UM

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FERNANDA

Existe uma mágica no Rio. Existe algo que te faz querer ficar ficando, até se dar conta do tempo que passou e você segue sem querer ir.

Existe também algo sobre as pessoas do Rio. Talvez seja o sotaque, ou o calor. O carinho que elas recebem, ou os gritos que parecem briga, mas é só o jeitinho carioca de ser.

Eu não sei o que é, só sei que há alguns anos escolhi não voltar para minha cidade e permanecer. Mesmo eu, a pessoa mais azarada do mundo, me senti um pouquinho sortuda ao ficar e sentir todos os dias essa tal mágica desse lugar.

Mas a sorte para por aí.

Em 26 anos de vida posso dizer ser, de longe, uma das pessoas mais azaradas do mundo e não, isso não é uma hipérbole.

Eu poderia listar o tanto de sorteios e rifas que perdi, ou as vergonhas que passei, os tombos que levei. Eu poderia até contar todas as vezes que quis gritar com Deus porque ele só podia estar de brincadeira, mas a verdade é que são tantas que já até me acostumei. Não é nada fácil ser Fernanda, muito menos azarada.

Dei mais um nó no meu biquíni, pois sendo eu todo cuidado é pouco, e conferi uma última vez minha bolsa antes de descer pra encontrar Isadora na praia, que já devia estar xingando até minha quinta geração.

Acho que minha parte favorita de morar no Rio é viver pertinho da praia, precisando apenas atravessar a rua para estar com os pés na areia.

– Cheguei! – Falei já deixando meu chinelo perto dela, que estava distraída lendo enquanto tomava sol.

– Bom dia, Bela adormecida! Achei que não viria mais.

– E perder esse diazão? Eu não to maluca.

Deixei minhas coisas e já fui estendendo a canga pra pegar um sol.

– Carol avisou que já está com os ingressos da festa de amanhã.

– Achei que tínhamos desistido, uai. – Disse vendo Isadora revirar os olhos.

– Porque não olha mensagem. Carol disse que um amigo conseguiu ingresso, então o plano volta a ser a festa.

– Eu é que não vou reclamar, né. Vou lá pegar uma água de coco, quer alguma coisa?

– Não, vou esperar um moço do mate.

Apenas concordei e levantei, pegando o celular pra comprar um coco na barraquinha. Quando voltei me sentei na areia para tomar o coco enquanto tomava sol e Isa aproveitou pra tirar uma foto que eu amei e já fui logo postar.

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– E o ano novo? nem pensamos nada. Volto de Minas dia 27, o pessoal lá da empresa está agitando uma festa na casa do Matheus.

– Eu queria mesmo viajar, mas assim em cima da hora fica difícil, né. – Isa falou.

– Vamos procurar, faltam quase dois meses ainda. Se não acharmos nada já coloco nosso nome lá e porraa! – Gritei no susto ao sentir uma bola bater em mim.

Eu digo que sou azarada, mas ninguém acredita no tanto. Altinha na praia? Porra, de boa! Mas eu a metros de distância, mil barracas na minha frente e a bola logo me acertar?

Tá de sacanagem!

Olhei em volta já bem puta e vi um homem correndo em nossa direção.

– Bom dia, meninas! – Falou se aproximando. – Po, foi mal mesmo, não sei como a bola veio tão longe. – Disse coçando a nuca um tanto sem graça.

– Não tá com a mira em dia, amigão. – Isa riu.

– Hoje tá foda mesmo – Riu junto. – Mas foi mal mesmo, tá tudo bem?

– Sim, tudo bem!

– Certeza? – Perguntou me olhando e eu apenas concordei pegando a bola e estendendo pra ele. – Só cuidado ai, sei que sou azarada mas esse trem aí me achou longe.

– Po, eu não ia falar nada não, mas uma gata dessas é difícil não achar de longe, né?

– Ah neim, Isadora! – Falei e ela gargalhou junto com ele.

– Brincadeiras a parte, meninas, mas desculpa qualquer coisa aí. – Disse já pegando a bola para voltar para onde estava, mas antes de ir me olhou mais uma vez com um sorriso.

Vi ele se afastar e suspirei ouvindo uma risadinha da minha amiga que me olhava.

– Esse azar teu aí, to querendo um pouquinho, oh homem bonito, heim. – Falou me fazendo rir com ela.

Bem, de todo mal não tinha sido, né.

***

Olá Olá
Espero que curtam o livro e se encantem com esse mundinho ASNS tanto quanto eu :)
Me sigam no Instagram bwest.autora para muitos spoilers, fofoquinhas e interagirmos sobre o livro.

Bem vindas!! <3

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