coisa?
– as vezes eu só quero não me esforçar mais — retruco
– então não se esforce, apenas viva sua vida — me encara profundamente – viva a sua vida, não a dos outros
– você fala como se fosse fácil — rio amargamente
– não é, mas você tem um longo caminho pela frente — vira de costas pronto para ir embora – pare de ser apenas a telespectadora.
E então ele desapareceu.
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Ser a protagonista, nunca foi algo que passou pela minha cabeça. Eu sempre vivi minhas vidas pelos outros, nunca para mim mesma. Cometi muitos erros, fracassei várias vezes e tentei dar um fim a tudo isso do jeito mais louco possível. Porém, eu sobrevivi e alguém me mostrou que apesar de tudo isso, eu ainda poderia ter um futuro.
Batalhei, por muitos anos. Durante essa longa trajetória, conheci pessoas que me ajudaram a chegar aonde estou agora.
Publicitária do jornal de Gotham e diretora de uma ong, que acolhe pessoas necessitadas lhe dando todo suporte necessário. Nada preenche mais minha alma do que ver o sorriso de uma criança quando recebe um presente.
Me jogo na cadeira do meu escritório e estico minhas costas o máximo que posso. Fico na posição mais estranha possível tentando relaxar. Hoje foi um dia puxado, durante toda manhã distribuímos presentes e alimentos para as famílias necessitadas de gotham. Só me permiti parar, quando as doações acabaram e o evento se encerrou. Sorrio alegre por saber que agora essas famílias estão desfrutando de um natal incrível.
Suspiro cansada. Apesar de tudo, ainda estou sozinha.
Duas batidas repentinas me assustam e quase fazem minha alma sair do corpo, se isso é possível. Viro minha cadeira bruscamente em direção a janela de vidro. A sombra que cai sobre ela me faz suspirar de alívio. Me levanto e abro a janela.
– bom natal alegrando as crianças? — sua voz grossa e misteriosa me cumprimenta
– bom natal desgraçando a vida dos vilões? — pergunto sorrindo
Batman entra pela janela e rodeia meu escritório – apenas coisas recorrentes.
– mais aliviado que o coringa está preso na cela mais funda de arkham? — apesar de todo camada de roupa, posso imaginar um arrepio percorrendo seu corpo.
– nunca fico aliviado — diz curtamente
Sorrio já sabendo o quão teimoso ele pode ser. Me aproximo do rádio e coloco na estação de música. All I Want For Christmas Is You começa a tocar, batman arqueia as sombrancelhas levemente com um olhar questionador.
Estendo minha mão direita para ele, o chamando para dançar. Ele imediatamente nega.
– vamos, se anima, é natal — faço cara pidona
– eu deveria levar um projeto ao governo para acabar com essas festividades — agarra minha mão e me puxa para perto.
– oras, não seja um grinch.
Assim, terminamos o natal dançando no meu escritório, aproveitando a companhia um do outro. E isso se tornou tradição, se repetindo por vários anos até crianças fantasiadas quererem se meter na dança, disputando minha mão com bruce.
🦇
Ainda estou em crise existencial, me negando a aceitar que daqui a alguns dias é 2024. Quem diria, das férias para cá, parece que o tempo passou voando. Mas me alegra saber que durante todo esse ano tive minhas leitoras fiéis ao meu lado.
Feliz natal e um próspero ano novo, que nessas datas vocês possam desfrutar de muita alegria e prosperidade. E que próximo ano, continuemos a nos encontrar.