CAP 19

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Cal estava me guiando, andávamos cada vez mais e nos afastamos rápido de casa, meu irmão não parecia estar com medo de andar nas ruas de Nova York à noite, sou realista, e, por incrível que pareça, desta vez não estou com medo.

Cal tentou pegar na minha mão para atravessar a rua, mas a afastei.

- qual é Mel, só pra atravessar a rua. É perigoso.

- Não tô muito afim de toque Cal.

Meu irmão parece irritado, mentira, ele tá muito irritado. Cal bufou, sem paciência.

- Por que você veio assim? Não é de socializar com quase ninguém, fica com cara feia pros outros e às vezes nem fala direito, a gente não pode nem encostar um dedo no seu cronograma que você surta, não se expressa. Quando você tinha uns 2 anos nem respondia quando a gente te chamava. Credo, você tem algum defeito. É  só pra atravessar a rua sua surtada.

Fiquei parada na calçada, realmente, deve ter algo de errado comigo, eu sei que não sou tão agradável com gente que eu não tenho laços afetivos.

Cal ficou parado também, me olhando. Por fim me dei por vencido e deixei ele pegar a minha mão, mesmo me sentindo incomodada e desconfortável, é, tem dias que não estou afim de toque mesmo.

- Vai demorar muito Calamender? Você tá tremendo de frio.

- Não vai demorar, já já chegamos.

Depois que meu irmão falou isso, ficamos quietos e ele me guiou por mais 20 minutos, saindo de Nova York até um bosque. Pera lá, UM BOSQUE?

- Cal, por que a gente tá num BOSQUE? Não, melhor ainda, por que a gente vai ajudar um homem quase virando um cubo de gelo que a gente nem sabe quem é num BOSQUE??

- Eu vou lá saber, mas é por aqui.

Adentrando ainda mais a floresta que estávamos, chegamos em uma cabana toda estrupiada, ele entrou na cabana primeiro, colocou a mochila no chão e depois pegou a mochila que estava nas minhas costas e também colocou no chão. Eu entrei e ajudei meu irmão a tirar todas as coisas das mochilas e colocar em cima de uma mesa que tinha lá.

Eu bocejei de sono, não vou conseguir ficar acordada muito tempo.

Cal se sentou no chão, olhando fixamente para a porta.

- Cal

- Oi

- Você sabe quando ele vai vir? O nome dele é Zeke né?

- Puts, pior que não sei falar que horas ele vem, mas sim, o nome dele é Zeke.

- Só espero que não demore, tô morta de sono.

- Olha, se você quiser dormir, fica à vontade, qualquer coisa eu te acordo.

- Tá.. Am.. Obrigada, eu quero.

- Mel? - Cal disse, com a voz suavemente séria -

- Oi?

- Você sabe que, depois que a gente voltar pra casa, aquele lugar vai virar um alcatraz né?

- Por que?

- Você já basicamente saiu de casa sem permissão ou aviso umas cinco vezes, o papai e a mamãe vão te matar. E vão me matar também, já que eu também não sou um santo e com certeza vão falar que não era pra eu deixar você ir e blá blá blá. Então se prepara, que a gente vai ouvir um monte.

Ergui as sobrancelhas, o pior é que o Cal tá certo, suspirei e sentei ao lado dele, usei a mochila menor como um travesseiro e fechei os olhos.

Nossa, apaguei completamente, nem sonhei com nada, apenas dormi bem gostosinho. Acordei sendo chacoalhada pelo Cal.

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