Capítulo 9 - Por trás de um espirro

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Eu estava na fila do banco há horas. Minhas pernas formigavam, minha coluna doía, meus pés eram duas bolas enfiadas nas sandálias. Inferno! Vou apodrecer e morrer aqui, pensei! Exagerada, você deve pensar. O dia era o mais quente do ano, o ar-condicionado não gelava, e a fila não andava. Era um verdadeiro inferno!

Me amaldiçoando por ter esquecido de pagar a conta em dia, eu repetia para mim: estúpida! Reclamações, protestos e xingamentos não adiantavam. Os caixas do banco demoravam mais ainda no atendimento, só por pirraça.

No auge da minha irritação, um homem espirrou atrás de mim. Que nojo! É o que qualquer pessoa sentiria. O que eu senti passou bem longe do nojo. Aquele som e aquela baforada, vindos por trás, provocaram arrepios nas minhas orelhas! Os arrepios desceram pela nuca e percorreram toda a coluna. E aí, meus poucos neurônios vivos entraram em curto.

Eles resolveram acordar quem estava quieta! Uma onda de calor veio de lá de baixo e subiu pelo meu corpo ... Senti os meus mamilos endurecerem ... Molhei a calcinha, e não era de suor. Nossa! Nunca senti algo parecido na vida!

Minha mente imaginou outros sons vindo assim, de trás. Sons acompanhados de sopros quentes de ar nas minhas orelhas, na minha nuca ... Os cabelinhos do corpo arrepiados. Uma pegada por trás, braços fortes e suados percorrendo o meu corpo ... Um provocando meus seios, outro lá ... Me vi prensada em uma parede! Palavras safadas sussurradas nos meus ouvidos, enquanto a língua passava pelo meu ...

O homem pediu desculpa, fungou o nariz e engoliu. Uma fungada cheia de ranho, seguida de uma boa engolida de catarro. Respirei fundo, enchendo o meu tórax de ar. Soltei o ar bem devagarinho. Benditas aulas de ioga!

Não foi nada, respondi sem olhar para trás. Não, eu não queria ver quem era o dono daquele espirro ... Preferi deixá-lo em algum lugar da minha cabeça. Em seguida, ouvi uma voz esganiçada dizendo que o sistema do banco tinha caído, sem previsão de retorno!

FIM

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