030. Infinitos

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Recomendações de músicas: Fine Line, Last Kiss, Enchanted, Someone To You, Slipping Trough My Fingers, You're On Your Own, Kid e Mirrorball

● Song Mingi;

Dia 10 de Dezembro

ㅤAcordei no pulo, com o alarme do meu celular tocando no último volume. Murmurei e me revirei na cama, enfiando um dos meus travesseiros em volta da minha própria cabeça em busca de abafar esse som dos infernos, mas minha tentativa foi extremamente falha.

ㅤDeixei um alto suspiro escapar da minha boca, tão alto que foi capaz de preencher todo o meu quarto. Sentei na cama com os cabelos desgrenhados e o cobertor cobrindo mais da metade do meu corpo. Passei a mão pelo meu rosto e pelos meus cabelos, tentando despistar o sono que ainda está impregnado no meu corpo como se fosse uma doença da época vitoriana.

ㅤLevantei da cama e coloquei as minhas pantufas do Cinnamoroll, andando arrastado até o banheiro do meu quarto. Nem me dei o trabalho de me olhar no espelho para não tomar um susto logo cedo; tirei as minhas roupas e deixei elas jogadas no cesto, ligando o chuveiro e entrando de uma vez para acordar logo.

ㅤSaí do banho completamente renovado, me sentindo até outra pessoa; não me enrolei para vestir o uniforme e pentear o cabelo e por um momento, até parei na frente do espelho do banheiro, encarando o meu próprio reflexo. Com certeza estou com uma aparência mais decente do que estava há quarenta minutos atrás, mas meu deus, preciso urgentemente cortar o meu cabelo.

ㅤMinha relação com o meu cabelo sempre foi uma merda. Meu autismo me causa uma sensibilidade enorme em algumas áreas do meu corpo e estranhamente, meu couro cabeludo é uma delas; quando era criança, nunca consegui cortar meu cabelo em um cabelereiro que nem todo mundo fazia. A primeira e a única vez que meus pais me levaram em um eu tinha cinco anos e surtei completamente; portanto, desde esse dia, eu cortava meu cabelo em casa, com os meus pais ou com o meu irmão e não foi à toa que boa parte da minha infância eu tinha o meu cabelo raspado e bem baixo. Nos últimos meses dei uma baita relaxada – talvez porque estava um pouco depressivo – e ele acabou crescendo demais, até um ponto que realmente me incomoda. Sinto todos os meus fios de cabelo me pinicarem na nuca e no pescoço, assim como sinto eles se mexerem conforme eu mexo a cabeça. A sensação é um inferno.

ㅤBalancei a cabeça e tentei ignorar o desconforto de ter os fios de cabelo me pinicando. Peguei a mochila apenas por desencargo de consciência e desci as escadas. Ainda tenho tempo para tomar café com os meus pais, se minha ansiedade permitir.

ㅤ— Bom dia, meu bem! — Foi a primeira coisa que minha mãe disse no momento em que me escutou descer o último degrau que dá acesso à parte debaixo da casa. Deixei a minha mochila em uma das cadeiras vagas enquanto murmurei um: ''bom dia'' e abri um dos armários, tirando uma tigela e enchendo-a de sucrilhos. Tirei o leite da geladeira e despejei dentro da tigela, sendo rápido em pegar uma colher para comer logo; odeio quando o sucrilhos fica muito tempo no leite e acaba cozinhando, odeio a textura pastosa que fica. — Está animado? Para o último dia oficialmente?

ㅤ— Ainda é estranho. — Me sentei na cadeira logo do lado da do meu pai, que está comendo pão de forma com patê de presunto e tomando um café mais preto que o próprio petróleo. — Não sei, o tempo passou tão rápido.

ㅤ— Sempre será assim daqui para frente. Para você e para nós. — Meu pai comentou após dar um baita de um gole no café, abaixando o copo, deixando-o em cima da mesa. — Parece que foi ontem que te peguei no colo pela primeira vez e olhe agora, você é um formando e um calouro da faculdade. O tempo passa rápido, filho. Então peço que, ainda mais agora, que você está com o Yunho, que você não perca tempo pensando muito, apenas aproveitem a juventude de vocês.

━ 9th grade; yungiOnde histórias criam vida. Descubra agora