Manifest

CAP 12

Assim que cheguei perto da sala de jantar escutei risadas da minha tia, é bom vê-la rindo. Sentei novamente e ela sorriu levemente para os outros:

- Ela não queria justiça, queria vingança.

Algo mudou depois daquela frase. Tia Mick fechou o pequeno sorriso que tinha, parecendo mastigar e refletir sobre as palavras que disse. Coloquei a minha mão em seu ombro:

- Está tudo bem? O que foi?

Ela levemente arqueou as sobrancelhas

- Preciso ir...
- Sério? Tenho sorvete.
- Foi bem legal... Pessoal, obrigada. Vem Mel.
- tá... * meu constrangimento era claro, será que ela estava ouvindo o coração? *

Ela chamou um carro para nos levar para casa , me despedi rapidamente de Lourdes e Jared. Ambos sem entender a situação. Já no veículo, minha tia estava ansiosa e estressada, batendo o pé . Na porta de casa, ela hesitou entrar:

- Mel, eu preciso ir em um lugar, não fala pro seu pai. Eu volto logo. Ok?
- Você ouviu as batidas de coração?

Ela abriu a boca pra falar, mas também hesita :

- Eu vou resolver isso. Fica aí.

Ela saiu rapidamente. Acho que apenas Cal, Olive e a mamãe estão em casa, eu estava subindo as escadas, mas ouvi risadas no quintal. Abri um sorriso, meus irmãos devem estar lá.
Caminhei até a porta do quintal, mas percebi uma figura desconhecida na parte de fora da cerca, recuei rapidamente, ainda com um sorrisinho confuso, a porta de vidro não é uma boa opção para se abafar sons, dava para ouvir tudinho, olhando melhor, parece o homem que OL me descreveu uns dias atrás. Suponho que seja um tal de Danny :

- Dan, preciso entrar logo, Ben e Mel vão chegar.

Ele riu:

- Mas é uma esposa tããão atenciosa...

"Danny" sorriu...

E depois a puxou para seu corpo... Mamãe o encarou, e depois puxou a gola de sua camisa para um beijo.

...

Minha MÃE O BEIJOU! Não foi ele, nem ninguém a forçou. ELA BEIJOU.

Meu sorriso se desfez mais que automaticamente. Fazendo meus olhos se embaçarem com 1 ou 2 lágrimas acumuladas. Recuei e subi as escadas. Direto para o meu quarto . Meus irmãos estavam todos enfiados em seus celulares e tablets em outro cômodo. Lágrimas inconvenientes desciam dos meus olhos. Eu me esforço para contê-las, mas não consigo. Não dá.
Enfio a cabeça no travesseiro para que minha mãe não ouça meus soluços.

Ela FALOU que ia consertar. Então por que? Por que ela fez isso? Por Danny?

Ela não ama mais meu pai?

Estava tarde, meu relógio marcava 23:36. Em meio aos soluços e meus pensamentos, adormeci

-•-

  Acordei sem nem olhar para o relógio, mas estava cedo. Tomei um longo banho, massageando meus cabelos e os hidratando, por fim escovei meus dentes e coloquei um vestido preto com uma sapatilha cor-de-vinho. Sem me esquecer de por uma fita preta em meu cabelo, parecendo uma tiara.
  Desci as escadas e fui até a cozinha, comi um pão com queijo e bebi leite. não falei com ninguém. Meu pai me encarou por minutos até eu colocar meu prato e o copo na lava-louças.
  Ele colocou o polegar sobre meu queixo e o virou, fazendo com que eu olhasse para ele:

- Filha, você tá bem? Seus olhos estão vermelhos, voce chorou??

O encarei nos olhos: