8° capítulo: "sentimentos guardados"

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Cap.8
《Nico》

Eu realmente queria dizer que não fiquei preocupado com ontem, porém além de ficar preocupado com isso, tive que lidar com uma dor de cabeça forte e um leve resfriado por conta da chuva ontem quando estava indo para casa depois de sair correndo do escritório do alfa sem dizer nada.

Ainda bem que é sábado.

- então você e Will... se pegaram no escritório? - Reyna fala depois de eu ter relatado os acontecimentos do dia anterior. Sempre desabafo com ela, mesmo que às vezes ela só fique rindo do meus chiliques.

- sim... e quero enfiar minha cabeça na privada e dar descarga com ela dentro - me esparramo na cama totalmente desolado.

- olha, talvez você não concorde comigo - a encaro sério - mais eu acho que a melhor forma de resolver isso é falando com ele sobre isso, ou só deixar pra lá  - levanto a cabeça olhando para ela incrédulo.

- tá doida!? Eu que não vou tocar nesse assunto com ele - me levanto da cama e pego meu celular na cômoda ao lado, ligo ele e vejo que havia uma mensagem e três ligações.

- então deixe pra lá isso, finja que não aconteceu - Reyna diz. Parecia ser a melhor alternativa por agora. Sinto meu telefone vibrar e vejo uma ligação, clico e vejo que era do Will.

- Ah não! Não não! - jogo o celular na cama e me jogo nela tapando a minha cara com o travesseiro.

- que foi garoto? - pergunta Reyna e sinto o travesseiro ser puxada, ela me encara confusa sem entender o meu surto.

- olha o celular - ela dá de ombros e pega meu celular vendo as ligações, a beta arregala os olhos minimamente.

- oh - vejo ela entrando no contato dele e vendo as mensagens. Se passa uns dois minutos de silêncio quando ela me entrega o celular e respira fundo e... começa a rir.

- REYNA RAMÍREZ!! PARE DE RIR AGORA!! - acabou que não adiantou nada por que ela só fez rir mais - ai meus Deus... - digo em um suspiro e olho meu celular quando vejo alguém me ligar, sem ver direito quem é, atendi. - alô? Quem-

- graças a Deus me atendeu né? Fiquei preocupado! - repreende Will do outro lado da linha.

- ah! Will!? Não sabia que era você me ligando - digo e escuto o mesmo suspirar do outro lado da linha.

- está bem, isso não é importante - ele afirma - preciso de você aqui, agora.

- por que? "Aqui" aonde? - me sento na cama, Reyna me olha confusa.

- eu estou com o Nick aqui, a professora me ligou dizendo que ele não está bem - ele suspira e de fundo eu escuto um arquejo, provavelmente de Nick - eu não sei o que aconteceu mas parece que ele começou a chorar lá na sala de aula-

- onde você está? Perto da escola? - pergunto me levantando e indicando para a Reyna me levar lá, ela também se levanta pegando a chave do carro.

- eu estou aqui na frente da escola - do outro lado da linha eu escuto um choro baixo - e melhor você vir aqui logo, o Nick não quer me deixar aproximar.

- já estou chegando aí - desligo e sigo a morena até o elevador para irmos ao térreo.

Entramos na garagem do prédio e logo avisto um carro popular preto, Reyna abre ele e entra já dando partida. Entro e sento no banco de passageiro com pressa.

O que pode ter acontecido com Nick?

Será que algum colega bateu nele? Ou talvez ele tenha comido algo que tenha feito mal a ele? Meu deuses, e se ele tiver adoecido? O que eu poderia fazer?

Sinto uma mão pousar encima da minha que estava na minha perna, levanto o olhar e vejo Reyna olhar para a estrada.

- Eu sei que você está preocupado, mas você precisa manter a calma - ela diz com a voz indiferente, mas com uma pontada de preocupação.

- Ah, eu sei disso, mas é inevitável não se preocupar e imaginar o pior - digo e como um soco, sinto uma vontade avassaladora de chorar. Reyna segue até o estacionamento de uma loja de conveniência, a olho confuso. Ela me olha nos olhos.

