Reencontro

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Maraisa Pereira's Point of View.

Depois de uma hora e meia, eu finalmente havia chegado ao meu destino. Neste exato instante, eu estava parada em frente a casa de Almira. Fiquei ali parada, olhando com certa atenção a todo aquele ambiente onde vivi por tantos anos. Tudo me parecia diferente, estranho demais. Minha antiga casa se enquadrava em classe média, não era muito grande e tampouco pequena. As paredes de cor marfim agora estavam mais maltratadas desde a última vez que a vi. Mas nada que uma bela forma não desse jeito. Fechei os olhos, pensando que a qualquer momento aquele patrimônio poderia ser tomado enchia meu coração de raiva. Abri os olhos, e respirei fundo. Hoje, aquele não era o maior dos meus problemas, olhar para Almira sim era a tarefa mais difícil. Caminhei em passos lentos até a varanda da casa, olhando pela janela em busca de Anna, mas nem sinal. A pequena provavelmente estaria dormindo, ainda era cedo demais. Eu tinha receio de entrar, aquela já não era mais minha casa, apesar de eu sustentá-la.

Já iria fazer dois anos que eu não as via, depois de muitas discussões com minha mãe, eu decidi manter distância. O que me fez bem eu poderia dizer, eu não sei se aguentaria ser julgada por ela por tanto tempo. Mas aqui estava eu, com certo nervosismo e ansiedade me atormentando. Eu já não era mais a Maraisa de antes, mas ainda sentia medo de ouvir tudo aquilo outra vez. As palavras de Almira nunca saíram da minha cabeça, eu poderia odiá-la se não soubesse tudo que ela passou para nos manter.

" Você ainda pode ir embora Maraisa"

Meu subconsciente gritava em um alerta, mas eu não daria ouvidos. Aquela era uma situação que hora ou outra teria que ser enfrentada. Com o passar dos anos me tornei uma mulher madura, capaz de lidar com os problemas que a vida nos trás. Eu faria meu papel de filha, e Almira teria que fazer seu papel de mãe. Puxei o ar com força, enquanto caminhava em direção a porta. Parei em frente a mesma, dando três leves batidas, que rapidamente foram ouvidas. A porta se abriu, e para meu alívio, a primeira pessoa que vi diante de mim foi Anna. A pequena me olhou estática, como quem visse um fantasma. Mas aquilo não durou, logo minha irmã expandiu os lábios em um sorriso lindo.

- MARA!

A baixinha praticamente pulou em meus braços, apertando-me com força em um abraço carregado de saudade. Eu juro, eu sentia vontade de chorar, derramar todas as lágrimas de saudade daquela menina. Ela já estava bem diferente desde a última vez que a vi. Seus cabelos estavam mais longos, provavelmente seriam bem parecidos com os meus, ela estava bem mais alta, já passava de minha cintura. E com toda certeza já sabia falar perfeitamente bem.

- Eu não acredito que você voltou! Senti tanta a sua falta.

Seu tom de voz era feliz e empolgado. Eu apenas chorei, chorei toda a falta que ela me fez, chorei por vê-la tão grande e tão diferente. Chorei por não ter acompanhado tudo isso.

- Eu também senti sua falta Anna, muita.

Ela soltou os braços do meu corpo e me fitou sorrindo.

- Onde está Almira? - Perguntei rapidamente.

- Ela não está, saiu a pouco tempo. Entre aqui Mara!

Senti um certo alívio por saber da ausência de minha mãe naquele momento. Anna segurou em minha mão, puxando-me para dentro daquela casa. Parece que nada havia mudado, tudo estava quase no mesmo estado de quando havia saído. A não ser por alguns novos objetos decorativos, e a nova cor das paredes da sala.

- Pensei que nunca mais iria ver você, Mara.

- Eu prometi pra você que voltaria, lembra? E eu voltei.

Soltei um sorriso para a pequena que me puxou para sentar no sofá.

- Você vai voltar a morar com a gente? Mamãe colocou várias coisas em seu quarto, mas você pode ficar no meu.

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