Maria Clara.

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Eu queria dedicar essa para três pessoas muito especiais na minha vida. Vitória, Marina e Isabella.
Os últimos 15 dias foram uma verdadeira loucura na minha vida, e caramba como é bom ter vocês nela. Saber que vivemos esse nosso universo paralelo do nosso "não casal" para mim é tão valioso sabe? Me sinto um pouco em casa contando com a loucura de vocês. Obrigada por sempre meninas, essa é só para alimentar nossos surtos internos. Xero.

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Apartamento 4013

Perder quem amamos não é fácil. A ausência deixada por Helena parece que nunca vai sessar. Porém, preciso seguir em frente, não só por mim, mas principalmente pela minha filha.
Maria Clara era linda, branquinha, cabelos pretos e olhos escuros, castanho escuro. A melhor parte de Helena e eu agora se encontrava em meus braços.

— Agora somos você e eu, filha.

Ela me olhou e parecia entender o que eu dizia. Era o primeiro dia de Maria Clara em nossa nova casa, há uma semana Helena havia partido, foi um parto difícil, infelizmente houve um erro, um erro indiscutível e eu a perdi, mas pelo menos eu tinha minha filha aqui, o que diminuía um pouco da falta que a mãe dela fazia.

Com a morte de Helena eu decidi me mudar, não poderia, muito menos conseguiria ficar na casa em que morava com ela, era demais para mim, mudei para um apartamento, nada luxuoso demais, era um AP que cabia perfeitamente eu e minha filha. Três quartos, cozinha, banheiros, uma sala, varanda... um lar para nós, um novo lar. A questão era, um novo lar, uma nova vida, uma nova rotina é uma criança que até então estava no hospital. Meus pais e os pais de Helena já haviam falecido, éramos somente nós dois, então obviamente eu não sabia como cuidar de uma criança, teria de aprender. Mas qual o primeiro passo?

Estava com Maria ela nos braços e meu Deus como ela era linda, por incrível que pareça nada parecida com a mãe, Helena era loira, tinha olhos verdes, Maria era o oposto do oposto, mas era linda, era minha. Queria ter estado com às duas, queria ter sido o primeiro a ver ela quando veio ao mundo, mas dado às circunstâncias e dificuldades do parto só consegui ver minha filha quando ela já estava no berçário no mesmo instante em que eu precisava organizar o funeral da mãe dela.

Observava minha pequena, tão pequena até que um cheiro não tão agradável subiu, junto dele um berro estridente de Maria. É agora minha jornada de pai começaria.

Apartamento 4015

Uma semana que eu perdi o sentido da vida! Acho que nenhuma mãe está preparada para perder um filho. O quarto da minha Maria estava todo pronto, era lindo, do jeito que eu sempre sonhei para ela, o quartinho que sonhei colocar ela para dormir, dar mamar, abraçá-la, mas quis o destino que não fosse assim. Minha filha nasceu morta. Nem sequer pude vê-la viva, e para não ter essa imagem gravada em mim, sai direto do hospital para o cemitério. Lá agora ficava um pedaço de mim, ou melhor, todo meu coração.

Eduardo e eu já não éramos um casal, aliás deixamos de ser quando ele descobriu que eu estava grávida e por uma grande ironia do destino que por vezes adora me pregar peças, eu descobri que ele era casado e tinha dois filhos.

O que era para ser o melhor momento da minha vida, se tornou meu pior pesadelo. Passei minha gravidez inteira sabendo da rejeição do genitor da minha filha, por ele ela estaria morta a tempos, e o desejo tão sonhado dele se realizou, agora já não tinha mais ela comigo, eu não consegui protegê-la.

Apartamento 4013

— Filha, não chora! Papai vai te limpar tá bem?

Eu nem sequer sabia como limpar um bebê, mas tudo bem, não deve ser tão difícil...

Tudo Por Ela - SimolonOnde histórias criam vida. Descubra agora