♡ ₊ ˚ GirlRe Tales - Age Regression.

04. When I Grow Up ！

Vitória estava quietinha desde que chegou da escola àquela tarde. Estava chateada desde o começo de fevereiro por ter de trocar de escola justo em seu último ano escolar, apesar de saber que era por um bom motivo. Sua antiga escola era em período integral e ela precisava de tempo livre para realizar um de seus maiores sonhos: cursar teatro.

Aquele tinha sido um ano cheio. Com todas as provas da escola e preparação para vestibulares, ela agora mal achava tempo para regressar. Seus finais de semana - anteriormente dias sagrados para ser bebê, eram ocupados por tardes e mais tardes sozinha em seu quarto com um computador a sua frente e um copo de café do lado, mas ela não reclamava, o teatro não era o problema. Vitória tinha se achado na arte, adorava escrever, principalmente roteiros. Ambas as suas turmas organizaram peças para o final do ano. Na da escola, ela preferiu não interferir, apenas aceitou seu papel como Gato de Botas e ensaiou arduamente por meses a fio; Já com a sua turma de teatro, a história era diferente... Vitória não descansou até terminar o roteiro, passava noites em claro. Escrevia, revisava e reescrevia quando necessário, com base nas críticas e conselhos das professoras orientadoras.

Mas tudo aquilo havia acabado. Quero dizer, ela ainda voltaria para o teatro no próximo semestre, mas ainda assim sentia um estranho vazio em seu peito. Sua peça autoral foi um sucesso e lhe conseguiu o terceiro lugar na premiação dentre as quinze turmas, ela estava feliz, apesar de pensar que seu trabalho merecia um pouco mais de reconhecimento.

Naquela manhã, tinha ido para escola e, modéstia parte, achava que tinha arrasado em seu papel, recebera muitos elogios. Apesar de não gostar da escola nova, seria injusto dizer que não tinha conhecido pessoas agradáveis e até mesmo conquistado algumas amizades, e se sentia triste por saber que não dividiria mais suas manhãs com todos eles. Tiveram uma despedida digna de uma sala unida que acabara de apresentar um dos melhores shows que aquela escola já tinha visto, dançaram, cantaram e se abraçaram a manhã inteira no palco do auditório.

Uma lágrima solitária rolou pela bochecha da garotinha de cabelos cacheados.

Dara, por sua vez, preparava um lanchinho para sua pequena no andar de baixo. Estava preocupada, pois a brasileirinha não tinha falado uma única palavra no caminho de volta para casa, ficou calada e de cabeça baixa, parecendo pensativa. Pensativa demais, como a mesma julgou.

Ela conhecia seu bebê e sabia como sua pequena mente brilhante trabalhava. Vitória tinha uma capacidade admirável em organizar seus pensamentos e expôr o que sentia com facilidade. Quando ficava muito quieta, era sinal de que algo estava errado.

Sabendo disso, a loira organizou algumas das frutas favoritas de Vitória em seu pratinho cor-de-rosa: Morangos vermelhinhos muito bem lavados, bananas fatiadas, cubinhos de melancia e algumas uvas. Pensou por um momento se deveria levar algo para a morena beber, e principalmente como levar. Ela não queria implicar que Vivi deveria regressar para ser cuidada, mas não pôde evitar o pensamento de que uma regressão poderia melhorar o estado da menor, especialmente depois de tanto tempo sem se tornar um bebêzinho.

A americana respirou fundo e decidiu fazer o que achava melhor.

Preparou uma mistura de leite com nesquik de morango e a despejou numa mamadeira nova de vidro que Vitória recebeu de presente de um amigo, ela tinha uma linda estampa de patas de gatinho espalhadas pelo recipiente.

Com tudo pronto sobre a bandeja de madeira, a mamãe subiu as escadas. Achando a porta do quarto fechada, teve de equilibrar tudo em uma só mão para girar a maçaneta. A cena que encontrou do outro lado a partiu o coração.

Vivi estava de costas para ela, sentada no chão com seus livros da escola espalhados em sua frente. Suas mãozinhas no rosto enquanto chorava baixinho, quase como se tivesse medo de incomodar alguém.