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¸.•☆ NÃO ESQUEÇAM DE DAR ESTRELINHA ¸.•

¸.•ALEX FONSECA 

Deveria ser a décima quinta vez que eu assista a primeira coletiva de imprensa do Abel Ferreira e continuava sendo a mesma emoção, mesmo que já fizessem três anos desde que fora transmitida. Gabriel Menino estava com a cabeça no meu colo enquanto eu fazia carinho em sua cabeça, ele roncava baixinho tendo alguns espasmos às vezes, o que me fazia segurar o riso e filmar sempre que pudesse. Eu sou apaixonada nessa criatura.

Passamos grande parte da tarde assim, deitados e dormindo, ou mexendo no celular e bebendo cerveja como se eu não fosse fraca para beber.

— Arranjei um emprego para você. — Gabriela abriu a porta da minha sala de forma bruta me fazendo gritar em desespero enquanto meu cachorro latia descontroladamente — Esse cachorro sempre esquece que me conhece? Toda vez que eu venho para cá ele late como se eu fosse uma estranha.

— Talvez você devesse começar a bater na minha porta igual a todo mundo, e não invadir minha casa — Expliquei puxando Gabriel para o sofá novamente. — Xiu, Menino! É só a Gabi.

Gabriel menino é o meu cachorro, um Golden Retriever. A história do porquê do nome dele ser esse é simples: era dia 16/09/2020 e eu falei para mim mesma que se o Gabriel Menino marcasse o seu primeiro gol contra o Bolívar eu pegaria um dos filhotes que minha vizinha estava doando e, no exato momento que o jogador goleou, um dos filhotes começou a latir e uivar como se comemorasse.

O problema é que esse nome já me deu muita dor de cabeça porque, ou achavam que eu tinha um filho, ou pensavam que eu namorava com o jogador do palmeiras - o que não seria ruim, na verdade, seria bem incrível.


Além de ser minha amiga, Gabi fazia alguns bicos de assessoria para mim quando eu passava muito tempo sem procurar algum evento para cobrir ou casamentos para ser fotógrafa; me formei em fotografia na América do Norte, lugar onde passei grande parte da minha vida, tanto é que não havia muito tempo que estava no Brasil - apenas um ano e três meses, para ser mais exata - e agora desfrutava do meu diploma e belo portfólio, onde coleciono fotos desde a minha adolescência.

— Bom, sobre o emprego — A ruiva tinha um pote de frutas lavadas na mão e um garfo na outra, estava sentada na minha ilha com as pernas cruzadas. Me apoiei no sofá de forma que pudesse observá-la melhor, já que a cozinha era integrada com a sala de estar e o hall da casa. — Consegui ele há uns dias, mas esqueci de avisar. Então se arruma, porque você começa em quatro horas. Foi difícil de conseguir, mas você é a mais nova fotógrafa oficial do CT Alviverde. E por favor, não se atrase.

Fiquei alguns segundos encarando-a, era muita maldade brincar com um lance desses. Ela falou tudo numa naturalidade que me irritou. Desde que me formei, tento me candidatar à vaga, mas sempre sou negada. Não é possível que ela tenha conseguido tão facilmente.

— Sabia que é feio brincar com os sentimentos dos outros, Gabriela Martins?

— Eu não estou brincando, Alex Fonseca. — A encarei por mais alguns segundos antes de soltar um gritinho estridente e abraçar o meu cachorro que parecia mais animado do que eu, apesar de não entender a situação.

— Meu Deus, sério? Tipo, como!? — Corri para abraçá-la e ela fugiu, ela está mais para o gato preto da relação que detesta qualquer tipo de toque físico. Me apoiei na ilha a olhando com admiração.

— Os meus contatos tem alguns contatos que conversaram com contatos de outro contato que tinha o contato da Leila, o resto foi só bimba! — Explicou e eu não questionei nada, ela é tipo de uma máfia da assessoria, deve conhecer o mundo inteiro. — Você vai passar grande parte dos seus dias com o elenco da porcada, então, por favor, não vá com os seus shorts jeans e nem sua havaianas, eu gostaria de manter a minha imagem de assessora séria que só indica contatos sérios também.

Como Não Sobreviver ao Campo - Richard RíosOnde histórias criam vida. Descubra agora