Era uma vez um homem e uma mulher que pararam lado a lado no estacionamento privado de um restaurante. Entregaram as chaves aos manobristas e se dirigiram para a entrada. O salto alto e o celular atrasaram o passo da mulher, o que deu uma vantagem ao homem.
Ao chegar, o homem perguntou à recepcionista se havia uma mesa reservada no nome dele. Sorrindo, ela lhe informou que não e perguntou se ele iria querer uma para jantar. Consultando o celular, ele respondeu que sim. Um garçom foi chamado para acompanhá-lo até a mesa.
Quando chegou ao restaurante, a mulher alegremente cumprimentou a recepcionista e pediu uma mesa. Foi cumprimentada pela recepcionista, enquanto um garçom se aproximava para conduzi-la à mesa.
O homem e a mulher se sentaram em mesas vizinhas. Cada um pegou o cardápio da sua mesa e fingiu interesse no menu. De vez em quando, passeavam os olhos pelo restaurante. Chamaram o garçom ao mesmo tempo, o que provocou risinhos em ambos. Enquanto um garçom se aproximou da mulher, um segundo se dirigiu à mesa do homem.
Pediram bebidas iguais, que foram coincidentemente levadas pelos garçons. Se olharam e riram, brindando cada um em sua mesa. Terminaram as bebidas juntos. Consultaram os respectivos relógios, pegaram os celulares, passaram os dedos pelas telas, desligando-os. O som do celular desligado de um, chamou a atenção do outro. Se entreolharam com um meio sorriso nos lábios.
O tempo passou, e eles continuavam sozinhos. Chamaram o garçom outra vez, rindo da coincidência. Os garçons vieram atendê-los. Pediram refeições idênticas, que foram servidas sincronicamente. Gracejaram um com o outro devido ao ocorrido.
Finalizaram as refeições concomitantemente. Pediram a conta e saíram do restaurante juntos. Jogando todo o charme que tinha, o homem disse:
— Me desculpe. Acho que conheço a senhora de algum lugar ...
Sorrindo sem jeito, a mulher respondeu:
— Possivelmente, já fiz fotos para a capa de muitas revistas famosas. Fui top model e modelo fotográfico, mas já faz muito tempo... Foi no século passado... E, por favor, não me chame de senhora. Me sinto uma velha! Pode me tratar por você.
— Perdão! Com certeza a vi em uma capa de uma revista ... Você é mais bonita ao vivo!
— Obrigada, é gentileza sua! Você deve ter me visto em uma revista quando ainda era uma criança...
— Sou mais velho do que pareço! Acredito que nossa diferença de idade não seja tão grande assim ...
— Me sinto lisonjeada com seus elogios ...
Flertando, eles se dirigiram ao estacionamento. Estavam em uma conversa animada quando os carros foram entregues.
— Adorei conhecê-la! Meu compromisso foi desmarcado em cima da hora. Poderíamos continuar conversando em um outro lugar ...
— Foi um prazer conhecê-lo, também! Lamento pelo seu compromisso...
— Tudo bem! Só assim pude conhecê-la!
— E eu pude conhecê-lo! Eu tinha um encontro, mas mudei de ideia na última hora ...
— Sério? Por quê?
— Na verdade, não conheço a pessoa ... Foi uma amiga que indicou, mas pedi a ela para cancelar ... Parece que a pessoa desistiu também!
— Bem, ele não sabe o que perdeu. Você é uma mulher muito bonita! Não precisa de um encontro às cegas!
— Obrigada ... Bem... Na verdade ... Não era esse tipo de encontro ...
— Dama da Noite?!
— Sim ... Você é o miché?!
FIM
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Contando contos
General FictionEm CONTANDO CONTOS, de Denise FL, encontramos uma coletânea de dez contos ficcionais com protagonismo feminino, onde um conto é narrado em cada capítulo, em primeira pessoa ou em terceira. A autora exercita a escrita com diferentes tipos de contos...