Capítulo IV

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Soltei-me de seus braços rapidamente, sentindo o calor se esvair de meu corpo. Contudo, o tal de novo Amice passou a me seguir. Tentei, assim podemos dizer, despistá-lo em meio a tantos bolos enormes de vestidos amontoados, com as diversas pequenas pedrinhas em sua volta. Finalmente, alguém o havia parado. Parti ao encontro de minha confidente imediata.

- Vídea, eles já estão no local combinado?

- Se com isso quer dizer que o Milo já está plenamente divertindo os soldados sendo Mila, sim.

- Esqueci completamente que ele está conosco, o poder dele ainda é recém descoberto, não possuía a real certeza que conseguiria transformar-se tão facilmente nas esposas dos soldados.

- Pois é. Digo que Milo fez ainda mais. Antes de virmos, ele pesquisara um pouco acerca dos soldados da Ala Leste do Castelo Amice. Fortes, porém principalmente velozes. Homens de confiança superior de Lavin, estão no ramo há anos. Sendo assim, a maioria está no Salão Dourado no momento, como são pertencentes da Alta Nobreza por condecorações do rei. Apenas dois, Timóteo e Napeo, estavam lá, além, obviamente, de soldados mais novos, estúpidos demais para não reparar que suas esposas não são realmente suas esposas trazendo a marmita da noite.

- Sei destes detalhes, minha cara. Fazem parte da minha pesquisa anual, só não me lembrava que havia as confiado a Milo.- disse. Apesar de saber acerca dos soldados, não a interrompi, parecia orgulhosa demasiado do pequeno Milo (estava com somente vinte e um anos).

- Não o fez, querida. Ele descobrira sozinho. Cresceu muito nos últimos meses.

- Estou impressionada.- e realmente estava.

Pequeno Milo era assim chamado não pela sua idade, e sim pela sua altura. Encontramo-lo há seis anos atrás, aos quinze anos. Desde então, ele não crescera nem sequer um centímetro, porém, não se pode dizer o mesmo sobre seus poderes. A cada ano, aparentemente, ele descobre novos, um mais interessante que o outro, sempre associados a algum truque astuto, e, certas vezes, malicioso. Embora seja não muito mais alto que um anão, este ano, aprendeu a se transformar em outras pessoas, maiores ou menores. Ainda me pergunto se ele não é o próprio Rumpelstiltskin disfarçado entre nós procurando diversão. Sendo assim, decidimos este ano oferecer oportunidades a ele para os roubos palacianos, já que antes estava confinado aos simples "saques" de carruagens.

Enquanto passávamos pela multidão, rumo às escadas de entrada do grandiosíssimo salão, a música acabara. Foi o momento certo no qual eu tinha consciência de que deveríamos ir, dali a mais ou menos trinta minutos a última dança consagrar-se-ia, e logo, as socapas seriam retiradas, revelando aos pares seus pares; ao amor à primeira vista, seu amado.

- E então... Não vais me dizer com quem estava dançando tão lindamente, Astrid?- disse Vídea com um maldito sorriso no rosto.

- Hm... Era um Amice.- falei, desviando seu olhar enquanto subíamos as escadas para virar ao corredor à esquerda, onde havia banheiros.

- Um Amice?!!- ela quase gritou- Não posso crer, Afrodite te limpe da áurea dele. Quem era?- mal esperou eu responder quando passou a fazer seus jogos de adivinhação- Deixa eu acertar... Era Cadman?- neguei com a cabeça- Roland? Não, pior, Grannus? Este com certeza é o pior de todos, é nojento e asqueroso em todos os sentidos.

- Não. Não. Era um desconhecido. Não me disse o nome dele, mas era um Amice de fato. Paciente demais, uma enorme pitada de superioridade, olhos intensamente azuis, até demais. Não asqueroso como Grannus, porém também não irritantemente delicado como Roland. Um dos filhos desconhecidos e nada relevantes de Lavin, contudo, certamente é importante para o rei. Foi convocado depois de dez anos a passeio pelo mundo em fins de "executar" a ameaça da conspiração.- ri, eu era a ameaça, obviamente.

- Então não sabes seu nome? Mas não te culpo, vinte e cinco filhos não é para qualquer um. Pensas que deveríamos investigar?

- De fato, sim. Ele pareceu-me um pouco mais astuto que Cadman, que está há meses procurando-nos feito uma barata tonta!

- Ótimo, fazemos desta maneira então: amanhã falamos com Meggy e Ariel, assim elas investigam melhor a chegada do Príncipe.


Ao virarmos o corredor, finalmente, pude retirar os sapatos, quase, no ato, arrancando meus pés junto. Fomos ao banheiro, onde tirei debaixo das camadas do bolo minha roupa, um dos mais refinados couros -roubados- que já se viu, além do meu corset não devorador de pulmões. 

AstridOnde histórias criam vida. Descubra agora