65 | Nos destruir

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~ Tom Kaulitz ~

~ Hamburgo, Alemanha

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~ Hamburgo, Alemanha

A Alyssa havia parado com o carro bem no fim da rua sem saída e eu ia chegar até lá, mas a delegada me impediu dizendo que a polícia já iria avançar e o nosso trabalho agora era só esperar. A perseguição havia acabado, finalmente.

A polícia realmente avançava gradualmente, mas a delegada sacou a arma quando vimos o pai da Alyssa fazer o mesmo. Que porra ele estava pensando em fazer agora? Ele agiria mesmo contra a polícia?

Meu coração acelerou quando a arma que o Charles tinha em mãos foi apontada em direção a cabeça da Alyssa. Minha garganta secou no mesmo momento e o sentimento de agonia voltou a se instalar no meu corpo. Eu havia paralisado totalmente. Eu não podia ajudar.

— Não atira. Por favor. - pedi quando a delegada mirou a arma pela janela do carro.

Mas o barulho do disparo invadiu meus ouvidos e por reflexo eu fechei os olhos e virei o rosto para não olhar.

— Porra, eu disse pra não atirar! - encarei a delegada.

Ela estava quase que em transe, sem nenhum tipo de expressão em seu rosto e nem fazia questão de olhar para mim. Logo percebi que a mesma nem havia preparado o gatilho. Aquele tiro não havia sido dela.

Uma bola de emoções se formou na minha garganta e então eu engoli em seco ao olhar novamente para o carro onde a Alyssa e o pai dela estavam.

O vidro escuro do carro e a distância não me davam abertura para enxergar e eu só tinha visão dos policiais que avançavam com mais precisão.

Os segundos se passaram mais devagar para mim e eu não tive mais controle sobre o meu corpo em completo estado de choque. Minha respiração pesou extremamente e uma aflição se formou em meu peito. Da onde havia sido o disparo? Não é possível que...

Vi os policiais forçarem a saída do Charles de dentro do carro que colocou as mãos para cima como forma de redenção, mas a única coisa que eu pude reparar foram nos respingos vermelhos que haviam em sua camiseta branca. Sangue.

Voltei a realidade e consegui os movimentos do corpo novamente abrindo a porta do carro em desespero. Eu corri o mais rápido que pude até o carro onde estava a Alyssa, mas a delegada e meu irmão que junto de outros policiais vieram logo atrás e me seguraram a força para que eu não me aproximasse mais.

— ALYSSA! - gritei deixando todo o ar que eu tinha nos pulmões irem embora. Eu precisava vê-la.

Minhas mãos suavam e eu já não tinha mais forças para me soltar dos policiais que ainda me seguravam. Eu já não sentia mais minhas pernas, já não sentia mais meu corpo e meus joelhos foram de encontro ao chão, e então, quando a equipe de emergência chegou retirando o corpo da Alyssa de dentro do carro e a colocando em uma maca a cobrindo com um pano branco, meu corpo completamente pesado paralisou já no chão.

Meu rosto ardeu já sentindo as lágrimas descerem enquanto minhas mãos tremiam. Aquilo não podia ser verdade. Não podia ser.

Tirei forças pra levantar e me soltar dos policiais. Mesmo sem sentir as pernas eu corri até a equipe de emergência que carregava a Alyssa. Eu já não sabia mais o que comandava meu corpo. Aquela não podia ser ela por debaixo do pano.

— Por favor, mantenha distância. - pediu o apoio médico.

Os policiais me seguraram a força novamente não me deixando ver a Alyssa. As lágrimas ainda desciam pelo meu rosto enquanto meu corpo tremia. Eu surtaria com tudo aquilo.

Eu já não conseguia ouvir mais nada, como se o tempo tivesse parado para mim naquele momento. Eu mal conseguia pensar direito, mal conseguia respirar direito, meus pensamentos estavam em completa confusão. Eu logo teria um ataque de pânico.

Podendo ver apenas o pano branco que a cobria enquanto a equipe de emergência a levava eu não quis acreditar no que via. Não poderia acreditar. Eu não aguentaria acreditar, meu corpo não aguentaria. O pano já não era mais tão branco, havia sangue, o sangue dela. Por favor Deus, que isso não seja verdade. Não podia ser.

Depois de tudo. Depois de conhecê-la. Só agora eu pude entender o quanto eu havia me apaixonado e não havia demostrando o suficiente. O quanto eu fui injusto com ela. O quanto eu devia ter me preocupado mais. O quando as coisas aconteceram rápido demais e eu me deixei levar. O quando eu me culpo por ter a feito chorar. O quanto eu devia ter demostrado mais o que sentia. O quanto ela merecia mais. Ela merecia muito mais, mas tudo havia sido arrancado dela pelo próprio pai. Destruída pelo próprio pai. Como doía afirmar isso.

Minha visão escureceu e com a angústia presa ao peito quando o choro saiu como uma tempestade eu sabia que logo perderia a consciência. Eu logo desmaiaria por não aguentar acreditar na verdade. Eu não queria acreditar.

Uma parte de mim havia ido junto a ela, e mesmo depois de tudo, eu não pude nem ouvi-la pela última vez. Não haveria uma última vez.

Isso só serviu para nos destruir, completamente.

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Já já posto outro cap...

𝐒𝐇𝐀𝐓𝐓𝐄𝐑 𝐌𝐄 | 𝑇𝑜𝑚 𝐾𝑎𝑢𝑙𝑖𝑡𝑧 Onde histórias criam vida. Descubra agora