You drew stars around my scars...

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Henry's POV:

(Passado)

Acordo com o despertador berrando em minha cômoda, mais um dia para viver no automático. Acho que posso definir minha vida assim, automática.

Minha mãe sempre pergunta o motivo pelo qual eu fico assim, mas não sei responder. A morte do meu pai foi um baque grande e irreversível, mas a parte de esconder a minha sexualidade também faz com que eu sinta que ninguém me ama verdadeiramente, ja que ninguém me conhece de verdade. É ainda mais difícil quando se é um adolescente e todas as porras dos seus hormônios estão à flor da pele e você não sabe o que fazer.

Mas graças à escola, eu também não tenho muito tempo para ficar me lamentando, já que tenho que correr com tudo e chegar naquele inferno no horário, ou vou ficar para fora e isso vai me render horas e horas de conversa com a minha mãe, com ela chorando e me perguntando o que eu preciso para melhorar. A situação já é merda o suficiente, mas acho bom acrescentar que tenho dois irmãos mais velhos, Phillip e Bea.

Phillip é um imbecil arrogante, saiu de casa cedo e montou a típica família tradicional e acha que o mundo gira em torno daquele umbigo nojento dele e daquela esposa chata e sem sal. Mas a verdade é que ninguém liga pra nada que diz respeito à esses dois. Eu mesmo só tenho contato porque ele é meu irmão e, mesmo com meus pedidos e de Bea, minha mãe não quer deserdar ele.

Bea é uma princesa e minha melhor amiga, a única que sabe sobre minha sexualidade e sempre tentou me ajudar com a minha mãe, mas nos últimos meses as coisas mudaram muito, ela saiu de um relacionamento tóxico que levou toda sua vida e brilho embora, e o pior é que ela não mora com a gente mais, então minha mãe tem dois filhos depressivos e um deles ela não consegue ajudar diretamente.

Mas vamos ao que (não) interessa, meu dia na escola. Em resumo, eu jurei que ia chegar e tudo ia ser normal mais uma vez, mas a presença de um garoto novo, chamado Alex, mexeu na minha rotina. Em toda a minha vida eu jamais tinha me deparado com tamanha beleza, ainda mais vinda de um adolescente. Me senti uma grande ameba perto daquele garoto que me roubou o coração com um sorriso.

– E ai -disse sentando-se ao meu lado e abrindo um sorriso enorme- Vai ficar só me secando ou vai se apresentar?

Não consegui esconder minha incredulidade com as falas do garoto, mas não deixei que ele me constrangesse.

– Sou Henry e eu não estava te secando.

– Eu sou o Alex, e eu sei que estava -piscou pra mim- sua sorte é que eu também achei você um gato.

Olhei no fundo daqueles olhos que me encaravam com ansiedade, estava tremendo de nervoso mas não queria deixar transparecer.

– Aqui não é lugar.

– Hummm, então você não é assumido, cariño? Entendi tudo -não estava entendendo qual era a dele, mas estava me deixando nervoso- Vamos fazer o seguinte então, eu paro de te perturbar se você me passar seu número e sair comigo hoje a noite.

– Tudo bem, mas não vou prometer sair porque tenho mãe e não sei se ela vai deixar. Agora me deixa em paz.

Passei o número para o moreno e me virei pra frente, mas senti olhares do mesmo durante toda a aula e pensei que mal (ou muito bem) eu tinha feito pra isso me acontecer.

Horas mais tarde...

– Então, como você convenceu sua mãe?

– Nem precisei pedir direito, qualquer coisa que me tire de casa é bom pra ela.

– Sorte sua que a "coisa" -disse fazendo aspas com as mãos- é linda e gostosa.

Olhei bem para o moreno, ele estava vestindo uma camisa vintage, calça jeans clara e uma bota. Em qualquer outro ser humano existente, aquela camisa ficaria ridícula, mas em Alex eu tinha a impressão que se ele vestisse uma sacola de supermercado ainda ficaria impecável. Seu sorriso reluzia no ambiente e dentro daquele carro eu me sentia estranhamente seguro e confortável.

– Agora me conte mais sobre você, Henry. Você tem algum conteúdo ou só o cabelo loiro, essa pinta sexy e o corpinho gostoso? -eu ri-.

– Sou bem mais que isso, mas não sei se quero te contar.

Não sei como e nem em que momento ele conseguiu tirar todas as informações da minha vida, mas no final da noite com os lábios do cacheado nos meus, eu sentia que ele tinha chegado para mudar tudo.

Algumas semanas depois...

Alex e eu estávamos cada vez mais próximos, eu sentia que ia pra frente, mas pra isso eu precisava tomar uma decisão muito difícil. Me assumir para minha mãe seria um passo muito grande e eu precisava ter certeza de que Alex era a pessoa certa antes de fazer algo.

– Darling, precisamos conversar -disse quando ele se sentou ao meu lado na sala-.

– Quanto amor, Henry. Fico feliz por você querer saber como eu estou -sorriu- mas não quero conversar agora, algo me diz que é importante e eu quero que você me fale mais tarde.

– Mais tarde? -contestei-.

– Sim, você vai la pra casa hoje e vamos assistir um filme juntos, e não aceito não como resposta. -se virou para frente e me ignorou quando tentei contestar-.

(...)

Fiquei inquieto durante todo o filme e Alex percebeu, estava me sentido muito ansioso pois não sabia se ia parecer que eu estava emocionado, mas nas últimas duas semanas eu e Alex vivíamos grudados, tínhamos saído para vários lugares, fiquei bêbado pela primeira vez. Meu programa favorito tinha se transformado em ficar no carro dele assistindo o pôr do sol e nos beijando.

– Vamos logo, Henry. Fala o que está te incomodando porque sua perna vai sair do corpo de tanto tremer.

– Ok. Eu tomei uma decisão, mas antes de fazer eu preciso saber se é de verdade mesmo e se vale a pena correr todo esse risco -disse aflito, sem conseguir olhar para o moreno- eu... eu nem sei o que dizer, Alex. Mas -hesitei- eu queria me assumir, pelo menos pra minha mãe. Só que eu não quero que ela ache que eu estou perdido novamente e que vou precisar de mais tratamento e...

– Cariño, calma -ele disse, puxando meu rosto para si- é óbvio que isso aqui é real. Desde que eu te vi naquela sala, me encarando com esses olhos, eu quase morri -suspirou- eu sabia que você seria importante, e eu estou do seu lado -ele sorriu lindamente- estaremos juntos nessa, baby.

Eu sorri para aquele garoto de cabelos cacheados e de um sorriso impecável. Dali em diante, eu sabia que podia confiar nele pois ele nunca seria capaz de partir o meu coração.

broken • alex & henryOnde histórias criam vida. Descubra agora