58 | Pai?

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~ Alyssa Ross ~

~ Hamburgo, Alemanha

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~ Hamburgo, Alemanha

Eu escutei a conversa. Escutei tudo o que o Peter disse ao Tom e me doeu cada palavra. Eu senti toda a dor, toda decepção. O Tom ouviu tudo aquilo quieto, era apenas a voz do Peter que eu escutava.

Quando o Peter desceu as escadas deixando o Tom sozinho eu pude finalmente ir até ele. Eu só queria que ele soubesse que eu estou aqui, eu o ajudaria com aquilo.

— Tom? - apoiei uma das mãos no ombro dele sentindo o quão tenso ele estava. — Desculpa, eu... escutei a conversa...

A respiração dele era pesada. Como eu odiei em vê-lo daquele jeito. Ele não parecia nada bem.

— Que bom que escutou. - ele disse.

— Podemos dar um jeito... - tentei acreditar nas minhas próprias palavras.

— Dessa vez não, Alyssa! - ele me encarou finalmente. — Acha que me esqueci do que disse?! Eu te lembro seu pai, não é?!

Me odeio tanto por ter o feito acreditar nisso. Isso nunca seria verdade.

— Eu nunca quis ter dito aquilo. - minha voz saiu trêmula.

— O Peter tem razão, não era pra termos começado! Então vê se vai embora!

— Não faz isso, Tom... - meus olhos encheram d'água. — Eu vim aqui pra conversar com você. - eu senti que choraria.

— Pega suas coisas e fica longe! Entendeu?! Isso aqui não vai dar certo! - foi a última coisa que ele disse e eu senti as lágrimas descerem pela minha bochecha.

Depois de vê-lo descer as escadas me deixando só lá em cima minhas mãos tremeram e eu senti dificuldades para respirar.

Ele havia acabado com tudo. O Tom havia colocado um ponto final, e eu senti que essa seria a última vez.

Depois de tudo eu teria que ir embora. Ele não me quer aqui, e eu nem pude me desculpar, isso me doía.

Deixei as lágrimas saírem enquanto eu engolia a força a situação. Acabaríamos aqui.

Voltei ao choro para o quarto do Tom pegando minhas coisas para ir embora. Depois do que ele disse, eu não ficaria aqui nem por mais um minuto.

Peguei minhas coisas às pressas e sai do quarto descendo as escadas em seguida. O único que eu pude me despedir foi do Capper que estava no corredor da saída da casa.

Me agachei fazendo carinho do cão, mas logo sai da casa e fechei a porta por último. Minhas mãos ainda tremiam, e eu só queria chegar em casa o mais rápido que podia.

[...]

Eu já estava andando a quase 20 minutos, e eu passei cada segundo repensando nas coisas que haviam acontecido. Em como nada nunca dava certo. Em como tudo conspira para dar errado. Como eu sou tão azarada?

Faltava pouco para eu chegar em casa finalmente. O dia estava quente e a rua estava vazia. Poucos carros passavam e poucas pessoas nas calçadas, mas não era um dia como qualquer outro.

As lágrimas voltaram a descer quando me veio à mente tudo de novo. "Acha que me esqueci do que me disse?! Eu te lembro seu pai, não é?!" "Pega suas coisas e fica longe, entendeu?! Isso não vai dar certo! Então vê se vai embora!" Eu nunca me esqueceria disso.

Já finalmente quase em frente de casa, eu parei. Respirei fundo buscando na minha bolsa por algo que ajudasse a limpar o rosto e as lágrimas para que a Melissa ou o James não me vissem daquele jeito, e para que principalmente a minha mãe não visse, mas a minha bolsa estava vazia demais, só então me dei falta da carta e da flor de malva que já não estavam mais aqui. Merda. Devo ter deixado cair no quarto do Tom quando peguei as coisas às pressas.

Ignorei aquilo por um momento e limpei as lágrimas com as mãos, aquilo daria para o gasto.

— Quer carona, gatinha? - um carro preto esportivo parou ao meu lado e então eu vi quem o dirigia.

— Vai a merda, Rony!

— Você sempre estressada, não é? - ele riu. — O que foi dessa vez? O Tom não quis te trazer para casa?

Só então eu reparei que o carro em que ele estava ainda era o mesmo que o Tom havia dado a ele por minha causa.

Eu ia ignora-lo, deixá-lo falando sozinho, mas alguém me segurou pelas costas e eu só pude ver por último o pano que foi colocado a força no meu rosto.

Tentei me debater, me soltar de quem fosse, mas minha força não foi suficiente. Antes que eu pudesse gritar minha boca foi tapada com uma das mãos que me seguravam.

Meu corpo pesou, eu já não tinha mais forças. O cheiro forte do pano em meu rosto me fez entender, aquilo era clorofórmio, eu já havia estudado sobre isso antes. Eu desmaiaria em poucos segundos com a substância tóxica colocada no pano. Não havia como sair dali.

[...]

Acordei com o corpo suado e com falta de ar. Eu não reconheci onde eu estava. Nada daquilo fazia sentido.

Tentei levantar, mas as algemas que prendiam minhas mãos a uma grade ao meu lado me impediu. Eu desesperei por não conseguir sair.

E então eu me lembrei do que havia acontecido. Lembrei de ter sido parada pelo Rony quando eu estava perto de casa e lembrei da forma que me seguravam com um pano no rosto. Eu havia desmaiado e acordado aqui.

— Porra, Rony! Me solta! - gritei na esperança de me ouvirem, mas não parecia haver ninguém por perto. — EU MATO VOCÊ FILHO DA PUTA! - continuei gritando, mas não havia sinais do Rony naquele lugar.

Respirei fundo tentando entender a situação. Por quais motivos ele me traria para cá? Onde eu estou?

— Bom te ver, filha. - uma voz distante ecoou pelo ambiente.

Filha. Meu estômago gelou quando reconheci a voz. Aquilo não poderia ser verdade, poderia?

Uma silhueta um pouco distante se aproximou aos poucos enquanto eu me mantive paralisada, sem reação alguma. Eu não queria acreditar que ele realmente estava aqui. Não havia como.

— Você não mudou nada, hem mocinha.

Minhas mãos suaram e eu senti que vomitaria. Aquilo era realmente verdade.

— Pai? - engoli em seco.

Faltou ar nos meu pulmões. Ele estava aqui. Meu pai estava aqui.

O sorriso torto que ele deu ao ver que eu ainda o reconhecia eu nunca esqueceria. Não havia como esquece daquele que eu mais tinha medo.

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Espero que vcs me perdoem

𝐒𝐇𝐀𝐓𝐓𝐄𝐑 𝐌𝐄 | 𝑇𝑜𝑚 𝐾𝑎𝑢𝑙𝑖𝑡𝑧 Onde histórias criam vida. Descubra agora