Perseguição

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O Sr. Depp parecia ter demorado um pouco para raciocinar. Dirigi-me à porta da sala sem olhar para trás, contudo, senti o olhar dele sobre mim. Eu já estava completamente desconfortável ali. Senti uma tensão insana; ele era peculiar.

Abri a porta e desci pelo corredor que levava à saída principal. As pessoas das outras turmas saíam apressadas, como se fosse o último dia de suas vidas. Parei em frente ao meu armário e liguei meu celular. Três chamadas perdidas da minha mãe. Olhei em direção aos portões da escola e guardei o aparelho no bolso da mochila.Levei meio segundo para vê-la lá fora, esperando por mim ao lado do veículo. Apressei-me. Ela me olhou séria à medida em que me aproximava e abriu a porta do carro, entrando e aguardando que eu entrasse também. Percebi que estava irritada. Assim feito, coloquei a mochila no colo e esperei o que viria a seguir depois de me sentar no banco do passageiro.

— Você podia ter saído mais cedo. Sabe que não posso me atrasar para aquele maldito trabalho.

— Ah, sim. Como se eu fosse culpada por o professor não ter me deixado sair.

— Olha, não quero discutir com você novamente — ela girou a chave na ignição e tentou ligar o carro. — Essa droga de vida! Oh, merda.

— O que foi?

— Estamos sem gasolina.

— O quê? Como assim? Não abasteceu o carro?

— Que pergunta idiota. Se não está ligando, o que você acha?

— Pelo menos poderia ter ido ao posto.

— Acha mesmo que eu iria perder tempo, tendo que vir buscar você porque perdeu o droga do ônibus? Ainda mais atrasada?

— Tá! Já entendi que você não se importa mais com nada! E que a culpa é sempre minha quando algo ruim acontece com você! — falei irritada e abri a porta do carro. Saí o mais rápido possível e ouvi minha mãe me chamar. Mulher ignorante.

— Zayra, volte aqui!

Fechei a porta na cara dela e fiquei do lado de fora. Lembrei-me da Alexia e decidi tentar ligar para perguntar se ela poderia me buscar com o pai dela. Eu dormiria fora de casa, afinal de contas. Algo comum sempre que discuto com a Morgan. Assim que aproximei o telefone do rosto, senti-o ser puxado bruscamente. Olhei para a Morgan.

— Você ficou louca?!

— Entre já no carro! — ela disse, autoritária, apontando para o mesmo enquanto segurava meu celular com a outra mão.

— Eu não vou obedecer você, Morgan. Você não manda mais em mim. Me devolve!

Tentei pegá-lo, mas ela o ergueu para o alto.

— Você mora sob o meu teto, e enquanto for assim, eu tenho o direito de mandar. Me obedeça!

— Eu tenho dezoito anos, droga! Pare de me incomodar! Me deixe em paz!

— É assim que você quer? Quer me matar do coração? Quer me fazer sofrer ainda mais depois da morte do seu pai?

— Não envolva ele nisso! — eu praticamente gritei ali, no meio das pessoas que estavam por perto e nos observavam descaradamente. De fato, apoiavam a minha mãe. Sempre é a mãe que está certa. E eu? Era uma piada. Uma adolescente rebelde para eles. Aliás, não mais.

Ela passou a mão pela têmpora e ajeitou os óculos escuros que estavam em sua cabeça. Em seguida, tirou um maço de cigarros do bolso. Ficamos em silêncio por um tempo.

— É isso que você vai fazer? — comecei.

— O que quer que eu faça? Estamos aqui, esperando por ajuda. Vou perder o trabalho hoje.

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