Como Não Sobreviver ao Campo - Richard Ríos

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★¸.•☆ NÃO ESQUEÇAM DE DAR ESTRELINHA ★¸.•☆

★¸.•☆ ALEX FONSECA

Segundo o dicionário do Google, propósito é uma intenção de fazer algo, um projeto; aquilo que se busca alcançar, um objetivo, finalidade, intuito. Muitos dizem que só vivemos por um propósito, "o propósito da vida", "o propósito de Deus", que todos precisam de um motivo para continuar a viver, um incentivo. Por outro lado, o Morty, de Rick and Morty, diz: "Ninguém vive por um propósito, ninguém pertence a nenhum lugar e todo mundo vai morrer. Vem assistir TV", poético, eu sei.

O ponto é que, apesar de eu não saber o meu verdadeiro propósito, não ter um sonho idealizado como a maioria das pessoas, não traçar metas e objetivos que deixariam qualquer um com orgulho, eu consigo ver o propósito de cada pessoa na minha vida, que seja ligado a mim. Por exemplo: Endrick entrou na minha vida com o propósito de me dar orgulho, Veiga e Piquerez para me fazerem rir até quando o Palmeiras perde, e o Abel é marcado na minha vida como o Salvador da pátria. Apesar de muitos entrarem na minha vida por motivos e finalidades boas, há aqueles que entram para me fazer mal e me fazer querer gastar o meu réu primário, como Richard. E a tia Leila.

Desde que comecei a trabalhar no CT, a única função dele (Richard) passou a ser me perturbar, roubar minhas câmeras, me assustar toda madrugada que eu passo editando vídeo - da última vez a minha pressão até caiu de tão grande que o susto foi. Tudo nele me irrita, absolutamente tudo, até a sua respiração, o jeito que ele pisca, sua forma de sorrir sempre com um canto da boca um pouco mais alto, suas tatuagens são irritantes, os brincos, o jeito que seus dentes são exageradamente brancos, sua forma de enfaixar os dedos para jogar, a imagem do seu pomo-de-adão se mexendo sempre que ele bebe água no meio do treino. Sua forma engraçada de sorrir para a câmera e me cutucar para fazer cócegas. Eu odeio saber de tudo sobre ele e ele sabe disso.

Sabe que tudo nele me irrita. Ele sabe que eu presto atenção nos seus mínimos detalhes. Ele sabe que eu reparo nele. Ele sabe que eu me sinto atraída e usa isso a favor dele, jogando o seu flerte furreca e suas cantadas ruins improvisadas.

Talvez Richard Ríos fosse o maior canalha que eu conheci na minha vida. E o propósito dele aqui é me perturbar, eu não tenho dúvidas perante a isso.

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Estava escorada na parede bebendo água enquanto observava Stella, a estagiária, conversar com os seus parceiros de equipe. De um tempo para cá eu criei um monstro, ela estava pior do que eu nas exigências, fazia questão de checar cada aparelho e até mesmo as fotos para a aprovação do marketing do time. Ela virou o terror do sub-20 que treinava aqui três vezes na semana, eu tinha até pena dos rapazes nos dias de TPM da mais nova, é cada berro que qualquer um se assusta. São 1,70 metros de pura braveza.

— Alex, vem cá! — A menina gritou um pouco afoita, o que me fez andar mais rápido do que as minhas pernas permitiam. Ela apontou para a câmera nova que estava ligada, mas a pequena telinha estava completamente preta.

Afastei ela e alguns jogadores que tentavam entender o que estava acontecendo, suspirei mexendo em todas as configurações do aparelho até pensar no mais provável: Stella não havia retirado o tampão de proteção da lente. Ela riu sem graça, apesar de tudo, ela continuava sendo uma adolescente inexperiente.

Era mais uma tarde de treino intenso para uma nova rodada do Brasileirão, mas os rapazes não pareciam estar muito nervosos, já que mais faziam doce do que realmente treinavam. Apesar da lesão de Gabriel Menino, eles não pareciam muito abalados, visto que tinham ganho o jogo contra o Coritiba e estavam seguros com o jogo que teriam contra o São Paulo em um dia. A lesão do volante não foi das piores, mas com certeza não foi pouca coisa, já que a fratura o levou a uma cirurgia no mesmo dia do jogo. Era uma pena não ter ele fazendo gracinhas no treino de hoje.