- Chore, você aguentou muito ao longo dos anos - só bastou isso para eu me derramar em lágrimas, tudo o que eu reprimir voltou a tona. Todas as noites mal dormidas por ter que cuidar de Nick, as vezes que eu senti que não conseguiria aguentar mais seguir em frente, e até os momentos em que Nick não queria comer a papinha.

Todos esses momentos, por mais idiotas que fossem. Em todos eles eu me senti sozinho no mundo.

- Nico, eu odeio te ver assim - Reyna fala - odeio ver o quanto você teve que amadurecer e deixar seus sonhos de lado para cuidar de Nick - eu tento olhar para ela, seus olhos estavam em mim, e neles haviam tristeza e dor.

- logo, eu também odeio Will - sua voz demonstra isso - Nico, por mais que eu tente, eu não consigo entender o por quê ele não se manteve por perto, como ele não sentiu que você estava passando por tudo isso.

Will, o pai do meu filho. Evitei tanto isso para não ficar confuso e mal, pensar nisso me faz tirar conclusões que fazem meu estômago revirar.

Eu devo considerar Will o pai do Nick?

- Bom, isso não é importante, temos que ir logo para a escola de Nick - digo enxugando o rosto.

- vai assim? - Reyna aponta par ao meu rosto, olho o meu estado pelo retrovisor do carro.

- Deuses, meu rosto está igual um tomate inchado - digo e tento abanar meu rosto numa tentativa falha de fazer meu rosto voltar ao normal.

- realmente, mas nós temos que ir logo, com o tempo volta ao normal - ela diz e dá partida mais uma vez no carro

Chegamos uns 5 minutos atrasados, desci rapidamente do carro procurando por duas cabeleiras loiras. Em questão de segundos eu encontrei eles na frente do portão acompanhados por uma professora. Corri até lá o mais rápido que pude, Nick foi o primeiro a perceber minha presença, ele veio chorando e correndo.

- Mãe! - seu chamado manhoso e trêmulo partiu meu coração, me abaixei e peguei ele no colo o abraçando o mais forte que consegui.

- Meu bebê, o que houve? Você pode contar pra mim? - seu rostinho gordinho estava vermelho e seus olhinhos inchados de tanto chorar.

- e-eu caí e machuquei o joelho - logo uma onda de choro começou, acalmei ele com batidinhas nas costas e um soltei um pouco de feromônios - eu fiquei com medo, mas você não estava lá para me ajudar, eu fiquei com medo de ficar sozinho - ele voltou a chorar, o abracei mais forte sentindo um nó na garganta se formar. Olhei para Will que estava de cabeça baixa e as mãos para trás, levei meu olhar para a professora que nos olhava com empatia, em questão de segundos senti meu corpo entrar em chamas e a raiva tomar conta de mim. Reyna tinha vindo ao nosso encontro, então entreguei Nick a ele, que o segurou e ficou o distraindo.

- por que não ligou para mim? Você sabe o quanto fiquei ansioso e desesperado achando que algo horrível tinha acontecido com ele!? - a professora me olhou com espanto e se afastou um pouco.

- Bom, você sempre está vindo aqui buscar Nick ou resolver as questões da escola, e bem, v-você parece muito sobrecarregado, e o Sr. Solace já tinha me dado o seu número caso precisasse ligar, então achei que seria bom ligar para o pai de Nick também - ela fala com nervosismo.

Pai.

- e onde você achou que seria melhor para mim!? Não precisa ligar para ninguém além de mim! Eu sou a mãe e o pai dele, você precisa falar só comigo, ninguém mais - senti minha visão embaçada e logo percebi que chorava.

- Nico, se acalme-

- Solace - respiro fundo a fim de me acalmar um pouco - agora não.

Will me olha com aquele olhar de cachorro abandonado e se cala olhando para os próprios pés.

- na próxima vez, ligue para mim - digo a professora que acena. Me viro e pego Nick do colo de Reyna e sigo até o carro, a morena pega a bolsa dele com a professora e vem atrás de mim. Escuto Will me chamar, mas escolho ignorar.

Do que adianta querer brincar de pai agora William?

☁︎ℙ𝕦𝕣𝕖 𝕃𝕠𝕧𝕖☁︎ sᴏʟᴀɴɢᴇʟᴏᵃᵇᵒOnde histórias criam vida. Descubra agora