MARIANA CASTELO
Fiquei a observar a rua enquanto o carro discorria por ela, de repente começou uma chuva fininha caindo do céu, fiquei a olhar as pequenas gotas escorrendo pelo vidro.
Quando chegamos perto de casa, peguei a minha bolsa no banco. Ryan fala:
— Obrigado por nos trazer em casa irmão.
Ele disse ao Samuel, fiquei observando tudo do banco de trás do carro. Os dois são amigos há muito tempo, tem pouca diferença de idade, Nicole teve Samuel primeiro e meses depois a minha mãe teve Ryan. Eles são amigos inseparáveis, por isso fico com medo da realidade. Como o meu irmão reagirá ao saber que estava a beijar seu melhor amigo e sobrinho postiço.
Não foi das melhores ideias, sei disso, mas aconteceu. Nem tivemos tempo de raciocinar na hora. Agora vem as complicações.
Tudo tem sua consequência.
Ryan saiu do carro e chama-me, ele anda até a porta principal. Fico sozinha no carro com Samuel.
— Sabe que teremos que falar com ele.
Diz Samuel olhando-me pelo espelho retrovisor. Eu sabia que não seria fácil, principalmente sabendo que o meu irmão é do tipo superprotetor. Queria dizer que nem eu, nem Samuel teríamos que nos preocupar, mas não consegui.
— Ele vai nos matar. -Falei preocupada.
— Talvez fique chateado no começo, mas acredito que vai passar. -diz Samuel.
Eu balanço a cabeça.
— Minha maior preocupação é com os seus pais e os meus. Caramba! A gente se beijou. -fala ele passando a mão nos cabelos.
— E melhor eu entrar ou Ryan pode desconfiar.
Falei abrindo a porta do carro. Samuel em dois segundo saiu do carro também, chovia um pouco e ficamos perto um do outro.
— Eu não vou desistir. -diz ele.
— Eu também não vou desistir. -falei.
A mão dele acariciou o meu cabelo, e beijei a sua palma. Todo esse sentimento guardado e agora exposto era uma sensação nova. Podia sentir a eletricidade passando por nossos corpos.
Voltei a minha cabeça para trás no intuito de resmungar, Ryan poderia aparecer a qualquer momento, adivinhando os meus pensamentos ele afastou-se.
— E melhor entrar.
— Até amanhã.
— Até, Mariana.
Corri para a porta, entrei rapidamente. Felizmente Ryan estava jogado no sofá da sala com a cabeça de lado. Cheguei perto dele.
— Precisa de ajuda para ir ao seu quarto? -perguntei.
Ele resmunga sem abrir os olhos.
— Não, daqui a pouco eu levanto. Demorou a entrar.
Não fui capaz de dizer nada. Se eu abrisse a boca para mentir, ele saberia.
Então mudei de assunto.
— Amanhã tem treino. Deveria descansar Ryan.
— Eu sei. Se eu, continuar a manter uma boa posição nos jogos, as faculdades vão brigar por mim.
— Brigar igual às garotas que querem a sua atenção. Por isso que as rainhas me odeiam.
— Você é minha irmã. Por que elas iam-te odiar? Não deveriam dar-te privilégios?
Ele abre os olho e me encara.
— Eu não sou popular como vocês... elas odeiam-me por ser eu. Uma garota comum.
— Então o azar é delas. Eu amo garotas comuns... amo você maninha.
Ele bagunça o meu cabelo uma forma ridícula de demonstrar que ele é o mais velho. Quando eu tinha doze anos ele fez isso no meu aniversário, passei a festa inteira com os cabelos parecidos com um ninho de passarinhos. É só ver as fotos para comprovar.
— Eu vou subir. Até amanhã.
— Até amanhã.
Chego em meu quarto e logo mando mensagem para minha amiga, assim que ela ver ira me ligar.
Alguém bate na porta e eu digo para entrar. Faya entra.
— Boa noite! menina Mariana. Trouxe o seu chá.
— Obrigado Faya.
— Tenha cuidado ao ficar de namoro na porta de casa, mesmo chovendo dá pra ver pela janela.
Abri a boca para explicar, mas Faya foi mais rápida.
— Eu não vou dar um sermão. Vocês são jovens, tem uma longa vida pela frente, só tomem mais cuidado. Não seria um bom jeito se o seu irmão e os seus pais descobrissem dessa maneira.
Ela saiu do quarto me deixando pensativa. Samuel e eu temos que preparar nossas famílias para essa revelação. Não será fácil.
Será que ficamos doidos?
O meu celular vibra. É Angélica ligando.
— Então! Como foi?
— Nos beijamos. Bom! Fui eu que comecei o beijo, mas ele retribuiu.
— Espertinha!! Você deu início ao beijo? Tem certeza que não trocaram a minha amiga por uma garota robô superinteligente?
— Não seja boba Angélica.
— Só confirmando mesmo... -Angélica ri.- Como vão ficar as coisas?
Deitei na cama. Molhei o meu travesseiro, ainda não tinha tirado a roupa molhada de chuva.
— Eu acho que estamos indo bem. Ele disse que teremos que contar para todos... mas tenho medo. Imagina meus pais, os dele e meu irmão surtando com a notícia.
— Ou talvez não! Todos já se conhecem isso é meio caminho andado. Seus pais vão saber que sua querida filha está em boas mãos.
— Você acha?
— Acho sim. -diz Angélica.
Eu não sabia que acreditava ou não, mas me senti mais aliviada.
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SAMUEL SALAZAR
Desliguei o motor da caminhonete assim que estacionei na garagem de casa. Saio do carro e pego a minha mochila, deixei ela dentro do carro mais cedo. Entro pela porta da cozinha e antes de ir ao meu quarto, abro a geladeira pego um copo de água.
Sentei no baquinho da bancada. Fico pensativa em como vou contar aos meus pais sobre Mariana. Nos conhecemos desde crianças, temos uma história familiar juntos e agora estamos namorando.
Não quero as pessoas tirando conclusões precipitadas.
Eu não dava a mínima para o que as pessoas diriam. Eu gostava dela, ela de mim, e pronto. O que mais tinha a se avaliar?
O lado de Mariana, talvez seja demais para ela. Mari sempre foi muito sensível.
Droga! O que eu faço?
— Acabou de chegar filho?
Meu pai surgiu na cozinha.
— Sim.
— Deixou Ryan e Mariana em segurança em casa?
— Sim pai.
— Ótimo.
Ele ia saindo, mas parou no meio do caminho.
— Quer me dizer alguma coisa? -pergunta o Sr Henrique.
Eu queria dizer muitas coisas, mas ainda não sei se é prudente. Vou conversar com Mariana primeiro.
— Ainda não. Em breve.
Ele olha-me e diz;
— Quando estiver pronto me fala.
Meu pai saiu. Fiquei ali pensando, depois coloquei o copo na pia e fui ao meu quarto.
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