— Ihhhh. – Leonardo murmurou assim que ergueu a cabeça de seu livro, quando viu o colega entrando pela porta do apartamento, com uma expressão derrotada e muito desanimada. — Que cara é essa? Não conseguiu?

Em cheio.

— Eles falaram que vão entrar em contato. – Se jogou no sofá, soltando um longo suspiro cansado. — Mas eu vi na cara dela que ela não gostou do meu currículo e nem da minha personalidade. Tenho certeza que não consegui o emprego.

— Poxa. – Ele murmurou chateado pelo mais alto. — Sinto muito.

— Tudo bem. Eu já sabia que iria ser assim. – Ele esfregou as mãos com força pelo rosto, sentindo a cabeça doer. — Demora para alguém no meu ramo conseguir emprego tendo poucos anos de experiência. Só consegui o último, e único, porque meu pai tinha contato com um amigo e ele me cedeu a vaga enquanto não achava alguém mais experiente.

— Logo algum lugar vai te chamar e vai ser o melhor emprego da tua vida, tenho certeza. – Leonardo apertou o ombro do mais velho, que girou a cabeça para o olhar e esboçar um sorriso fraco, mas agradecido.

— E você? Como anda as provas? – Quis saber também e foi a vez do mais novo fazer uma careta.

— Elas são bem difíceis. Como meu intercâmbio vai ser para Tokyo, eu preciso ter o inglês fluente e 2/3 do japonês para não acontecer nenhuma merda comigo lá, eles pegam bastante pesado. Eu tô há três anos tentando um lugar, mas outras pessoas sempre saem com notas melhores que eu e elas acabam indo no meu lugar. – Ele fez beicinho automaticamente e Anderson riu baixinho. — Mas não vou desistir. Eu amo Tokyo, amo o Japão. A cultura japonesa sempre me instigou e fascinou muito, sem contar que minha namorada também está lá.

— Namorada? – Anderson ergueu as sobrancelhas, descrente. — Você tem namorada? – Ele nunca tinha falado dela.

— Claro que tenho. – Ele bufou. — Ela só não me conhece ainda. – Não teve jeito, Anderson caiu na risada, tampando o rosto com as mãos.

— Não me diz que é aquela menina lá do grupo de Kpop que você é fascinado. – Ele o olhou divertido e Leonardo sorriu travesso. — Cara, que viagem é essa?

— Quando eu me casar com a Sana, você vai engolir essas palavras. – Apontou o dedo na cara dele. — Ela é o amor da minha vida! Moros sempre junta as almas gêmeas.

— E você é a alma gêmea dela? – Ele continuou rindo, achando engraçado como ele realmente levava aquilo a sério.

Ele não era tão chegado assim no seu colega de apartamento, porque eram muito diferentes, seus gostos quase nunca batiam, mas se tinha uma coisa que não podia deixar de notar, mesmo se nunca nem tivessem se falado na vida, era o quão sonhador Leonardo era.

— Quem sabe? – Ele empinou o nariz, voltando a abrir seu livro. — Todo mundo tem uma alma gêmea, Anderson. E vai por mim, todo mundo encontra ela algum dia. Alguns mais cedo, outros mais tarde. O Destino age de formas misteriosas, mas nunca cruza uma vida a outra sem motivo.

— Entendi. – Se levantou ainda rindo, indo até o balcão que dividia a sala da cozinha para pegar a lista que estava ali em cima, com o seu nome gritante.

— Aonde você vai? – Perguntou curioso.

— Encontrar minha alma gêmea. – Ele brincou, abrindo a porta do apartamento. Leonardo arregalou os olhos.

— Sério? Você acredita em mim?

— Não, cara. – Ele riu mais um pouco, sacudindo o papel para o outro ver. — Eu tô indo ao mercado. Esse mês é por minha conta, lembra?

Nossa vez - Amarson/Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora